Indústria propõe ‘pacto’ por manutenção de crescimento econômico em 2025
O presidente da CNI, Ricardo Alban, citou necessidade de convergência entre Poderes, empresários e trabalhadores para manter ciclo de expansão do último triênio, mas alertou contra alta do dólar e da Selic
20:52 | Jan. 06, 2025
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defendeu um pacto entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em prol da manutenção do ritmo de crescimento observado no último triênio (2022-2024), em 2025.
Ele alerta, contudo, sobre os impactos das altas taxas de juros no País e da acentuada elevação do dólar verificados no último semestre do ano passado.
“A manutenção de juros altos não só encarece o serviço da dívida — cada ponto percentual de acréscimo na Selic adiciona algo em torno de R$ 50 bilhões por ano aos gastos do governo — mas também arrefece os ânimos de quem pretende investir e gerar emprego no país”, observa Alban no comunicado.
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O presidente da CNI prossegue afirmando que “caso os juros sofram aumentos significativos de 2024 para 2025, o desembolso adicional, que poderia ultrapassar os R$ 150 bilhões anuais, anularia em grande medida os ganhos obtidos com as recentes iniciativas de ajuste aprovadas no Congresso".
"Não é possível dissociar esse cenário do comportamento do câmbio. A escalada do dólar pressiona fortemente os custos de produção no mercado interno”, acrescenta o industrial.
Alban lembra que “o País passou longos anos com crescimento praticamente estagnado, mas apresentou, nos últimos tempos, sinais de que poderia acelerar e ingressar em um ciclo de prosperidade mais consistente. A indústria de transformação, amparada pela Nova Indústria Brasil, demonstrou capacidade de expandir empregos de qualidade, atrair capitais para infraestrutura e aumentar a arrecadação tributária”.
“Contudo, o risco de que a política monetária restritiva e a alta do dólar sufoquem o ímpeto industrial e agrário em 2025 é real. Embora seja provável que o agronegócio retome algum crescimento (após um período de resultados menos expressivos), a exigência de estabilidade cambial, de juros mais baixos e de disciplina orçamentária não pode ser negligenciada”, acrescenta.
“Sem um direcionamento claro que una os setores público e privado, o país corre o risco de perder os ganhos recentes e mergulhar novamente em um cenário de instabilidade e baixo crescimento. É nesse contexto que surge a proposta de um ‘pacto nacional’ que envolva todos os Poderes, os empresários e os trabalhadores”, ressalta o presidente da CNI.
“Em essência, trata-se de criar um consenso em torno de metas fiscais e de políticas econômicas estruturantes, garantindo que, enquanto se busca o equilíbrio das contas públicas, haja também estímulos seletivos que assegurem a continuidade dos investimentos”, conclui Alban.