Processo para atrair empresas para terminal de gás no Ceará será em agosto, diz governo

Estado está sem abastecimento próprio de gás após decidir finalizar o contrato com a Petrobras. Combustível vem do Rio Grande do Norte e Companhia do Complexo do Pecém anuncia que vai abrir processo de atração de nova operadora

Em um cenário de restrição de gás natural liquefeito (GNL) no Estado para novos investimentos, a Companhia do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp SA) confirmou ao O POVO que vai abrir em agosto o processo para atração de um novo operador para o terminal de regás no Pecém.

A previsão de nova operação da termelétrica Pecém I, que será convertida de carvão para gás natural no Ceará, e que teve memorando de entendimento assinado na terça-feira, 30 de julho, entre o Governo do Estado e a empresa Mercúrio Asset, é também um dos motivos para acelerar o terminal de GNL.

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A situação é que desde janeiro deste ano, após término de contrato entre Executivo estadual e Petrobras, o Ceará está sem o navio de regaseificação que ficava no píer 2 do Porto do Pecém. Segundo a estatal, a decisão não partiu da empresa.

Atualmente, petroleiros e o mercado acenderam alerta para o combustível limitado no Estado, que demanda 500 mil m³ de gás por dia, excluindo a necessidade das termelétricas.

Isso porque, sem o navio no Pecém com capacidade para regaseificar 14 milhões de m³ por dia, o Ceará conta com o produto que vem do Rio Grande do Norte.

Além disso, em junho, um sinistro no gasoduto Nordestão, operado pela empresa TAG, levantou o debate sobre a dependência externa de gás no Estado.

Na ocasião de falha no gasoduto, hospitais, condomínios e indústrias em território cearense ficaram dependentes apenas de um fornecedor privado, a 3R Petroleum, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro/CE-PI) e fontes do mercado. 

Diante da situação, a Companhia de Gás do Ceará (Cegás) chegou a frisar que é assegurado que não há risco de desabastecimento. O que os especialistas do mercado também atestam. O cerne está em gás para expansão de empreendimentos.

Faz parte ainda do movimento de regás "permitir o uso do gás natural para a transição energética, substituindo carvão e óleo combustível nos usos térmicos e não térmicos", segundo detalhou a Cipp SA. 

Atualmente, devido à restrição de gás no Ceará, já houve impactos. Exemplo é o que relatam dirigentes do Sindipetro/CE-PI, que, segundo eles, a Termoceará, da Petrobras, ficou sem gás e tem usado diesel para produzir energia para o País. O que encarece a conta de luz do brasileiro.

A própria Petrobras confirma o uso do diesel e acrescenta que a ocorrência na TAG limitou a capacidade de atendimento "à UTE Vale do Açu, localizada também no Estado do RN."

Em nota ao O POVO, a empresa complementou que, no dia 24 de junho, a estatal e os demais usuários do serviço de transporte da TAG foram notificados sobre a ocorrência no sistema de transporte da TAG no Rio Grande do Norte.

Porém, a TAG reforçou que o atendimento a termelétricas no Ceará e Rio Grande do Norte foi limitado não pela empresa, mas em função da saída do terminal de GNL de Pecém.

Com informações da jornalista Ana Luiza Serrão

Veja: O porto do Pecém como a casa do Hub de Hidrogênio Verde

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