Plataforma de investimentos climáticos vai captar recursos para projeto de H2V no Ceará

Ferramenta lançada nesta quarta-feira, 12, pelo Governo Federal visa facilitar investimentos internacionais para os projetos de transição energética e reflorestamento

19:21 | Out. 23, 2024

Por: João Bosco Neto
Ministra Marina Silva e Ministro Fernando Haddad no lançamento do programa (foto: Diogo Zacarias/ MF/ Agencia Gov)

O Governo lançou nesta quarta-feira, dia 23, em Washington, nos Estados Unidos, a Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica (BIP, na sigla em inglês), que busca facilitar e ampliar a captação de fundos internacionais para programas ambientais. 

Dentre os projetos-pilotos que podem ser beneficiados com essa plataforma está a Fortescue, empresa australiana que promete investir US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 20 bilhões) na exploração de hidrogênio verde no Ceará. A companhia foi a primeira a assinar um pré-contrato com o Governo do Ceará para se instalar no Complexo do Pecém.

No último dia 18, a empresa recebeu licença de instalação, dada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), para começar as obras de preparação da unidade de produção de hidrogênio e amônia verdes em na área de 121 hectares, localizada no setor 2 da Zona de Processamento para Exportação (ZPE2 Ceará).

O projeto tem potencial para produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia, com o uso de 2.100 MW de energia renovável. Expectativa é gerar cerca de 5.000 empregos na fase de construção, de acordo com dados informados pela empresa no Estudo de Impacto Ambiental. 


Geraldo Alckmin, vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que o lançamento da Plataforma Brasil de Investimento Climático e para a Transformação Ecológica é uma demonstração clara do compromisso do governo do presidente Lula com o desenvolvimento sustentável.

“A plataforma facilitará a divulgação das oportunidades de negócios no país, nos setores da chamada economia verde, atraindo ainda mais investimentos produtivos para o Brasil, que se traduzem na geração de emprego e renda."

O programa é uma iniciativa dos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Fazenda, de Minas e Energia e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. E tem por objetivo facilitar investimentos internacionais para projetos que visam o desenvolvimento sustentável no país, focando na transição energética e no combate a mudança climática.

A ministra do Meio Ambiente e Mundança do Clima, Marina Silva, acredita que a Plataforma Brasil de Investimento Climático e para a Transformação Ecológica é um dos resultados da força-tarefa para mobilização global contra a mudança do clima.

“Será essencial para a implementação do Plano Clima, atraindo investimentos de outros países para acelerar e dar escala à descarbonização da economia brasileira.”

A iniciativa também tem cooperação com instituições como Bloomberg Philanthropies, a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ, na sigla em inglês), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o Fundo Verde para o Clima (GCF).

Captação

Os projetos serão oriundos tanto do setor público quanto do privado, incluindo a possibilidade de apoiar os esforços de transição de cidades e estados brasileiros. Dentro desses setores, a Plataforma já identificou e incluiu projetos-piloto como meio de testar os critérios de seleção do pipeline da BIP, o modelo operacional e os fóruns de tomada de decisão.

Esses projetos totalizam US$ 10,8 bilhões em capital a ser mobilizado, uma vez tomada a decisão final de investimento. 

Além da Fortescue, as seguintes empresas podem ser beneficiadas com a captação de recursos:

  • Acelen Renewables , que está desenvolvendo uma proposta de combustíveis renováveis, visando produzir 1 bilhão de litros por ano de diesel verde e combustível sustentável para aviação a partir da macaúba
  • O projeto Corredores para a Vida, que busca  restaurar um dos maiores corredores ecológicos do Brasil na Mata Atlântica, que tem o objetivo de reconectar áreas fragmentadas em até 6.000 hectares de terras degradadas até 2040
  • Atlas Agro, que promete ser a primeira planta de fertilizantes verdes em escala industrial no Brasil
  • A Biomas investirá  na restauração de 14.000 hectares de vegetação na Amazônia e na Mata Atlântica
  • Projeto Caldeira da Meteoric Resources, que visa financiar o desenvolvimento de métodos de extração de baixa emissão para elementos de terras raras
  • Vale , que planeja construir polos industriais no Brasil para a produção de hidrogênio verde e ferro briquetado a quente (HBI) visando a descarbonização da indústria siderúrgica.

Por que a BIP foi criada?

O Brasil tem o objetivo de reduzir suas emissões em 53% até 2030 e já atualizou as metas para 2035. Essas metas incluem o foco de combater o desmatamento, práticas agrícolas sustentáveis, descarbonização industrial, fontes diversificadas de energia renovável.

Apesar dos esforços passados e em andamento, os planos climáticos brasileiros receberam apenas uma fração do financiamento necessário para atingir as metas climáticas do país.

Qual o objetivo da BIP?

A BIP busca expandir e otimizar os investimentos de transição, de todas as fontes, em apoio ao Plano de Transformação Ecológica do governo em setores-chave

Quais os focos da BIP?

Energia Limpa, apoiando esforços para viabilizar energia solar off-grid, redes inteligentes, indústrias de energia eólica offshore, combustíveis sustentáveis, bioinsumos agrícolas, hidrogênio de baixo carbono, eficiência energética e minerais críticos.

Soluções baseadas na natureza e bioeconomia , incluindo a restauração e o manejo sustentável da vegetação nativa, a redução do desmatamento, a agricultura regenerativa e o manejo de resíduos

Indústria e Mobilidade , catalisando os esforços de descarbonização em setores como aço, alumínio e cimento, mobilidade urbana elétrica e fertilizantes verdes

Quem custeará a BIP?

A BIP trabalhará com fundos e programas públicos existentes, como o Restaura Amazônia, iniciativas parceiras, incluindo o Laboratório de Investimentos da Natureza do Brasil, parcerias com bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) e fundos ambientais e climáticos.

Quem será responsável pelo BIP? 

O BNDES será responsável pela Secretaria do BIP, que será apoiada pelo Programa de Preparação do Fundo Verde para o Clima (GCF) para o Brasil e pelas Bloomberg Philanthropies.

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