Véspera de Natal confirma expectativa de alta nas vendas do comércio no Ceará

Sindilojas Fortaleza projeta o melhor período dos últimos anos; movimentação dos negócios é positiva

18:03 | Dez. 23, 2024

Por: Maria Clara Moreira
Fortaleza- CE, Brasil, 23-12-24: Movimentação shopping Iguatemi para compras de Natal. (Fotos: Lorena Louise / Especial para O POVO) (foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)

Considerada a data mais importante para o varejo, o período do Natal traz altas expectativas para os empreendimentos de Fortaleza em 2024. O presidente do Sindicato do Comércio Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, prevê um momento histórico, com o melhor desempenho de vendas dos últimos anos.

O otimismo se baseia na alta procura por vestuário e calçados, que lideram as preferências dos consumidores, conforme Cid. O POVO foi conferir ontem, 23, a movimentação nos shoppings Del Paseo e Iguatemi Bosque. As projeções foram positivas também entre os frequentadores e lojistas.

Um dos setores que apresentou crescimento é o de brinquedos, especialmente aqueles com novas tecnologias. O presidente disse que a demanda por videogames tem, inclusive, impulsionado as vendas, levando a uma "curva vertical" de crescimento.

"Confecções estão em primeiríssimo lugar, disparado, e calçados vêm em segundo. Já os brinquedos, que em natais recentes estavam bem abaixo na classificação das preferências, agora estão com um crescimento significativo", detalhou.

Lojistas preparados

Cid atribuiu isso ao abastecimento estratégico dos lojistas, que se prepararam para o período de festas antes da disparada do dólar, o que permitiu a oferta de produtos com preços mais competitivos e prazos de pagamento mais flexíveis.

"Estamos vendendo com prazos dilatados, e esperamos que o dólar se mantenha estável e as taxas de juros caiam, para que possamos manter esse ritmo. Porque, se a taxa de juros continuar alta, provavelmente lá para fevereiro ou março teremos que fazer repasses", disse.

Além disso, ele enxerga que o Ceará está preparado para receber cada vez mais investimentos, especialmente em áreas que geram empregos formais. Isso culminaria, por conseguinte, em um incremento do Produto Interno Bruto (PIB) e do poder de compra das pessoas.

Idas sucessivas ao shopping

Uma das pessoas que aproveitou para comprar os presentes ontem, 23, foi a professora Diana Azevedo, 56 anos, no Shopping Del Paseo. Ela escolheu opções para presentear os sobrinhos. Já os mimos dos filhos, o marido já havia comprado. “Ele adora comprar os presentes.”

Esta dinâmica é algo que ocorre sempre. “Para mim, eu acho que existe uma pressão muito grande e, às vezes, se perde o sentido de presentear e o sentido do Natal. Muito comercial. Gosto de dar presentes ao longo do ano quando olho para algo e me recordo da pessoa”.

A psicóloga Silvia Montezuma, de 44 anos, também deixou a hora para comprar os presentes de última hora. Ela estava em busca de presentes para suas filhas, sobrinhos e afilhados.

“Tenho duas filhas. O presente do Papai Noel elas escolhem. Então esse eu me antecipo e compro antes. Nos outros, eu penso muito na pessoa, no que ela gostaria de ganhar”.

Já a professora, Erika Santana, 45 anos, veio com seu marido e sua filha fazer compras. Eles chegaram de Sobral e foram ao Shopping Iguatemi. As festas de fim de ano da família serão em Fortaleza.

Entretanto, a educadora comenta que notou preços mais caros do que os observados no ano passado, mas não fez uma avaliação exata, pois em 2023 compraram os presentes em Sobral, cidade onde vivem.

Em relação ao horário, Erika comentou que escolheu ir ao shopping pela manhã por considerar que conseguiria comprar o desejado mais rápido.

Movimentação amena

O Shopping Iguatemi Bosque estava com uma movimentação normal, com alguns pontos lotados e outros mais vazios até o início da tarde, assim como o Del Paseo.

O policial Adriano Silva, 42 anos, comentou que o movimento desta segunda-feira, 23, estava menor que o de ontem no Iguatemi. Ele, que foi ao shopping ontem, optou por voltar hoje do que enfrentar as filas do domingo.

"Acho que ontem, por ser domingo, estava muito lotado, as filas das lojas muito grandes. A gente até tentou bater foto com o Papai Noel, mas não conseguiu. Então, eu preferi vir hoje, acho que por ser segunda e estar cedo estava mais tranquilo". 

Adriano comprou roupas para si e para sua família, e explicou que a sua busca pelos presentes de última hora se deu pela falta de tempo e a espera por promoções. Ele comenta, entretanto, que os descontos que achou foram de produtos com uma "qualidade mais baixa". 

Mariane Escobar, servidora pública de 30 anos, também tinha ido ao shopping anteriormente, na sexta-feira, mas só deixou para realizar suas compras hoje por causa da lotação. 

"Eu vim na sexta, no final da tarde, dei uma olhada, mas estava muito lotado, então achei que não compensava. E hoje eu só vim comprar o que já tinha escolhido, cheguei cedo e já estou indo embora". 

A consumidora vai passar a data em família, ela comprou presentes para sua mãe, sua irmã e seu pai. Em relação aos preços, ela comenta que não viu diferenças: "Está caro igual".

Já Carla Fontenele, funcionária pública de 34 anos, pretende passar a tarde no shopping à procura dos presentes. 

"Pretendo comprar presentes de amigo secreto, presentes para o marido, para os amigos e para mim também. Já vim direcionada no que quero dar para as pessoas". 

Ela comenta que só conseguiu ir às compras hoje pois trabalhou até sexta-feira, e optou por não ir no final de semana, pois poderia estar mais lotado.

Dentre os presentes, Carla pretende comprar roupas, acessórios, maquiagem. No que concerne aos valores, ela considera que os ítens de vestuário estão mais caros, mas que o preço dos acessórios e sapatos estão mais baratos.

A dona de casa Mirian Macario, 51 anos, também está ainda no começo de suas compras, e pretende passar a tarde no shopping.

Mirian veio às compras com seu marido e com suas duas filhas, até o momento já compraram livros e estão vendo sandálias. Em relação aos preços, ela afirma que conseguiu achar produtos por valores razoáveis.

O gerente da loja Brooksfield do shopping Del Paseo, Luan Victor Lima, cita um aumento de 20% a 25% no fluxo de pessoas na loja neste período natalino.

“Nos últimos dias a demanda sempre fica maior, tem muitos clientes em busca de presentes, sai muita polo, muita camiseta básica. Mas também já há a procura de looks para o Ano Novo, camisa e calça de linho, não só no adulto mas também no infantil”.

No estabelecimento, ele destaca que, pelo shopping não registrar um grande fluxo de pessoas, como os outros centro comerciais maiores da Cidade, há uma maior fidelização dos clientes.

Um exemplo é a coach Kennya Assis, 50 anos, que sempre gosta de comprar os presentes de seus filhos e para o seu esposo em lojas que já conhece, principalmente por ter deixado para a última hora. Ela comenta que vai passar a data com os seus familiares, no almoço com os filhos e noras e a noite com os irmãos e cunhadas.

Supermercado é destino de compras de última hora

Na semana do Natal, o Mercadinho São Luiz, localizado no shopping Del Paseo, registrou uma movimentação relativamente tranquila em seu estabelecimento.

A falta de tempo foi a principal razão para as compras de última hora. Tânia Rodrigues, dona de casa de 51 anos, relata que veio comprar os preparativos para as ceias tanto do Ano Novo quanto do Natal.

Responsável pelos pratos principais, a consumidora relata que aprendeu a cozinhar com o seu pai

“Eu sempre tive gosto em cozinhar, aprendi com o meu pai, pois minha mãe faleceu muito cedo, e eu tinha o maior prazer de ajudar ele. E desde então sempre bolamos algo diferente, mas também gostamos muito do tradicional”.

Dora Santos, cozinheira de 41 anos, também não conseguiu ir às compras antes, ela destaca que todo ano a ceia fica em sua responsabilidade. Ela cozinha o clássico: chester, filé no molho com batatas, farofa, salada, arroz. Os filhos levam a sobremesa.

Neste ano, ela comenta que os preços estão “bem caros”, diferente do que a mesma observou no ano passado. “Todas as coisas subiram de preço do ano passado pra cá.”

Entretanto, segundo o gerente do estabelecimento, Dário Soares, os preços estão conforme a inflação.

“Tem até alguns produtos que estamos conseguindo manter os mesmos preços do ano passado, principalmente o chocolate”, comenta.

Em relação aos produtos, as compras observadas pelo O POVO vão de encontro às expectativas da empresa, que reforça também uma estimativa de crescimento de 10% a 15% em comparação com o ano passado.

No período, de acordo com Dário, as mercadorias que se destacam são os chamados “produtos sazonais”, como “cestas natalinas, peru, chester, chocolates para presentear os parentes, até mesmo flores estão vendendo bastante aqui”.

Ele complementa que passou do dia 25 o foco muda. “São mais bebidas, espumantes, cervejas, whisky, ou frutas, como o morango e uvas”.

*Com informações da repórter Ana Luiza Serrão

Tenha acesso a mais conteúdo em nossos canais digitais!

Mais notícias de Economia