Aeris projeta prejuízo de até R$ 380 milhões no 1º tri de 2025, mas ações sobem 8% na B3
Após a fabricante cearense de pás eólicas divulgar resultados desafiadores em 2024, lançou projeções de um contexto difícil também para 2025
Fabricante cearense de pás eólicas, a Aeris projetou, nesta quarta-feira, 26, um prejuízo líquido ajustado de R$ 350 milhões a R$ 380 milhões para o primeiro trimestre de 2025, após divulgar resultados desafiadores em 2024, na noite de terça-feira, 25.
Com ações negociadas na bolsa de valores brasileira (B3), os papéis da companhia (AERI3) estão, no entanto, entre as maiores altas do dia, subindo 8,78%, por volta das 11h05min. Ela abriu o pregão em queda de 2,44%, a R$ 4, e reverteu o cenário depois.
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"As expectativas já eram muito baixas e todo mundo se posicionou antes do evento, no caso o balanço, apostando na queda das ações. Quando saiu o evento, confirmando a expectativa, realmente um balanço muito fraco, os investidores compraram suas posições vendidas causando esse fluxo de alta", explicou o especialista em investimentos da GTF Capital, Artur Horta.
Aeris: queda na receita e queima de caixa à frente
A estimativa é que a receita líquida da empresa fique, em média, em R$ 750 milhões nos primeiros três meses deste ano. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês), negativo em R$ 25 milhões a R$ 35 milhões.
A queima de caixa da fabricante também deverá ficar na ordem dos R$ 210 milhões no período, enquanto o resultado financeiro é estimado em R$ 260 milhões negativos aproximadamente. Os dados, porém, não necessariamente se concretizarão.
“As projeções ora divulgadas foram elaboradas a partir de previsões sujeitas a riscos e incertezas correntes de mercado, tendo sido realizadas com base em crenças e premissas da administração da companhia, de acordo com as informações disponíveis”, disse.
Renegociação de dívidas da Aeris avança
A renegociação de dívidas com bancos e debenturistas – investidores que “emprestam dinheiro” em troca de juros – está em fase avançada de negociação, conforme a empresa. Em janeiro, ela já havia conseguido um acordo para adiar em até 60 dias os pagamentos.
O diretor financeiro (CFO, em inglês) e de relações com investidores da Aeris, José Azevedo, relatou que a primeira ação da empresa com a queda da demanda foi iniciar a renegociação para adequar as principais dívidas ao fluxo de caixa, olhando para o futuro.
Relembre a questão da renegociação de dívidas da Aeris aqui.
Aeris tem prejuízo de R$ 934,1 milhões em 2024
As informações chegam após a divulgação dos resultados da Aeris em 2024, que contou com um prejuízo líquido de R$ 934,1 milhões, 776,5% maior que as perdas registradas em 2023, de R$ 106,6 milhões, em meio a um contexto desafiador do setor eólico.
O resultado foi impactado em R$ 751 milhões pela redução no valor recuperável de ativos (impairment, no jargão do mercado), que resulta da descontinuidade de três contratos com as empresas Siemens Gamesa, Nordex e WEG.
Deste total, R$ 505,4 milhões referem-se a estoques, R$ 213,2 milhões a provisões para perdas, e outros R$ 32,3 milhões foram considerados intangíveis.
Esta última cifra decorre do phase out de um projeto encerrado (interrupção de projeto), que inicialmente previa a entrega de 1.168 pás. Foram entregues, porém, apenas 440.
Entenda a crise que afeta a Aeris
Em mensagem direcionada ao mercado, ele explica que, desde 2022, houve uma redução significativa nos contratos, especialmente no mercado livre, que hoje representam mais de 90% das contratações.
Isso impactou a produção industrial, já que, sem novos contratos, os geradores não instalam parques reduzindo a demanda da indústria de pás.
"Após o apagão em agosto de 2023, se intensificou ainda mais, o que reacendeu durante o ano de 2024 o debate sobre o 'curtailment' (cortes na geração de energia) de fontes renováveis, principalmente da energia eólica", afirmou o presidente.
Ele reforçou, ainda, que a combinação com uma taxa de juros elevada gerou incertezas que levaram à suspensão e encerramento de alguns projetos.
Outros dados do balanço da Aeris
De acordo com o balanço, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, da sigla em inglês) apresentou queda de 58% quando comparado a 2023, caindo de R$ 330,3 milhões para R$ 138,8 milhões.
A receita operacional líquida somou R$ 1,52 bilhão. Redução de 46,5%.
A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, fechou o último trimestre de 2024 em 8,6 vezes. Em igual período de 2023, era de 1,9 vez.
Estratégias para recuperação da Aeris
Impactado pela descontinuação de parte dos contratos, o mercado doméstico respondeu por 31,3% da receita no último trimestre de 2024.
De julho a setembro, o porcentual era de 81,2%. Já as pás para exportação aumentaram sua participação para 31,8%, frente a 1,4% no trimestre imediatamente anterior.
Os serviços também aumentaram a participação: de 15,7% no terceiro trimestre para 26% no quarto trimestre.
Como estão as linhas de produção da Aeris?
Em relação às linhas de produção, o ano foi finalizado com um portfólio de sete linhas das quais cinco são maduras.
Para este ano, a empresa sinaliza que parte da sua estratégia está centrada na renegociação de dívidas, com prazos maiores e revisão de termos financeiros, com expectativa de conclusão para o final do primeiro trimestre.
Além da expansão da unidade de serviços, reforçando a presença nos EUA e na América Latina, aumentando a oferta de serviços especializados para clientes internacionais e em uma atuação mais próxima junto ao Governo e entidades do setor para fortalecimento do mercado de energia eólica.
*Com Agência Estado
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