Banco do Nordeste tem teto de R$ 500 milhões por empresa para hidrogênio verde

Para conseguir mais recursos, o banco tem ido atrás de parcerias, como a que fez com o BNDES e o com a Finep. O mercado de capitais também é uma opção

13:36 | Set. 11, 2024

Por: Beatriz Cavalcante
ZPE DO PECÉM tem atraído os projetos de hidrogênio verde no Estado (foto: FCO FONTENELE)

O teto do Banco do Nordeste (BNB) por empresa para financiar projetos de hidrogênio verde (H2V) é de R$ 500 milhões.

Eliane Brasil, superintendente estadual do BNB, garante que não existe tícket maior de crédito.

"O FNE não vai dar conta de financiar isso", diz ela se referindo ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), principal funding da instituição, que é demandado por diversas áreas para captação de recursos, sendo a energia renovável somente uma delas.

No Ceará, o projeto mais avançado de H2V é o da australiana Fortescue, cujo crédito é trabalhado pelo banco.

"A gente vai trabalhar com o nosso orçamento", complementa Eliane, que participa do Proenergia Summit 2024, que ocorre nesta quarta-feira, 11, e vai até quinta-feira, 12 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará.

Especificamente para energias renováveis, o BNB tem o FNE Verde. Para conseguir mais recursos, o banco tem ido atrás de parcerias, como a que fez com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que ela considera ter juros melhores.

O mercado de capitais é uma opção, por exemplo, para complementar essas fontes de recursos, conforme O POVO adiantou.  

Para energia, Eliane diz que foram financiados pelo BNB R$ 2,5 bilhões no ano passado para toda a cadeia de energia, considerando todos os portes e segmentos, no Ceará. 

Neste ano, até o fechamento de agosto, o valor para o mercado energético já chegou a R$ 1,8 bilhão no Estado, e a superintendente estadual estima superar. 

Afora este setor, ela destaca saneamento básico, que já foram R$ 750 milhões neste ano e devem vir mais R$ 300 milhões.

Outros mercados envolvem o agronegócio como leite, fruticultura, grãos, algodão. Além do potencial da Serra da Ibiapaba, que fica entre o estado do Ceará e do Piauí, e as chapadas do Apodi e do Araripe.

"São 100 mil hectares agriculturáveis disponíveis na chapada do Araripe e 140 mil na do Apodi. Tem muita terra para se fazer bons projetos", prospecta.

Terraplanagem da Fortescue no Ceará

Para entender o projeto mais avançado no Ceará em termos de hidrogênio verde é o da australiana Fortescue.

A expectativa, por exemplo, é que até o fim deste ano as obras de terraplanagem da planta de H2V comecem no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).

A planta da Fortescue deve ser desenvolvida no Setor 2 da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, em duas etapas:

  • Fases 1 e 2 – 1.200 MW
  • Fase 3 – 900 MW

O projeto tem potencial para produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia a partir do consumo de 2.100 MW de energia renovável.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o projeto deve gerar cerca de 5 mil empregos na fase de construção.

Os planos da Fortescue para o Ceará representam o maior investimento já feito por uma empresa no Complexo do Pecém.

São previstos US$ 5 bilhões para a produção de 837 toneladas por dia de hidrogênio verde, com base no consumo de 2,1 GW de eletricidade de fontes renováveis.

No total, serão 15 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano. (Com Armando de Oliveira Lima)

Relembre - Hidrogênio verde: Ceará possui primeiro pré-contrato para usina

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