Reino Unido deve liberar exportação de camarão brasileiro em janeiro, diz Abipesca
Setor aguarda conclusão do laudo técnico de autoridades britânicas para reabertura do mercado, diz vice-presidente da Abipesca, Cristiano Maia
A exportação de camarão brasileiro para o Reino Unido pode ser liberada ainda em janeiro, segundo o maior criador de camarão do País e vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), Cristiano Maia.
O camarão foi impedido de ser exportado para a Europa em 2018, quando foram encontradas desconformidades em um navio de pesca em Santa Catarina, o qual não estava associado ao crustáceo de cativeiro, mas ocasionou a penalização de todos os exportadores brasileiros.
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Após inspeções realizadas no segundo semestre de 2024, o setor aguarda a finalização do laudo técnico das autoridades britânicas para dar início à reabertura do mercado. Durante as visitas, foram analisados aspectos de toda a cadeia produtiva, da criação ao produto final.
Feedback positivo
O feedback dos técnicos foi positivo, de acordo com Cristiano. Os auditores disseram que a indústria estava pronta para exportar a qualquer lugar do mundo. Todavia, o laudo técnico está atrasado, pois era previsto entre novembro e dezembro do ano passado.
“Eles visitaram nossa indústria de camarão e outras, como a indústria de pescado em Santa Catarina. Fizeram uma análise completa, desde as fazendas até o empacotamento. Eles gostaram e constataram que nossa planta é perfeita, desde a alimentação dos animais até o processamento”, detalhou o produtor.
“Meu camarão é rastreado desde a larva até o produto final. Os produtores devem ter esse cuidado quando forem exportar. Portanto, há um grande mercado global, e temos a possibilidade de expandir nossas atividades, especialmente aqui no Nordeste”, acrescentou.
União Europeia
Com a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o país abre uma brecha para os fornecedores brasileiros suprirem sua demanda por camarão. “Agora, com o Reino Unido fora da União Europeia, eles têm mais liberdade para negociar diretamente conosco”.
“O Reino Unido não produz camarão, quase nada. Nem a Europa. Eles compram de outros países, mas não do Brasil, devido às regras anteriores da Comunidade Europeia”, afirmou Cristiano, o qual vê um mercado muito promissor.
A expectativa é que um possível resultado positivo da avaliação possa reabrir as portas para o mercado europeu como um todo. A previsão é exportar cerca de 10 mil toneladas anuais para a Europa, sendo 5 mil destinadas apenas ao mercado britânico em 2025.
Elmano busca retomada
O próprio governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), tem discutido junto à União Europeia a retomada da exportação de pescados brasileiros, como o camarão, no intuito de fomentar o setor pesqueiro tanto a nível nacional quanto do próprio Estado.
Ele esteve em reunião na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, na Bélgica, no último dia 15, com o ministro-conselheiro da Missão do Brasil Junto à UE, Eduardo Ferreira, e representantes da Missão e do Ministério da Agricultura e Pecuária.
“Essa é uma medida essencial para a economia do Ceará, que atualmente lidera a produção de camarão no Brasil e também se destaca na exportação de lagosta e atum, inclusive por meio de parcerias com empresas europeias”, detalha.
Volume em alta
O volume de produção anual é de 200 mil toneladas, mas o Ceará, junto com outros estados produtores, está ampliando sua capacidade. Cristiano espera um crescimento de, aproximadamente, 15% em 2025, chegando a 230 mil toneladas.
Mercado de ração
Além disso, o criador de camarão cita um aumento na produção de ração. “Atualmente, produzimos 10 mil toneladas de ração por mês. A previsão para 2025 é chegar a 15 mil toneladas mensais, atendendo à demanda de camarão e também de outros setores.”
Há planos para expandir o mercado de ração para outros países como Chile e Paraguai. A ração é usada não só para camarão, mas também para outros animais, como frangos.
Transnordestina
A Ferrovia Transnordestina deve, ainda, facilitar o transporte de insumos mais baratos, como o milho, que são usados na produção de ração. O frete é um fator que pesa nos custos, e a ferrovia deve ajudar a reduzir esses custos, conforme o produtor.
Hoje os insumos vêm de longe, como Mato Grosso, Piauí e sul da Bahia. A Transnordestina também pode beneficiar tanto os produtores de camarão como outros produtores, a exemplo dos de ração para carneiro, e abrir novas possibilidades.
Colaborou Samuel Pimentel
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