Educação e alimentos fazem da inflação da Grande Fortaleza a 6ª maior do País

A alta foi de 4,92%, índice 0,09 ponto percentual maior que a nacional. No ano, houve aumento em todos os grupos de produtos e serviços pesquisados

15:33 | Jan. 10, 2025

Por: Maria Clara Moreira
Os ítens de alimentação e bebidas foram os que mais aumentaram de preços em 2024 (foto: FERNANDA BARROS)

Impulsionada pelos grupos de educação e de alimentação e bebidas, a cidade de Fortaleza e sua Região Metropolitana (RMF) registraram, em 2024, a sexta maior inflação do Brasil dentre as 16 localidades pesquisadas. 

A alta foi de 4,92%, índice 0,09 ponto percentual maior que a nacional (4,83%).

Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador referente a famílias com rendimento monetário de um a 40 salários mínimos, independentemente da fonte, e foram divulgados nesta sexta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram aumentos em suas taxas, com destaque para educação e alimentação e bebidas, que registraram as duas maiores inflações, com 7,94% e 7,22%, respectivamente.

As demais altas ocorreram em:

  • Saúde e cuidados pessoais: 6,52%
  • Despesas pessoais: 4,69%
  • Comunicação: 3,88%
  • Artigos de residência: 3,68%
  • Habitação: 3,27%
  • Transportes: 2,75%
  • Vestuário: 1,66%

Os responsáveis pelo aumento dos preços nos setores são, em educação, ensino de jovens e adultos (11,58%), o ensino fundamental (10,34%) e a pré-escola (10,15%).

Já, em alimentação e bebidas, que é a área cujos produtos mais registraram crescimento de preços no ano, destacam-se laranja-pera (62,64%), café moído (42,85%) e alho (31,75%).

Para o economista e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, a alta no setor da alimentação ocorre porque o Ceará, como um todo, importa diversos produtos de outras regiões, como a carne e o café, que estão entre os que mais aumentaram de preço, como será mostrado mais abaixo. 

"Então, esses produtos, além da elevação do preço em seus locais de origem,  ainda tem um custo adicional do deslocamento, da logística. Então, esses produtos de alimentação que importamos, na média, muito provavelmente, devem ter aumentado um pouco a mais daquilo do que a gente produz no mercado local", explica. 

Já sobre a educação, Ricardo destaca que a concentração da composição e a estruturação dos segmentos da atividade, na área educacional, em grandes grupos educacionais, "pode ter levado a um nível de inflação um pouco mais elevado". 

Porém, o economista afirma que ainda não se dá para determinar os impactos desses resultados para 2025. Mas, informa que o índice médio da inflação de 2024 está parecido com a expectativa para este novo ano, segundo o boletim da Focus.

"A medida que as informações e que as coisas estiverem acontecendo, poderemos analisar se as variáveis que geraram impacto no crescimento desses itens no ano de 2024 vão continuar ainda no ano de 2025".

Confira os itens que ficaram mais caros na Grande Fortaleza em 2024

  • Laranja - pera: 62,64%
  • Café moído: 42,85%
  • Alho: 31,75%
  • Patinho: 24,61%
  • Cigarro: 23,83%
  • Acém: 23,78%
  • Chã de dentro: 23,07%
  • Joia: 20,18%
  • Chocolate em barra e bombom: 19,13%
  • Chocolate e achocolatado em pó: 18%

Entretanto, o setor também foi o que teve os produtos que mais diminuíram de valor no período.

Confira os itens que ficaram mais baratos na Grande Fortaleza em 2024

  • Cebola: -44,44%
  • Manga: -20,32%
  • Tomate: -14,87%
  • Cenoura: -14,86%
  • Passagem aérea: -13,85%
  • Artigos de iluminação: -11,24%
  • Maracujá: -9,86%
  • Sabão em barra: -8,69%
  • Roupa de cama: -7,51%
  • Utensílios de metal: -6,91%

Considerando apenas o mês de dezembro, a inflação da Grande Fortaleza foi a quinta maior do País, com 0,65%.

O resultado foi 0,13 p.p. maior do que o observado nacionalmente (0,52%) e representou um aumento de 0,21 p.p. em relação ao mês anterior (0,44%).

No período, apenas os produtos e serviços relacionados a habitação e a saúde e cuidados pessoais registraram deflação, de -0,4% e -0,31%, respectivamente. Com destaque para o perfume (-3,45%), desodorante (-2,86%) e energia elétrica residencial (-2,56%).

Por outro lado, as altas foram observadas nos demais grupos. Os que mais registraram aumento nos preços foram os de: transportes (1,78%) e alimentação e bebidas (1,17%).

