Reforma Tributária: entenda o que foi aprovado no texto-base do IBS

Vale ressaltar que a a votação dos destaques, para mudar trechos do texto, está prevista para esta quarta-feira, 14

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto-base do segundo projeto de lei que regulamenta a reforma tributária, criando o Comitê Gestor do Impostos sobre Bens Serviços (IBS) por 303 votos a favor e 142 contra.

O tributo vai substituir gradativamente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de caráter estadual, e o Imposto Sobre Serviços (ISS), que é municipal, a partir de 2026. Entenda ponto a ponto mais abaixo. 

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Com a aprovação, o Comitê gestor terá as seguintes atribuições: cobrança, fiscalização e distribuição do IBS. Ao todo, serão 54 membros, sendo 27 indicados pelos governadores dos estados e do Distrito Federal e o restante pelos prefeitos

Vale ressaltar ainda que a votação dos destaques, para mudar trechos do texto, está prevista para esta quarta-feira, 14. Depois, a proposta vai para o Senado.

De acordo com Rafael Cruz, advogado especialista em direito tributário, o comitê gestor unificará esses processos, de modo que todos os estados e municípios terão a mesma legislação para o IBS. "A interpretação desse novo tributo deverá ser uniforme, e esse será o papel do comitê gestor."

O que é o IBS e como vai funcionar?

O Imposto sobre Bens Serviços terá uma parcela estadual e outra municipal e será cobrado no local de consumo. Haverá uma alíquota de referência para estados e municípios, que vai ser definida.

Para ser implementado, o Governo Federal vai garantir um financiamento de R$ 3,8 bilhões, sendo que, quatro meses após a aprovação da lei, o Comitê precisará ser instalado. 

Como vai funcionar o Comitê Gestor do IBS?

O Comitê Gestor reunirá representantes de todos os entes federados para coordenar a arrecadação, a fiscalização, a cobrança e a distribuição desse imposto aos entes federados, elaborar a metodologia e o cálculo da alíquota; entre outras atribuições.

Segundo o texto, o CG-IBS será uma entidade pública sob regime especial, dotada de independência orçamentária, técnica e financeira, sem vinculação a nenhum outro órgão público.

Embora a coordenação fique a cargo do comitê gestor, as atividades efetivas de fiscalização, lançamento, cobrança e inscrição em dívida ativa do IBS continuarão a ser realizadas pelos estados, Distrito Federal e municípios.

Além da gestão do IBS, a proposta inclui o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), ambos planos de previdência privada, na incidência do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) e trata do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

Os deputados do grupo de trabalho que analisou o projeto incluíram uma isenção de ITCMD aos investidores que ficarem mais de cinco anos no VGBL, a contar da data do aporte. Para o PGBL, contudo, não valerá essa regra e a tributação ocorrerá independentemente do prazo.

Mauro Filho fez outras mudanças no parecer final. Uma delas foi estabelecer que será opcional para o contribuinte a antecipação do pagamento do ITBI para que o imposto incida na formalização da escritura pública no registro de imóveis. A inclusão de procuradorias no comitê gestor causou divergências ontem.

Nos bastidores, havia um temor de que a participação de procuradores prejudicaria o comitê. Entre argumentos levantados está até o de acesso à informação privilegiada por escritórios particulares. No entanto, o texto ficou como estava, com a participação das procuradorias no colegiado.

Inclusão do imposto sobre heranças e previdências privadas

A proposta retoma ainda a cobrança do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) - o imposto sobre herança - em planos de previdência privada. O texto prevê, porém, que investidores que ficarem mais de cinco anos no VGBL serão isentos.

Já o PGBL será tributado independentemente do prazo. A ideia é evitar o planejamento tributário na sucessão dos bens, de modo a evitar a fuga do pagamento de tributos.

“As pessoas mais ricas passavam anos aplicando em fundos, CDBs e todos os tipos de letras.
Mas depois, quando alcançavam 70 ou 75 anos, migravam para o VGBL, para fazer planejamento tributário e não pagar o ITCMD”, afirmou o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), durante a leitura do seu relatório, em plenário.

“Pelo acordo, o VGBL previdenciário que ficar no mínimo cinco anos não paga o imposto. ”A matéria aprovada ontem trata, principalmente, da distribuição das receitas para Estados e municípios, mas também de imposto sobre herança e transmissão de imóveis.

Conforme Mauro Filho, entre os destaques que vão ser analisados hoje, "um é o da distribuição proporcional de lucros. Se eu tenho dois filhos e for distribuir R$ 1 mil, R$ 500 vão para um filho e R$ 500 para o outro. Mas se o pai brigou com o filho e diz que vai dar R$ 700 para um e R$ 300 para o outro. Se ele fizer isso, sobre esses R$ 200 vai ter a incidência de ITCMD".

"O outro é o acordo da incidência sobre o VGBL Previdenciário. Nós negociamos com o empresariado para que fosse isento se tivesse no mínimo 5 anos. Isso foi acertado. Agora, o pessoal acha que não deve cobrar o ITCMD sobre o VGBL. Eu vou tentar me articular. Estão chegando algumas propostas", acrescentou Mauro Filho.

Em julho, a Câmara já havia aprovado o primeiro projeto de regulamentação da tributária, que trata de temas como Imposto Seletivo e cesta básica e está agora no Senado.

Confira os principais pontos do tema

O que é o IBS?

O Imposto sobre Bens e Serviços terá uma parcela estadual e outra municipal e será cobrado no local de consumo. Haverá uma alíquota de referências para estados e outra para municípios.

Quais as funções do Comitê?

Cobrança, fiscalização e distribuição do IBS.

Como ele será implantado?

O governo federal garante um financiamento de R$ 3,8 bilhões para a implantção. O comit}e deversá ser instalado 4 meses após a aprovação da lei.

Como será a fiscalização e a cobrança?

O Comitê coordena as ações que permanecem com estados e municípios, mas o contribuinte deve responder a um só ente federado que será escolhido para isso.

Como o comitê será financiado?

O orçamento do comitê gestor deverá ser aprovado pela maioria das assembleias legislativas. Está prevista 0,2% da receita do IBS para este financiamento.

Como funcionarão os processos administrativos?

O processo será único para o contribuinte. Ele terá 4 tipos de recursos e 3 instâncias recursais. A 2ª instância terá a participação dos contribuintes e a 3ª uniformizará processos.

Como se dará a integração entre o IBS e a CBS? 

Haverá um fórum de uniformização para integrar as ações da contribuição federal, a CBS, com o IBS.

Como serão as deliberações do Comitê?

No caso dos estados e do DF a aprovação depende da concordância da maioria absoluta, com correspondência da metade da população. No caso dos municípios, apenas a maioria absoluta.

Como se dará a distribuição da receita?

O IBS será devido para o município e para o estado onde o bem ou serviço foi consumido. Na fase de transição, será garantida a receita média observada entre 2019 e 2026.

Houve alguma alteração em relação ao projeto original? 

Sim. Houve a inclusão dos planos previdenciários PGBL e VGBL na incidência do imposto sobre doações e causa mortis (ITCMD).

Composição do conselho superior do Comitê 

  • 27 membros representando cada estado e o DF, indicados pelos governadores
  • 27 membros representando o conjunto dos municípios, indicados pelos prefeitos, sendo 14 com base nos votos de cada município, e 13 com base nos votos ponderados pela população

Fonte: Agência Câmara

Com informações de Adriano Queiroz

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