Casa dos Ventos obtém acesso à rede elétrica para projeto de amônia verde

Portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) libera a conexão do Projeto Iracema Amônia Verde à Rede Básica do Sistema Interligado Nacional. Medida significa avanço rumo à planta de hidrogênio verde no Pecém

15:26 | Ago. 06, 2024

Por: Samuel Pimentel
Área 2 da Zona de Processamento de Exportação do Ceará, na qual devem ser instaladas as indústrias de hidrogênio verde do hub do Pecém (foto: Gladison Oliveira/ZPE do Ceará)

O Projeto Iracema Amônia Verde recebeu aval do Ministério de Minas e Energia (MME) para acessar a Rede Básica do Sistema Interligado Nacional. O empreendimento pertence à empresa de energia Casa dos Ventos, em Caucaia.

A medida representa um avanço importante para os planos de instalação de uma planta industrial para produção de hidrogênio e amônia verdes no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

A Casa dos Ventos é uma das três companhias que já possuem licenciamento ambiental aprovado pelo órgãos estaduais e se aproxima de tornar pública sua decisão final de investimento (FID).

"A autorização é mais uma etapa cumprida para a implementação da referida planta, que segue o cronograma de desenvolvimento para um FID, conforme o planejado", afirmou a empresa ao O POVO.

De acordo com informações já divulgadas pela empresa, o projeto de produção de H2V no Pecém deve atrair US$ 900 milhões na construção de uma planta industrial com capacidade de produzir cerca de 378 mil toneladas de hidrogênio verde por ano.

O investimento se refere à primeira etapa do projeto, que deve ter ao todo quatro etapas, com produção máxima prevista para 2032. A perspectiva inicial é de que a produção comece em 2027.

Conforme a portaria, assinada pela Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento, os estudos técnicos comprovaram que o projeto da empresa "atende aos critérios de mínimo custo global de interligação e reforço nas redes e está compatível com o planejamento da expansão do setor elétrico para um horizonte mínimo de cinco anos."

A autorização permite com que haja o seccionamento da Linha de Transmissão Pecém II - Pacatuba C2, em 500 kV, além da construção de extensões de linha de transmissão em 500 kV com aproximadamente 3,5 km de extensão, conectando ao barramento de 500 kV da Subestação Pecém III, formando as Linhas de Transmissão Pecém II - Pecém III e Pacatuba - Pecém III, em 500 kV.

Outra construção a ser implementada é a de um novo pátio em 500 kV na Subestação Pecém III e as respectivas conexões. Também está prevista a construção de outra linha de transmissão, radial e aérea, em 500 kV, de aproximadamente 2,5 km de extensão, ligando a Subestação Pecém III à nova Subestação CDVH (da Casa dos Ventos, no Pecém) em 500 kV.

O último empreendimento a ser construído é um novo pátio de transformação na Subestação CDVH, em 500/34,5 kV e as respectivas conexões.

A ligação por meio das linhas de transmissão é necessária pelo fato de que a demanda da planta industrial da Casa dos Ventos deve demandar em torno de 140 MWm de energia renovável, que deve ser obtida de fontes de energia solar e eólica.

Na primeira fase, o projeto terá a capacidade de produzir 100 mil toneladas de amônia verde por ano.

Oferta de água de reúso para produção de hidrogênio no Pecém

Além de viabilizar as ligações com a rede de transmissão, a Casa dos Ventos firmou em junho deste ano um memorando de entendimento (MoU) com a Utilitas, empresa que atua no tratamento de água e efluentes.

O acordo visa o fornecimento de água de reuso para o projeto de produção de hidrogênio por meio de eletrólise da água. A vazão prevista na contratação é de até 1.500 m³/hora de água bruta de reuso.

“Este documento representa uma etapa relevante para a adoção de medidas ambientais sustentáveis ao longo de toda a cadeia produtiva do hidrogênio e da amônia verde no Pecém”, afirma o diretor de Engenharia da companhia, Francisco Habib.

O fornecimento de água bruta de reuso reforça os aspectos de sustentabilidade e de responsabilidade social que envolvem o empreendimento, uma vez que a água para atender à planta da Casa dos Ventos virá do reaproveitamento e do tratamento adequado do esgoto, reforça o executivo.

Ainda segundo a Casa dos Ventos, a decisão da empresa busca se diferenciar da maioria dos projetos de H2V já conhecidos no Pecém, que preveem o uso de água do mar, num processo de dessalinização, que segundo Habib produz um resíduo que eleva os níveis de salinidade no local caso seja devolvido ao oceano.

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