Confira os itens que ficaram mais caros na Grande Fortaleza em dezembro:

  • Cenoura: 25,16%
  • Transporte por aplicativo: 17,73%
  • Maracujá: 17,44%
  • Laranja - pêra: 9,77%
  • Patinho: 8,75%
  • Passagem aérea: 7,68%
  • Chã de dentro: 7,32%
  • Cebola: 6,48%
  • Alcatra: 6,29%
  • Acém: 5,38%

Confira os itens que ficaram mais baratos na Grande Fortaleza em dezembro:

  • Batata-inglesa: -11,64%
  • Carne-seca e de sol: -4,22%
  • Manga: -3,78%
  • Perfume: -3,45%
  • Biscoito: -3,22%
  • Peixe - tilápia: -3,07%
  • Desodorante: -2,86%
  • Hospedagem: -2,67%
  • Tecido: -2,65%
  • Energia elétrica residencial: -2,56%

Índice Nacional de Preços ao Consumidor da Grande Fortaleza

O cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) se refere a famílias que recebem de um a cinco salários mínimos.

Em Fortaleza e na RMF, o INPC, no acumulado do ano, foi de 4,76%. O resultado foi quase igual ao registrado nacionalmente (4,77%), com uma diferença de apenas 0,01 p.p.

A inflação no ano foi puxada, principalmente, pelos grupos de educação (8%), alimentação e bebidas (6,87%) e saúde (5,97%). Não houve deflação no período.

Os produtos que mais aumentaram de preço foram: Laranja - pera (62,64%), café moído (42,85%) e alho (31,75%). Por outro lado, as maiores baixas ocorreram nos valores da cebola (-44,44%), do pimentão (-19,91%) e do tomate (-14,87%).

Já no mês de dezembro, a taxa foi de 0,57%, quinta maior do Brasil. O índice foi 0,09 p.p. maior que o nacional (0,48%) e 0,1 p.p. mais alto do que o resultado do mês de novembro.

Cenário nacional

O índice de inflação do País fechou o ano com alta de 4,83%, superando em 0,21 ponto percentual (p.p.) o IPCA de 2023 (4,62%) e ficando 0,33 p.p. acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

As maiores altas na inflação de 2024 vieram do grupo alimentação e bebidas, que acumulou alta de 7,69%, no de educação, com 6,7% e no de saúde e cuidados pessoais (6,09%).

Dentre os ítens que mais aumentaram de preço no ano, todos fazem parte do grupo de alimentação e bebidas. Confira quais:

Ítens que ficaram mais caros no Brasil em 2024:

  • Abacate: 174,67%
  • Laranja-lima: 91,03%
  • Tangerina: 74,24%
  • Laranja - pera: 48,33%
  • Peixe - peroá: 47,86%

Para Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa, “o índice foi puxado pela alta dos itens alimentícios, que sofreram influência de condições climáticas adversas, em vários períodos do ano e em diferentes localidades do país.

Ele destaca ainda a gasolina (9,71%), que por mais que tenha a maior alta na taxa entre os produtos, de acordo com a pesquisa, foi a que mais influenciou no aumento da inflação.

“Assim como em 2023, a gasolina foi responsável pela maior contribuição no indicador em 2024”, destaca Fernando.

No lado das baixas, nenhum setor apresentou deflação, mas entre os produtos que mais diminuíram de preço em 2024 se destacam os alimentos e bebidas também.

Ítens que ficaram mais baratos no Brasil em 2024:

  • Pepino: -46,76%
  • Cebola: -35,31%
  • Tomate: -25,86%
  • Passagem aérea: -22,2%
  • Cenoura: -17,89%

Em relação aos resultados regionais, entre as 16 localidades analisadas, São Luís (6,51%) teve a maior inflação acumulada, principalmente por causa das altas da gasolina (14,24%) e das carnes (16,01%). Belo Horizonte (5,96%) e Goiânia (5,56%) vieram a seguir.

O menor resultado foi em Porto Alegre (3,57%), sob influência das quedas locais nos preços da cebola (-42,47%), do tomate (-38,58%) e das passagens aéreas (-16,94%).

A pesquisa também traz resultados referentes ao mês de dezembro. No período, o IPCA do País foi de 0,52%, ficando 0,13 p.p. acima da taxa de novembro (0,39%).

À exceção do grupo Habitação (-0,56%), os demais grupos de produtos e serviços tiveram alta em no mês. A maior variação (1,18%) veio do grupo alimentação e bebidas, seguido por vestuário (1,14%).

O grupo alimentação e bebidas teve seu quarto aumento consecutivo. A alimentação no domicílio subiu 1,17%, influenciada pelas altas das carnes (5,26%), além do óleo de soja (5,12%) e do café moído (4,99%). Já as quedas em destaque foram limão (-29,82%), batata-inglesa (-18,69%) e leite longa vida (-2,53%).

No grupo Habitação (-0,56%), a energia elétrica residencial recuou 3,19%, influenciada pelo retorno, em dezembro, da bandeira tarifária verde, sem cobrança adicional nas contas. Em novembro, estava em vigor a bandeira tarifária amarela.

No que concerne aos índices regionais, no mês, a maior variação foi em Salvador (0,89%) e a menor ocorreu em Belo Horizonte (0,25%).

Os resultados observados no INPC também demonstram altas, Em 2024, o índice fechou em 4,77%, puxado, principalmente, pelo grupo Alimentação e Bebidas, que acumulou alta de 7,6%.

Já, considerando os comparativos mensais, o INPC do mês de dezembro teve alta de 0,48%, 0,15 p.p. acima do resultado de novembro (0,33%).

Inflação: o que é, de onde vem e como se proteger? | Dei Valor

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