Importação de carros chineses cresce 924% em junho no Brasil; entenda

O alto percentual, portanto, pressionou a balança comercial do País, assim como a logística portuária

Os carros chineses foram os principais produtos importados para o Brasil, com um crescimento de 924%, em valor, e participação de 8,8%. O alto percentual, portanto, pressionou a balança comercial do País, assim como a logística portuária. O Nordeste, que terá montadora do setor na Bahia, leva vantagem.

Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). De acordo com o levantamento, o superávit da balança comercial em junho de 2024 foi de US$ 6,7 bilhões, uma queda de US$ 3,4 bilhões em relação a junho de 2023.

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"A piora no saldo se explica pelo recuo em valor de -1,9% nas exportações e aumento de 14,4% nas importações [...] A liderança nas importações, em termos de volume, foi da China", detalha o indicador. 

Conforme o estudo, uma das consequências do aumento das importações, especialmente de veículos elétricos, foi a alteração no cronograma de recomposição das alíquotas para carros elétricos, que funciona da seguinte forma:

  • 10% de Imposto de Importação desde janeiro de 2024
  • 18% em julho de 2024
  • 25% em julho de 2025
  • 35% em julho de 2026

"A razão seria poder assegurar o fortalecimento da produção desses veículos no Brasil", explica o documento.

A análise da pauta brasileira de importações da China por categoria de uso na base de dados do Icomex mostra ainda que, no primeiro semestre de 2022, a China explicava 19,2% das importações totais do Brasil de bens duráveis. No igual período de 2024, esse percentual subiu para 51%.

Nesse sentido, economistas da GEP COSTDRIVERS também destacam que a medida afoga a logística portuária chinesa, cuja oferta de embarcações não é capaz de atender a atual demanda.

Atualmente, a frota chinesa conta com apenas 33 navios dedicados ao transporte de automóveis, mesmo sendo a maior exportadora mundial. A quantidade é inferior ao Japão, que assumia essa posição anteriormente e contava com 284 navios.

Com isso, as embarcações destinadas a outros produtos estão sendo demandadas para suprir esse déficit, o que, em conjunto com os impactos causados pela Crise do Mar Vermelho no Canal de Suez, leva a um aumento de preços de transporte de containers globais.

Foi registrado, por exemplo, um aumento de 230% no frete Ásia-América do Sul no período de dezembro de 2023 a julho de 2024.

“Apesar de o governo incentivar a produção local, com projetos como o Mover, as iniciativas devem demorar alguns meses, se não anos, para apresentar um impacto significativo”, afirma Rodrigo Scolaro, economista da GEP COSTDRIVERS.

"No curto e médio prazo, o mercado brasileiro está sujeito aos possíveis impactos consequentes do aumento nos custos de fretes dos veículos chineses para o país. É esperado que haja um encarecimento além dos impostos, elevando também os valores dos transportes de outros itens, impactados pelo redirecionamento das embarcações para os veículos", complementa.

Diante deste cenário, desde março era observado um aumento de exportações de automóveis destinados aos Brasil, em uma estratégia que visava suprir o estoque local antes da nova taxação ser efetivada.

A BYD, uma das principais montadoras de elétricos atualmente, lidera esse movimento. No 1º trimestre do ano, a marca aumentou suas exportações globais em 150%.

Outro ponto é que a empresa chegou ao top 10 brasileiro de maiores marcas em licenciamento nos primeiros seis meses do ano, com um crescimento de 1.812% em relação à 2023.

No entanto, esse crescimento é feito, em maioria, por seus envios globais, e não produções locais, pressionando a logística portuária chinesa, que não consegue atender a toda a demanda.

Busca por veículos eletrificados usados aumenta 83%

Já o levantamento da Webmotors, ecossistema automotivo do Brasil e portal de negócios e soluções para o segmento, destaca que as buscas por veículos eletrificados usados na plataforma, considerando híbridos e elétricos, cresceram 83% no primeiro semestre de 2024 sobre os mesmos seis meses do ano passado.

Já entre os zero quilômetro da categoria, a procura aumentou 77% no igual período. Os dados também apontam incremento de 29% nas pesquisas por modelos a combustão usados no marketplace. Já entre os novos, a alta foi de 17% nos seis primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior.

“Identificamos um aumento significativo na procura por veículos eletrificados entre os usuários brasileiros, sinalizando uma crescente aceitação desses modelos no mercado automotivo do país”, analisa a CMO da Webmotors, Natalia Spigai.

"A alta nas pesquisas por modelos a combustão, ainda que mais modesta na comparação com os eletrificados, indica que há uma demanda diversificada no setor, evidenciando que os consumidores continuam a valorizar diferentes opções disponíveis e a buscar automóveis que atendam às suas necessidades e preferências pessoais", finaliza. 

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