Aeris adia pagamento de dívidas após negociar acordo com credores; ações sobem 15%
O pagamento de juros remuneratórios e amortização será adiado em até 60 dias; ações da Aeris na B3 sobem 15,71%Fabricante cearense de pás eólicas, a Aeris Energy conseguiu junto aos seus debenturistas um acordo, denominado de standstill no mercado financeiro, para adiar em até 60 dias o pagamento de juros remuneratórios e amortização de uma emissão de debêntures.
O movimento está sendo discutido, também, com bancos credores. Na prática, há a suspensão do vencimento ou de ações de cobrança no período estipulado, isto é, até o início do mês de março.
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Entre os representantes dos debenturistas que votaram favoravelmente ao acordo na Assembleia Geral realizada na quarta-feira, 8, estão as gestoras Itaú Asset, XP Vista, JGP, Icatu Vanguarda, Galápagos e Exploritas.
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O documento estabelece, todavia, que um novo acordo de confidencialidade seja entregue até o dia 20 de janeiro. Além disso, deve haver a obtenção do standstill junto ao Santander, Banco do Brasil e Votorantim nas mesmas condições.
A Aeris não deve dar novas garantias a terceiros até o dia 28 de fevereiro, de acordo com determinação da Assembleia. O objetivo é que a empresa ganhe tempo antes de realizar os pagamentos.
"As deliberações da presente AGD (assembleia) são tomadas por mera liberalidade dos debenturistas e não impedem, restringem e/ou limitam o exercício, pelos debenturistas, de quaisquer direitos pactuados na Escritura de Emissão", esclareceu em comunicado.
Aeris à venda?
A coluna Radar Econômico, da Veja, divulgou, na manhã desta quinta-feira, 9, que a fabricante de pás eólicas chinesa Sinoma Blade está perto de comprar a Aeris, em uma oferta acima de R$ 20 por ação.
Segundo a coluna, a família Negrão, controladora da Aeris, deve aceitar a proposta. Isso porque o preço da ação está superior a cotação atual e o setor enfrenta desafios no Brasil.
Por volta de 13h41min, as ações ordinárias da Aeris Energy negociadas na bolsa de valores, B3, estavam subindo 15,71%, a R$ 8,03.
Aeris: prejuízo de R$ 56 milhões
A Aeris Energy teve um prejuízo líquido de R$ 56,7 milhões no terceiro trimestre de 2024, 15,5% maior do que o prejuízo de R$ 49 milhões registrado em igual período de 2023. A empresa citou, no balanço, uma desaceleração significativa do setor.
“Em 2023, o setor registrou um crescimento de 4,8 gigawatt (GW) em instalações, enquanto a projeção para 2024 é em torno de 2,5 GW, valor próximo à média de expansão observada nos anos de 2020, 2021 e 2022. Esse cenário evidencia um claro processo de retração”, pontuou.
O trimestre também contou com o descomissionamento de duas linhas de produção e o ramp-up – fase de início da produção – de outras duas novas. O portfólio final conta com dez linhas, em que oito estão maduras e duas em maturação.
Após os dados do terceiro trimestre, a XP Investimentos reiterou uma visão preocupante para a Aeris, sustentada pelas condições desafiadoras da produção eólica no mercado doméstico para a capacidade de produção eólica e níveis elevados de alavancagem.
A Aeris destacou, neste cenário, o interesse de voltar-se estrategicamente ao mercado de exportações de forma consistente, e projeta um crescimento orientado pelo mercado internacional nos próximos cinco anos, a representar 50% da receita total.
Setor eólico desafiador
De acordo com o consultor de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço Jr., a geração de energia eólica brasileira tem se concentrado em projetos de maior porte e na própria geração centralizada, além de contar com restrições na capacidade de transmissão.
A eólica era a principal fonte de energia renovável antes, mas hoje compete com a solar, criando uma divisão do mercado. Além de depender de áreas específicas com bom potencial de vento, o que nem sempre coincide com a disponibilidade de sistemas de transmissão, disse.
“Muitas vezes, há locais com excelente potencial eólico, mas sem infraestrutura de transmissão adequada. Já a geração solar permite maior flexibilidade, com parques próximos a regiões com disponibilidade de transmissão”, detalhou o especialista.
Jurandir acredita que a recuperação do setor eólico pode ocorrer com a maior viabilização dos projetos de hidrogênio verde (H2V), o qual demanda energia de fontes renováveis em larga escala. O Ceará é um dos estados mais avançados nesta área de atuação.
“Tanto a energia eólica quanto a solar são as grandes protagonistas do momento no setor energético mundial. Aqui no Nordeste, temos as melhores condições naturais para ambas, o que nos oferece uma oportunidade única de liderança nesse segmento”, complementou.
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