Grandes leilões de energia em 2025 envolvem baterias
O ano de 2025 está com previsão de ao menos cinco grandes leilões para o setor de energia, incluindo a contratação de reserva de capacidade, com previsão para os primeiros meses do ano que vem e expectativa de maior admissão de térmicas a gás, além da entrada de hidrelétricas. O ano também pode introduzir pela primeira vez uma concorrência para baterias.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima um crescimento anual de cerca de 3 GW na demanda dos horários de ponta de carga, em especial no começo da noite. Com isso, há uma perspectiva de o Sistema Interligado Nacional (SIN) precisar de mais potência a cada ano.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O leilão de reserva de capacidade estava inicialmente marcado para agosto de 2024, mas a discussão sobre a contratação de diferentes fontes de energia levou ao atraso. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu a publicação da portaria do certame ainda em dezembro deste ano.
Questionado sobre um possível impacto no planejamento do setor com o atraso deste certame, o ONS informou que o Sistema Interligado é caracterizado pelo excedente em energia e por uma demanda crescente por potência. "A realização dos leilões de reserva de capacidade é fundamental para a garantia do equilíbrio estrutural em termos de potência, a partir de 2025", afirma o operador, em nota.
O diretor de Regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Ricardo Brandão, nega possíveis dificuldades com a realização do leilão só no início de 2025. A perspectiva é contratar potência termelétrica para 2027 e 2028, com a participação de empreendimentos novos e existentes, sem inflexibilidade operativa, bem como a contratação de potência de hidrelétrica para 2028 - visando a ampliação de capacidade instalada em usinas hidrelétricas existentes.
O presidente da Energia Pecém, Carlos Baldi, avalia que o atraso no leilão de reserva de capacidade de 2024 é um "problema com solução", ao defender a participação de usinas já amortizadas. "Você já tem uma infraestrutura existente que em determinado momento auxiliou o sistema e que hoje pode participar deste leilão. Isso para o consumidor seria interessante", afirma.
Baldi cita, porém, que quanto mais demora a realização de um leilão, maior o potencial de uma dificuldade futura para o ONS operar. "Isso pode afetar preço, impactando o consumidor", diz.
Outros certames
Uma das novidades mais aguardadas para 2025 é o leilão para baterias, previsto para junho. A contratação de sistemas de armazenamento por meio de baterias, com a consequente inclusão dessa tecnologia na matriz elétrica brasileira, atende às metas de transição energética. O MME menciona a capacidade de resposta instantânea, bem como a flexibilidade operativa e locacional desses sistemas.
O presidente da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE), Markus Vlasits, defende um marco regulatório e estima crescimento da capacidade dos sistemas de armazenamento para mais de 20 gigawatts-hora até 2030.
O presidente da Energia Pecém, Carlos Baldi, avalia como positiva a entrada de baterias, mas considera que o sistema de armazenamento não apresenta o requisito de confiabilidade. "Ela consegue introduzir potência durante quatro anos. Tem que começar de uma forma experimental. Tem que se criar os máximos regulatórios necessários. Como é que vai ser a remuneração? Você vai colocar essa bateria onde?", questiona.
Em entrevista ao Broadcast Energia em setembro, Markus Vlasits refutou esse argumento. "Vamos olhar o que acontece no Reino Unido, na Austrália, ou na Califórnia (EUA), onde sistemas de armazenamento, justamente em momentos de estresse de rede, são fontes de estabilidade e confiabilidade", disse à época.
Em outra frente, o MME divulgou em novembro as diretrizes para realização também de um leilão de sistemas isolados, em maio próximo, com a perspectiva de contratar a geração de 49 MW. O investimento estimado é de R$ 452 milhões.
Além disso, para outubro de 2025, está prevista a licitação das instalações de transmissão de Rede Básica, que incluam transformadores de potência com tensão primária igual ou superior a 230 kV e tensões secundária e terciária inferiores a 230 kV. Anteriormente eram dois leilões de transmissão previstos para o ano, mas houve junção. O segundo leilão de transmissão de 2024 contou com 3 lotes e investimentos estimados em R$ 3,3 bilhões.
Neste mês, o MME publicou portaria com as diretrizes para leilão de energia nova, ou seja, gerada por empreendimentos a serem construídos e disponibilizados até 2030. O certame deve ocorrer em julho de 2025 e contratar Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), hidrelétricas com potência igual ou inferior a 50 megawatts (MW).
As usinas hidrelétricas de pequeno porte estão com um "déficit" de participação na matriz elétrica brasileira há 15 anos, na avaliação da presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs, Alessandra Torres.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente