Juros no Brasil é o 2º mais elevado do mundo após alta da Selic

De acordo com o levantamento, o País está com uma taxa de 7,33% (descontada a inflação), atrás apenas da Rússia, com 9,05%

Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global de taxas de juros reais. Agora, o valor está em 10,75% ao ano.

De acordo com o levantamento, realizado pela empresa de consultoria financeira, MoneYou, o País está com uma taxa de 7,33% (descontada a inflação), atrás apenas da Rússia, com 9,05%. Confira mais abaixo a lista com 40 países.

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Impacto nos negócios

Para Alexandre Espírito Santo, coordenador de Economia e Finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a posição no ranking impacta os negócios de várias formas, visto que juros mais altos não são bons para a atividade econômica. 

"Na verdade, essa é, de fato, a intenção do BC, na tentativa de controlar as expectativas inflacionárias. Mas, tem o lado positivo, que ajuda a atrair investimentos para o país, valorizando o real (o que já vem ocorrendo nos últimos dias) e ajuda no controle da inflação."

Por outro lado, ressalta que o crédito ficará mais caro e isso, portanto, afeta o crediário e o cartão de crédito, instrumentos usados pela classe média para fazer suas compras. Assim, é necessário analisar o custo benefício da medida.

"Inflação é um mal e deve ser rechaçada, daí a ação do BC, que tem uma meta para entregar à sociedade. Penso que, de fato, precisamos combater as causas do processo, que tem a ver com o lado fiscal desajustado. Se assim procedermos a necessidade de juros maiores se reduz fortemente."

Histórico

Esta foi a primeira alta em mais de dois anos e também a única que houve no terceiro governo Lula. A última foi em agosto de 2022, quando os juros básicos da economia saíram de 13,25% para 13,75% ao ano.

Quando passou desse nível, aconteceram seis cortes de 0,5 ponto e um de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. E nas reuniões de junho e julho passados, manteve a taxa em 10,5% ao ano.

Impacto sobre o consumidor

Na visão do economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Coimbra, à medida que se eleva a taxa de juros, gera-se o efeito de contenção na capacidade de compra, principalmente em aquisições a prazo, tanto no setor produtivo quanto no consumidor final.

"Quando o consumidor vai adquirir seus produtos, muitas vezes ele o faz a prazo. Portanto, à medida que o custo do crédito aumenta, o consumo se retrai, tanto por parte das pessoas em geral, quanto em relação ao investimento no setor produtivo."

Dessa forma, resulta em uma retração no consumo de bens, o que faz com que haja um equilíbrio potencializado entre oferta e demanda de produtos. "Ou seja, com uma menor procura por bens, busca-se reordenar esse equilíbrio, levando a uma menor demanda, o que tende a evitar o aumento dos preços."

Reflexo sobre o crescimento econômico

Também reforça que o reflexo sobre o crescimento econômico se dá mais a médio e longo prazo, porque, à medida que os juros ficam mais altos, as pessoas consomem menos, e as empresas investem menos em seus processos produtivos.

"Isso leva, no futuro, a uma retração da atividade econômica e faz com que o ritmo de crescimento da economia se desacelere. Ou seja, não há impacto imediato no crescimento econômico, mas nos ciclos subsequentes (trimestres e semestres)."

Veja a taxa de juros dos países (descontada a inflação), segundo a MoneYou

  1. Rússia (9,05%)
  2. Brasil (7,33%)
  3. Turquia (5,47%)
  4. México (5,45%)
  5. Indonésia (4,37%)
  6. Índia (3,08%)
  7. África do Sul (2,96%)
  8. Colômbia (2,37%)
  9. Tailândia (2,03%)
  10. Hungria (1,98%)
  11. Filipinas (1,91%)
  12. Itália (1,81%)
  13. Dinamarca (1,69%)
  14. Israel (1,63%)
  15. República Checa (1,38%)
  16. Nova Zelândia (1,34%)
  17. Reino Unido (1,26%)
  18. Malásia (1,20%)
  19. Portugal (1,10%)
  20. Coreia do Sul (1,05%)
  21. Estados Unidos (0,98%)
  22. França (0,97%)
  23. Alemanha (0,75%)
  24. China (0,71%)
  25. Suécia (0,60%)
  26. Cingapura (0,58%)
  27. Áustria (0,55%)
  28. Hong Kong (0,51%)
  29. Espanha (0,49%)
  30. Chile (0,29%)
  31. Grécia (-0,19%)
  32. Austrália (-0,20%)
  33. Suíça (-0,37%)
  34. Bélgica (-0,52%)
  35. Polônia (-0,54%)
  36. Holanda (-0,54%)
  37. Canadá (-0,74%)
  38. Taiwan (-1,10%)
  39. Japão (-1,73%)
  40. Argentina (-33,92%)

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