Agropecuária é destaque no PIB do Ceará, com alta de 32% no 2º trimestre

A boa quadra chuvosa cearense beneficiou a agropecuária, com destaque para o milho e o feijão. Estado teve o maior crescimento do País dentre os resultados até então divulgados

O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará teve um crescimento trimestral de 32,52% no setor da agropecuária, no segundo trimestre deste ano, com destaque para o milho e o feijão.

O Estado apresentou alta total de 7,2% no período, em comparação ao segundo trimestre de 2023. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

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A boa quadra chuvosa cearense beneficiou a agropecuária. Já a indústria mostrou sinais de recuperação a partir do último trimestre do ano passado, com último avanço de 9,93% entre abril e junho de 2024. Os segmentos de calçados, confecções e têxtil foram os destaques.

Além da intensidade de crescimento da indústria ter sido mais forte nos primeiros trimestres de 2024, a área de serviços, por outro lado, também apresentou alta de 4,48%, puxada por comércio, serviços de veículos e serviços prestados às famílias.

O resultado cearense foi o maior entre os estados que calcularam o PIB trimestral no segundo trimestre, em que São Paulo teve um avanço de 4,5%, logo após Pernambuco (4,1%), Paraná (2,89%), Espírito Santo (2,8%), Bahia (2,2%) e Minas Gerais (1,2%).

De acordo com o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, o desempenho da economia cearense tem sido forte nos últimos trimestres, mas que a alta do agronegócio, especificamente, ocorre após um período de baixa anterior na base de comparação.

"Os dados do segundo trimestre mostram uma recuperação, principalmente porque tivemos uma boa quadra de chuvas. Essa boa quadra de chuvas teoricamente deveria aparecer no segundo trimestre e não no primeiro", detalha.

A expectativa do especialista é que esse crescimento se mantenha nos próximos trimestres deste ano, talvez não em um volume tão significativo quanto no do segundo. Comércio e serviços deverão vir bem à frente, assim como a indústria deverá manter a possibilidade de crescimento.

Isso ocorre em meio a um cenário nacional muito bom, com redução da taxa de desemprego e crescimento de modo geral. "Então, como temos uma ligação com algumas cadeias produtivas, é provável que continuemos mantendo esse ritmo", informa.

PIB do Ceará cresce mais que o dobro do Brasil

Os dados cearenses superam mais do que o dobro o crescimento do PIB brasileiro, que foi de 3,3% no segundo trimestre. Algo semelhante ocorreu no primeiro trimestre, quando o Estado avançou 5,2% e o Brasil, 2,5%.

De acordo com o governador Elmano de Freitas (PT), "o Ceará está crescendo mais do que o dobro do Brasil, portanto, estamos no caminho correto."

O economista Ricardo Coimbra vê, ainda, que o segmento de construção civil cearense foi fortalecido por um programa estadual similar ao Minha Casa, Minha Vida, denominado Entrada Moradia, o qual estimulou mais a economia e o PIB por consequência.

"À medida que temos uma melhoria na geração de emprego e uma redução da taxa de desemprego, isso acaba potencializando o segmento do comércio e dos serviços. É um ciclo positivo, e, quando o ciclo está indo bem, geramos essa potencialidade", detalha.

Além disso, Ricardo diz que o histórico da economia cearense vem crescendo, em média, mais do que as outras economias da região Nordeste devido ao estímulo nas cadeias produtivas e à atração de novos investimentos no Estado ao longo dos anos.

"É um conjunto de fatores que vem acontecendo de forma contínua e gradual. A cada momento que observamos algumas evoluções, devemos refletir sobre o conjunto dessas ações. São microvariáveis que, juntas, geram um determinado reflexo", acrescenta.

Como foi o PIB Brasil?

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil voltou a surpreender o mercado e avançou 1,4% no segundo trimestre de 2024, no comparativo com o resultado dos primeiros três meses do ano.

É a 12ª vez que o indicador que contabiliza a soma das riquezas geradas no País tem crescimento.

A expectativa de analistas era de um resultado mais modesto, de 0,9%.

Na prática, a variação representa, em valores correntes, R$ 2,9 trilhões, segundo informou na manhã de ontem, 3, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Ao contrário do que aconteceu ano passado, o crescimento do PIB se deve somente ao desempenho positivo da demanda interna, já que o setor externo está contribuindo negativamente para o crescimento da economia”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Os dados atestam ainda expansão em outros comparativos. Frente ao 2º trimestre de 2023, o avanço observado entre abril e junho de 2024 é de 3,3%.

Já para o 1º semestre deste ano, o IBGE indica que o PIB do Brasil cresceu 2,9%.

Setores do PIB no Brasil

Mas os destaques para o trimestre são o recuo da agropecuária e os avanços significativos da indústria, serviços, consumo das famílias e formação bruta de capital fixo (os investimentos).

Principal responsável pelo avanço do PIB no ano passado, a agropecuária teve a colheita concentrada no primeiro trimestre e não apontou expansão a nível nacional.

Ainda com a baixa de preços internacionais, o setor teve uma retração de 2,3% do setor no trimestre.

Em 2023, o chamado boom das commodities levou preços de itens como soja, milho e trigo a elevadas cifras e fez com que a produção brasileira tivesse resultados recordes, impulsionando a influência na atividade econômica do País.

As exportações mapeadas pelo IBGE para o cálculo do PIB no mesmo período chegaram a subir, mas a um patamar pequeno, de 1,4%.

Diferente da importação, que chegou a marca de 7,6% no mesmo cálculo.

“Ao contrário do que aconteceu no ano passado, com protagonismo da agropecuária extrativa, a gente viu que o destaque deste trimestre foi a indústria”, observou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Foi um crescimento de 1,8% no setor, com o segmento de eletricidade e gás liderou a expansão da economia na indústria brasileira no 2º trimestre de 2024.

Investimentos em novas usinas e a expectativa sobre o setor de gás com novas reservas a serem exploradas no País explicam o desempenho.

Também em alta, o segmento da construção fortaleceu o crescimento da indústria brasileira, ancorado especialmente na retomada de obras públicas e no mercado imobiliário.

A ampliação do Minha Casa, Minha Vida - atendendo faixas da classe média - e o movimento de baixa da taxa de juros fez com que o lançamento e a venda de imóveis no período impulsionassem o setor entre abril e junho.

*Em colaboração com Armando de Oliveira Lima. Atualizado às 15h46min com comentários do economista Ricardo Coimbra.

Presidente Lula comemora resultado do PIB | Debates do POVO

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