Fórum ESG OPOVO: Mitigar impactos ambientais não é mais uma opção

Visão é do professor titular do Labomar (UFC), Luiz Drude de Lacerda, apresentada e discutida no 1º Fórum ESG O POVO

“Mitigação hoje em dia não é mais uma opção, é obrigação e nenhuma empresa vai virar uma empresa decente, grande e lucrativa se não atuar dessa forma”. A análise é do professor titular do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), Luiz Drude de Lacerda, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A questão foi apresentada nesta sexta-feira, 12, no 1º Fórum ESG, do Grupo de Comunicação O POVO, evento gratuito que abordou as principais soluções sustentáveis do presente.

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No primeiro painel, voltado às questões ambientais, Drude debateu o tema com a CEO da HL Soluções Ambientais, Laiz Hérida, com Romildo Lopes, coordenador de meio ambiente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e Elisângela Teixeira, vice-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan Fortaleza). O quadro foi mediado pela editora-chefe de Economia do O POVO, Beatriz Cavalcante.

Além de mitigar os impactos, o professor também pontuou que é necessário pensar em formas de adaptação dentro do mercado.

“Quando eu digo adaptação, por exemplo, é não construir a 10 metros do mar, quando eu falo em adaptação, é não construir em condição civil que já não venha preparado com uma temperatura mais elevada e por aí a fora”.

Dentro do mercado de energia, Laiz Hérida analisa os desafios enfrentados dentro da produção energética.

“Hoje, a maior estratégia é a utilização de energia renovável, que o intuito é descarbonizar a economia, então para descarbonizar a gente tem que mudar muito a premissa dos commodities e da energia que é consumida para a produção de geração de produtos e serviços”.

A CEO ainda destaca que apesar do impacto maior ser gerado pelas grandes empresas, as micro e pequenas também enfrentam empecilhos para adotar práticas mais sustentáveis na produção, como a escolha de uma matéria-prima.

“São esses desafios que a gente tem visto e fico muito feliz em ver, que mesmo com os desafios, muitas empresas estão adotando a pauta ambiental como estratégia e não como tema secundário, que é muito comum também a gente ver no mercado”.

Já dentro da governança pública, Elisângela apresenta as medidas realizadas dentro de Fortaleza, como ciclovias e pavimentação de ruas.

Para Romildo Lopes, o tema da descarbonização dentro da Cagece foi ainda mais impulsionado pela questão do ESG.

“A gente foi criando frentes tanto para que nós pudéssemos descarbonizar quanto bem neutralizar, então a gente criou um programa atrelado à política ambiental da empresa, que sofreu mudanças para entender o que entrava na empresa, porque isso também influencia na nossa pegada de carbono. Então todo esse cenário é desenhado e eu acho que é isso que as empresas precisam vislumbrar, que é o que o ESG vende”.

O 1º Fórum ESG também contou com a presença do presidente-executivo do O POVO, João Dummar Neto, que destacou a importância do evento.

“O nosso compromisso como grupo de comunicação é dar luz a isso (ESG), é trabalhar neste tema, é tentar traduzir isso para o nosso dia a dia, o dia a dia das empresas, é dar vida como ela é”.

Nesse sentido, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, disse que "três letrinhas vão dominar o mundo nos próximos dez anos: ESG. Essas letras precisam ser muito bem trabalhadas, entendidas e explicadas, não só para a população, mas também para as pessoas que produzem".

1º Fórum ESG: Cases Ambientais

A cerimônia também apresentou empresas que já são ativas nas causas ambientais no Ceará.

Rebeca Wermont, sócia-head da YBY Soluções Sustentáveis, destaca os marcos da empresa que trabalha com soluções de lixo zero, com foco em compostagem de resíduos orgânicos.

Há oito anos, a YBY já reciclou mais de 10 mil toneladas, mais de 3 mil toneladas de resíduos orgânicos compostados, mais de mil toneladas de adubos doados para agricultores familiares e outras instituições, além de R$ 1 milhão de renda gerada para catadores do Norte e Nordeste.

Também no ramo da reciclagem, a Francinete Cabral Lima, também conhecida como Dona Nete, é fundadora da Sociedade Comunitária de Reciclagem de Resíduos Sólidos do Pirambu (Socrelp).

Criada há 30 anos, a Socrelp atua em quase todo o território de Fortaleza e Região Metropolitana. Hoje, o grupo conta com uma média de 45 mil quilos por mês de material comercializado.

Já na parte social, são cerca de 16 famílias beneficiadas com a reciclagem. Também há participação no Programa Mesa Brasil, com doação de alimentos, cursos de empreendedorismo e artesanato.

Moradora do Ceará há 58 anos, a maranhense pontua que a Capital era para estar mais
“ambientada” com a coleta seletiva.

“Eu peço para todo mundo ajudar, porque esse tempo todinho a gente ainda não consegue coletar para pagar um salário às 16 pessoas que trabalham com a gente”.

No ramo industrial, Arthur Ferraz, head de relações externas da Solar Coca-Cola, pontua as estratégias da empresa dentro do ESG, principalmente com a água.

Uma das principais ações desenvolvidas pela Solar é a conservação e reposição hídrica, que busca atingir a neutralidade hídrica nas áreas onde estão inseridos.

Outra medida é a implantação do programa Águas Para Educar, que é a construção de cisternas em lugares onde as pessoas não tem garantia de acesso à agua de forma perene. A ação já atingiu mais de 280 famílias.

Também, há busca por expandir o acesso à água potável em comunidades do Norte e Nordeste, além da criação de projetos que educam e integram a comunidade no manejo consciente da água.

Em relação ao gasto do líquido, Arthur apresentou que em 2013, um refrigerante de 2 litros gastava 2,37 litros de água. Hoje, o gasto é de 1,69 litros de água para a mesma quantidade de refrigerante.

A meta para 2031 é gastar 1,4 litros de água para produzir o produto.

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