Ceará assina acordo para implementar usina termelétrica movida a gás natural
A iniciativa está prevista para ser instalada na Termelétrica Pecém I, em funcionamento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp)
10:18 | Jul. 31, 2024
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com a Mercúrio Asset para a implementação de uma usina termelétrica movida a gás natural.
A empresa é gestora de recursos com expertise em ativos energéticos e que lidera um grupo de grandes investidores na área.
"O documento colabora para a viabilização de um empreendimento pioneiro e inovador na produção de energia limpa: a primeira conversão, no Brasil, de uma usina termelétrica movida a carvão mineral para gás natural", detalhou o governador, por meio da rede social X (antigo Twitter).
A iniciativa está prevista para ser instalada na Termelétrica Pecém I, em funcionamento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
"A substituição do carvão mineral, considerado um dos combustíveis menos sustentáveis para a geração de energia, será um passo importante no processo de consolidação de uma indústria verde no país."
Atualmente, o Estado conta com 39 memorandos e 6 pré-contratos assinados com empresas responsáveis por empreendimentos em energias renováveis, sendo a maior parte por projetos de Hidrogênio Verde (H2V).
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Governo já apresentou projeto para criação de um hub de gás natural no Estado
Vale ressaltar, ainda, que a Companhia de Gás do Ceará (Cegás) e a Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece) apresentaram, no início de julho, o projeto de criação de um hub de gás natural no Estado.
A iniciativa foi apresentada ao Secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), Salmito Filho. Além disso, visa ser um atrativo de novos negócios e impulsionar o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
O anúncio veio logo após O POVO publicar uma matéria sobre incidente no gasoduto que vem ao Ceará, em um cenário de restrição de gás no Estado.
De acordo com o diretor-presidente da Cegás, Miguel Nery, "o Ceará precisa ampliar a oferta de gás natural, que por ser mais competitivo e gerar menos emissões do que outros combustíveis substitutos, atrairá muitos investimentos para o estado no atual contexto de transição energética."
Por sua vez, o diretor técnico comercial da companhia, Gustav Costa, acrescentou que o projeto concebido prevê uma conexão entre o hub de gás natural com o hub de hidrogênio verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
"A ideia é objetivamente aproveitar as instalações existentes no terminal do GNL, no Píer 2 do Porto do Pecém", explica.
Ele afirma que a essência do projeto, ainda não apresentado ao governador Elmano de Freitas, “consiste em ter uma oferta ampla de gás natural, através do terminal de regaseificação existente no Complexo do Pecém, aumentando a capacidade de entrega da Cegás e a possibilidade de atração de novos negócios no entorno. A gente não pode descartar a possibilidade de interiorizar a utilização do gás natural dentro do nosso Estado”.
Gustav Costa lembra que "o Cipp está buscando investidores para essa operação do terminal de regaseificação e a Cegás, junto com a Adece, propõe que ações sejam tomadas para viabilizar e facilitar a entrada desse novo player que vai operá-lo. Então, o que a gente está costurando é que tipo de incentivo pode ser entregue, vislumbrando a viabilidade da reutilização do terminal”.
Também ressalta que, atualmente, “a Cegás entrega por dia um volume próximo de 520 mil m³. É um volume que tem um potencial grande, mas para um crescimento sustentado, nós precisamos de uma maior oferta de gás natural para a região e essa maior oferta depende de que nós tenhamos um hub de gás instalado aqui no Porto do Pecém”.
Já o secretário da SDE, Salmito Filho, destacou que com um hub de gás, “o Ceará estará posicionado como um centro estratégico na cadeia de valor do gás natural no Brasil. Esse hub servirá como um ponto de referência para o estabelecimento de preços e contratos de gás natural, facilitando a liquidez e a transparência do mercado”.
Empresas demonstram interesse em operar no Pecém
Ademais, o presidente da Companhia do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Hugo Figueirêdo, detalhou que a Petrobras e mais três empresas do setor demonstram interesse em operar no píer 2 do Pecém. A escolha, portanto, será por meio de um processo seletivo no segundo semestre deste ano.
"Inclusive com esses novos leilões aqui de potência previsto para o segundo semestre a nível federal, então existe uma demanda muito grande de gás natural no Ceará da mesma forma que existem empresas interessadas, então o magistério tem que fazer um processo seletivo para identificar o operador", afirma.
A busca pela operação é porque desde janeiro deste ano, após o término do contrato entre o governo do Estado e a Petrobras, o Ceará está sem o navio de regaseificação.
Ele tinha a capacidade de regaseificar 14 milhões de m³ do produto por dia e ficava no píer 2 do Pecém. Segundo a estatal, a decisão não partiu da companhia.
Com alerta do mercado e dos petroleiros para o combustível limitado no Estado, que demanda 500 mil metros cúbicos (m³) por dia, excluindo a necessidade das termoelétricas, o presidente do Pecém ressalta que “não há nenhum risco do Ceará ficar sem abastecimento de gás natural."
Além disso, em janeiro deste ano, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará confirmou que a usina termelétrica Portocem, do grupo americano Ceiba Energy, havia cancelado a instalação no Estado, o que era, à época, a construção do hub de gás no Estado.
A térmica seria o segundo maior investimento privado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, com recursos de R$ 4,7 bilhões.
Boatos de cancelamento do projeto circulavam desde que a Shell tinha encerrado a negociação para fornecimento de gás natural para o empreendimento. (Colaborou Adriano Queiroz)