Frigoríficos brasileiros interrompem fornecimento ao Grupo Carrefour

O "boicote" teria começado após o presidente-executivo global do Carrefour afirmar que iria manter a carne do Mercosul fora das prateleiras da França

17:12 | Nov. 24, 2024

Por: Évila Silveira
Decisão do Carrefour seria uma forma pressionar contra o acordo do Mercosul com a União Europeia (foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Após Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, declarar que a rede deixaria de importar carne brasileira, na quarta-feira, 20, alguns frigoríficos do Brasil decidiram interromper o fornecimento de carne para o grupo no país.

Segundo informações do O Globo, marcas como a JBS, Marfrig e Masterboi teriam iniciado o corte de fornecimento ao grupo desde a última quinta-feira, 21. A medida se estenderia, ainda, às redes Atacadão e Sam's Club, que pertencem ao Grupo.

O “boicote” teria começado após o presidente-executivo global do Carrefour afirmar que iria manter a carne do Mercosul fora das prateleiras da França. O anúncio causou indignação em lideranças do agronegócio e parlamentares do setor.

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Frigoríficos: associações repudiam decisão do Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) havia convocado empresários de hotelaria e de alimentação fora do lar a se engajarem em um boicote ao Carrefour, até que a rede mude oficialmente o posicionamento. A medida se estendia, ainda, às redes Atacadão e Sam's Club.

Para a Federação, a decisão do Carrefour é "estritamente protecionista e desrespeitosa" quanto ao juízo de valor que está fazendo da qualidade das carnes provenientes do Brasil, bem como "prejudicial a toda a cadeia produtiva nacional".

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, também declarou apoio ao movimento de associações de produtores de proteína animal e entidades brasileiras do agronegócio que sugeriram boicote.

Associações como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) se manifestaram em nota conjunta repudiando a decisão do grupo.

Eles afirmaram que, se o Carrefour considera que o Mercosul não é um fornecedor adequado para o mercado francês, ele também "não é adequado para abastecer o Carrefour em nenhum outro país".

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O anúncio do Carrefour aconteceu em meio a massivos protestos de agricultores franceses contra um possível acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Eles defendem que o texto discutido abre uma "concorrência desleal" da carne brasileira e argentina no mercado francês.

Isso porque os padrões sociais e ambientais exigidos pelo bloco para a produção agropecuária não se aplicariam aos parceiros comerciais, permitindo a entrada de alimentos mais baratos.

O Carrefour França ressaltou, em nota oficial, que a negativa associada à carne do Mercosul se aplica apenas aos estabelecimentos franceses do grupo. Mas segundo a imprensa local, caminhões de distribuição de carne se negaram a abastecer cerca de 150 supermercados da rede Carrefour no Brasil.

O Grupo Carrefour Brasil negou, em um comunicado, que algumas de suas lojas estivessem desabastecidas de carne. "A comercialização do produto ocorre normalmente nas lojas. Nenhuma loja está desabastecida", acrescentou.

Com informações da AFP e da Agência Estado