Cade aprova união Ultragaz e Supergasbras para construir terminal de gás no Ceará

Cade aprova união Ultragaz e Supergasbras para construir terminal de gás no Ceará

A parceria é para obras, desenvolvimento e exploração, com movimentação e armazenagem portuária de GLP no Complexo do Pecém, em um projeto de R$ 1,1 bilhão

A união entre as empresas Ultragaz e Supergasbras (SGB) para a construção do terminal de R$ 1,1 bilhão de gás liquefeito de petróleo (GLP), no Ceará, foi aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Em suma, a autarquia federal analisou a criação de uma sociedade de propósito específico (SPE). 

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

A parceria é tanto para obras, como para o desenvolvimento e a exploração de nova infraestrutura greenfield é um termo que se refere a um projeto que começa do zero, sem restrições impostas por trabalhos anteriores.  de movimentação e armazenagem portuária de GLP no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), em São Gonçalo do Amarante. 

A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 3 de abril. 

Na análise, o Cade considera os impactos concorrenciais horizontais e verticais desta operação nos mercados de serviços portuários e distribuição de GLP.

O projeto no Ceará terá capacidade de armazenamento de 61.900 toneladas ou 123.800 metros cúbicos (m³) de GLP, com conclusão prevista para 2028.

Os acionistas da joint venture Ultragaz e Supergasbras Energia entram cada uma com 50% do capital social.

Em nota ao O POVO, a Ultragaz frisa que o acordo seguirá o rito de avaliação do órgão e próximas fases até a aprovação final do projeto.

"A companhia destaca que o empreendimento tem como objetivo atender a todos os participantes do mercado e favorecer o desenvolvimento do setor em todo o País."

Já a Supergasbras ressalta, em comunicado, que o empreendimento tem como objetivo acolher demais participantes do mercado, melhorar a infraestrutura no Nordeste brasileiro e impulsionar o desenvolvimento do setor no Brasil.

O projeto no Estado ainda visa viabilizar a importação de GLP por meio de navios do tipo VLGC (Very Large Gas Carrier), que possuem maior capacidade de tancagem e menor custo logístico.

Isso pode permitir a importação de GLP a um custo mais baixo e tornar o terminal mais atrativo para seus futuros usuários.

Outro ponto que o Cade traz no parecer positivo é que o terminal visa atender à demanda não só da Ultragaz e da SGB, mas também de qualquer empresa interessada em contratar serviços de movimentação e armazenagem de GLP.

E um foco importante resultante dessa parceria será aumentar a capacidade de movimentação e armazenagem de gás para o Nordeste, hoje dependente de importação do combustível.

Afora que hoje é uma operação comercial majoritariamente realizada por meio do navio-cisterna da Petrobras baseado no Porto de Suape, em Pernambuco.

Sobre a joint venture, o acordo prevê que a SPE seja gerida de forma independente de seus acionistas, Ultragaz e Supergasbras, de olho na maximização dos resultados da operação do terminal.

O documento também estabelece regras de governança específicas para a sociedade, visando assegurar essa gestão autônoma.

O POVO procurou o Governo do Estado por meio da Companhia do Cipp (Cipp S/A) e aguarda retorno sobre o andamento do projeto após essa decisão.

Entenda sobre o mercado de gás

Comumente referenciado como gás de cozinha, o uso do GLP não se limita à cocção de alimentos. Ele também é utilizado para aquecimento residencial, transporte, uso petroquímico e industrial.

O GLP é produzido principalmente em refinarias, centrais petroquímicas (CPQ) e unidades de processamento de gás natural (UPGNs). 

Mas a produção de GLP no Brasil é concentrada em refinarias. Em especial, as localizadas no Sudeste, responsáveis por 66%.

Hoje, os empreendimentos no Nordeste equivaleram a 13% da fabricação de GLP no Brasil em 2023.

Para a Região, o produto advém sobretudo da Bahia, que acumula 10,2% da produção total nacional, por meio da Refinaria de Mataripe.

Vale salientar, ainda, que o Cade mostra que a fabricação nacional de GLP não é suficiente para abastecer a atual demanda doméstica.

“Entre 2014 e 2021 houve uma queda na representatividade da produção nacional frente a oferta: 73% da oferta em 2014 para 70% em 2021. Entretanto, a partir de 2022, houve um aumento da produção nacional que passou a representar 79% da oferta em 2023. Assim, há relevante papel da importação para o suprimento de GLP ao mercado nacional”, frisa a autarquia, no parecer. 

O Cade acrescenta ainda que a Petrobras é o agente responsável pela maior parte do volume de GLP ofertado no Brasil nos últimos anos.

A empresa provê isoladamente mais de 90% da oferta nacional, por meio de produção doméstica e da importação. Para se ter ideia, em 2023, aproximadamente 91,9% das importações de GLP foram realizadas pela estatal.

Atualmente no Brasil, as importações do gás ocorrem sobretudo pela via marítima e estão concentradas nos portos de Santos, em São Paulo, e Suape.

Entre 2017 e 2019, estes portos representaram pelo menos 98% do total importado no País, percentual que diminuiu de 95,6% em 2020 e para 86,9% em 2023. Neste último ano, o Porto de Suape registrou 73,2% do total comprado.

Mercado de GLP no Ceará

O parecer do Cade também analisou o mercado de GLP no Ceará, mostrando que o volume envasado distribuído pela Ultragaz foi de 20,83% do total em 2022, enquanto a SGB foi de 8,88%.

Já o montante à granel distribuído pela Ultragaz foi de 30,95% do total em 2022 e o da SGB foi de 12,14%.

Portanto, devido a este cenário apresentado, a autarquia descartou a capacidade de fechamento do mercado na distribuição de GLP envasado.

No que se refere ao mercado de distribuição de GLP à granel, este costuma ser bem menor que o envasado (em 2022 o granel foi de 13% do envasado). Além disso, sob a ótica da demanda, o Cade diz que existe um único mercado de GLP no atacado para distribuidoras.

Conforme descrito pelas empresas no relatório, o volume total de GLP distribuído no Ceará corresponde a 25,26% da capacidade do terminal da SPE.

“Isso confirma que a área de influência do terminal será mais ampla do que apenas o Estado”, disse o Cade em parecer.

Mais notícias de Economia

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

investimentos ceará combustíveis governo elmano

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar