Ceará busca solução para fim das interrupções na geração de energia eólica
O assunto será tema de encontro entre o governador Elmano de Freitas (PT) e o Sindienergia nesta semana. Interrupção gera bilhões de reais em prejuízo para empresasAs interrupções programadas na geração de parques eólicos em território cearense tem preocupado o setor produtivo e o governo do Estado, que buscam uma solução para o fim da medida adotada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O assunto seria discutido nesta sexta-feira, 28, com o governador Elmano de Freitas e Luís Carlos Queiróz, presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará.
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Todavia, Elmano testou positivo para a covid-19 e a reunião será mantida com a secretária-executiva da Indústria do Ceará, Brígida Miola; a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e representante da desenvolvedora de energia solar Lightsource BP, além do Sindienergia.
Na reunião, serão abordados os cortes de energia e os investimentos para energia.
"Ele (Elmano) está conduzindo isso da melhor forma possível e nós vamos encontrar uma solução para que o Ceará e o Brasil continue o ambiente seguro e de bom investimento, principalmente, nas energias renováveis", falou Queiróz ao O POVO durante o o World Summit on Energy Transition (WSoET), a Cúpula Mundial sobre Transição Energética, que acontece entre os dias 28 e 29 de novembro, no Centro de Eventos do Ceará.
Com os prejuízos aos parques girando em torno da metade do faturamento, o governador já havia tecido críticas à Aneel durante o Proenergia 2024, em setembro. Na ocasião, ele cobrou mais infraestrutura de transmissão e ressarcimento aos investidores afetados.
"Hoje, discutimos as decisões tomadas na Aneel que dificultam a vida dos investidores de energia renovável no país, especialmente no Nordeste. Podem contar com a posição desse governador, favorável aos empresários do setor para que a Aneel perceba o prejuízo que está a causar num setor fundamental para a economia nordestina", declarou na época.
Por que acontecem os cortes programados na geração de parques eólicos?
Após o apagão de energia de 15 de agosto de 2023, o chamado curtailment foi adotado e tem interferido no funcionamento dos parques eólicos. O termo em inglês se refere às interrupções na geração de energia por falta de capacidade do Sistema Interligado Nacional (SIN) de escoar a produção de parques eólicos.
O corte da produção busca evitar sobrecargas que derrubem a distribuição e gerem apagões. Mas descortina a necessidade de uma maior infraestrutura de transmissão no Nordeste, onde a transferência de energia para Sudeste, Centro-Oeste e Norte têm ficado mais frequente.
BA, CE e RN são os principais impactados
Em outubro, estudo da ePowerBay a partir de dados do ONS indica que houve uma redução de 46,2% na interrupção em relação a setembro, "porém os valores ainda são altos, no ordem de 1,09 milhões de MWh (1.500 MWm)."
André Felber, cofundador da consultoria, apontou que os cortes por confiabilidade representam 48% do total e os estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte continuam como os mais impactados, com 140 mil megawatts/hora cada.
Prates: falta planejamento do governo e investidor precisa ser ressarcido
“O investidor não pode ter todo o prejuízo porque, se não, quando se falar em Rio Grande do Norte e Ceará, ninguém vai querer saber porque vão dizer: 'esse é o lugar no qual você investe e, de repente, do nada, aparece um corte de metade de sua receita sem aviso nenhum'”, defendeu Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras.
Ele afirma que a interrupção na produção é “uma consequência da falta de planejamento dos últimos sete anos, inclusive, dos últimos dois”, sob a liderança do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Prates, “todo mundo sabia que a geração distribuída estava crescendo, todo mundo sabia que as renováveis no Nordeste estavam crescendo e isso era dado dos leilões federais.”
“Como que agora cortam metade da receita de empresas que se dispuseram a investir aqui e diz para elas que é força maior? Isso não é força maior. Absolutamente. Isso é falta de planejamento. Portanto, o governo precisa pagar essa conta ou pelo menos parte dela”, cobrou.
Polarização prejudica o País
Prates ainda afirmou que as interrupções são resultado de polarizações “de fontes (de energia) contra outras fontes”, na qual “quem tem mais influência nos governos de ocasião muda política para favorecer um setor ou outro e vai distorcendo os mercados e a integração energética como um todo”.
“Tem uma pauta gigante que precisa ir para a COP29, que será sediada no Brasil, que não pode ser enviesada para um lado só e para uma região só. Nós do Nordeste e do Brasil equatorial mais propriamente, que envolve do Rio Grande do Norte até o Amapá, temos que falar mais alto”, arrematou. (Colaborou Ana Luiza Serrão)
*Atualizado às 11h01min com detalhes sobre a reunião após o governador Elmano de Freitas testar positivo para a covid-19.
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