Copom eleva Selic em 0,5 ponto percentual e taxa de juros vai a 11,25%
Essa é a segunda alta consecutiva após três reuniões de manutenção e sete de redução
18:42 | Nov. 06, 2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 6, por unanimidade, elevar a Selic, taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, que chegou a 11,25% ao ano, em conformidade com as previsões do mercado.
É a segunda alta consecutiva, após um ciclo em que houve sete quedas na taxa Selic e três manutenções de patamar. Essa também é a maior alta desde 15 de junho de 2022.
Na reunião anterior, realizada em 18 de setembro deste ano, o Copom havia promovido uma elevação mais discreta, de 0,25 pontos percentuais. Além disso, a taxa básica de juros retomou ao patamar definido em 31 janeiro deste ano, quando também estava a 11,25% ao ano.
Leia mais
O contexto, contudo, era o inverso. Naquela ocasião, o Copom havia reduzido a Selic em 0,5 pontos percentuais.
Na década, o patamar máximo atingido pelas taxas de juros definidas pelo Comitê foi de 13,75% ao ano, no período entre 4 de agosto de 2022 e 3 de agosto de 2023. Por outro lado, a Selic atingiu sua mínima histórica entre 6 de agosto de 2020 e 17 de março de 2021, quando estava em 2% ao ano.
No comunicado divulgado no início da noite desta sexta-feira, 6, o Copom destacou que "o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed", em referência ao banco central norte-americano.
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo. A inflação cheia e as medidas subjacentes se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6% e 4,0%, respectivamente", prossegue a nota do Copom.
O Comitê acrescenta em sua justificativa que "a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio" e reafirma que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação".
Por fim, o Copom ressalta que "o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".
De acordo com o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, a expectativa é de mais três altas, para o patamar de 12,50%. “Dado o cenário global e as incertezas fiscais locais, é possível que o BC continue subindo juros em um ritmo de 0,5 p.p. nas reuniões de dezembro e janeiro, encerrando o ciclo com uma alta de 0,25 p.p. em março de 2025”, projeta.
“O cenário do Banco BV, que considera alguma medida de ajuste fiscal e desaceleração econômica em 2025, trabalha com cortes de juros a partir do segundo semestre, com a taxa básica encerrando o ano em 11,50%”, calcula Padovani.
Por sua vez, o conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, lembra que "a eleição nos Estados Unidos já tem um reflexo, ainda que mais distante, sobre a economia, principalmente devido ao direcionamento do mercado. Isso ainda está contaminando um pouco a percepção sobre a inflação, por exemplo".