Bares e restaurantes se dizem prejudicados pela adesão de consumidores à prática de apostas
Dentre os fatores responsáveis, indica a Abrasel, estão a queda no número de clientes e nas vendas, que foi de 78% no mês. Já, 49% dos estabelecimentos estão com dívidas
11:51 | Set. 19, 2024
Em período de alta estação, 57% do setor de bares e restaurantes do Ceará operaram sem lucro. É o que aponta o levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel) referente ao mês de julho.
Dentre os fatores responsáveis estão a queda no número de clientes e nas vendas, que foi de 78% no mês. De acordo com o presidente da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, a baixa do setor, que deveria estar mais movimentado pelo período de férias escolares, pode ter sido ocasionada pelo uso desregulado de casas de apostas dos mais variados segmentos.
Um relatório divulgado pelo Itaú em 2023 aponta que os brasileiros gastaram R$68,2 bilhões em apostas, tendo um prejuízo de R$23,9 bilhões no balanço entre apostas ganhas e perdidas.
“A verdade é que a grande maioria dos brasileiros - 60%, de acordo com o mesmo estudo - estão imersos nesse mercado de alto risco e tendo prejuízos, comprometendo a renda familiar e, consequentemente, frequentando pouco os bares e restaurantes por falta de recursos”, complementa o presidente.
Outro ponto apresentado pela pesquisa é que 47% dos estabelecimentos do Estado não conseguiram aumentar o preço dos produtos nos últimos 12 meses, enquanto que apenas 10% efetuaram o reajuste acima da inflação.
Em relação ao endividamento, 49% estão com dívidas, as principais são: impostos federais e estaduais, empréstimos bancários e contas de água, luz e telefone.
Taiene explica que o cenário atual pode impactar no número de contratações, influenciando na taxa de desemprego do Estado.
“Se não houver uma ação rápida, corremos o risco de frear o bom momento na geração de empregos no setor. Os dados recentes do PIB mostram que houve aumento do consumo das famílias no segundo trimestre, mas em julho os nossos índices já apontam uma queda. Ainda assim continuamos otimistas quanto ao fim do ano, mas reforçamos que é preciso um olhar urgente para as empresas em dificuldade”, finaliza.