Sem terminal de gás, Governo do Ceará quer atrair novo operador para o Pecém

Estado está sem abastecimento próprio de gás após decidir finalizar o contrato com a Petrobras. Combustível vem do Rio Grande do Norte e Cegás anuncia que vai abrir processo de atração de nova empresa

Em um cenário de restrição de gás no Estado, a Companhia do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp SA) confirmou ao O POVO que vai abrir, "em breve", processo para atração de um novo operador para o terminal de regás no Pecém.

A situação é que desde janeiro deste ano, após término de contrato entre Executivo estadual e Petrobras, o Ceará está sem o navio de regaseificação que ficava no píer 2 do Porto do Pecém. Segundo a estatal, a decisão não partiu da empresa.

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Atualmente, petroleiros e o mercado acenderam alerta para o combustível limitado no Estado, que demanda 500 mil m³ de gás por dia, excluindo a necessidade das termoelétricas.

Isso porque, sem o navio no Pecém com capacidade para regaseificar 14 milhões de m³ por dia, o Ceará conta com o produto que vem do Rio Grande do Norte.

Além disso, em junho, um sinistro no gasoduto Nordestão, operado pela empresa TAG, levantou o debate sobre a dependência externa de gás.

Na ocasião de falha no gasoduto, hospitais, condomínios e indústrias em território cearense ficaram dependentes apenas de um fornecedor privado, a 3R Petroleum, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro/CE-PI) e fontes do mercado.

A análise de Bruno Iughetti, especialista na área de Petróleo e Gás, é que o Estado não pode ficar "pendurado" em fornecedor de fora e tem de ter seu próprio terminal de regaseificação. 

Ricardo Pinheiro, consultor em Engenharia de Petróleo e Energias, corrobora com o pensamento e acrescenta que do jeito que está o Ceará tem combustível suficiente para a manutenção das operações atuais, mas não tem robustez, e a expansão industrial fica limitada.

Diante da situação, a Companhia de Gás do Ceará (Cegás) primeiramente frisa, em nota, que é assegurado que não há risco de desabastecimento.

A Cipp SA acrescenta ainda que o processo para atrair novo operador para o terminal de regás no Pecém "é para permitir o uso do gás natural para a transição energética, substituindo carvão e óleo combustível nos usos térmicos e não térmicos."

Sobre a falha no gasoduto, ao O POVO, a TAG comunica que não houve "qualquer interrupção ou falha no serviço de transporte de gás natural que abastece os estados do Ceará e Rio Grande do Norte".

Porém, nota do Governo do Estado destaca que o assunto ainda não foi resolvido.

"Um comitê de monitoramento, formado por produtores ligados ao Polo de Guamaré, carregadores e a TAG, juntamente com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Ministério de Minas e Energia (MME) está analisando as melhores alternativas para a normalização do gasoduto."

Além disso, a Cegás complementa que tem participado ativamente junto ao comitê e tem mantido a Agência Reguladora do Estado (Arce) atualizada a respeito da questão.

Atualmente, devido à restrição de gás no Ceará, já há impactos. Exemplo é o que relatam dirigentes do Sindipetro/CE-PI, que, segundo eles, a Termoceará, da Petrobras, ficou sem gás e tem usado diesel para produzir energia para o País. O que encarece a conta de luz do brasileiro.

A própria Petrobras confirma o uso do diesel e acrescenta que a ocorrência na TAG limitou a capacidade de atendimento "à UTE Vale do Açu, localizada também no Estado do RN."

Em nota ao O POVO, a empresa complementou que, no dia 24 de junho, a estatal e os demais usuários do serviço de transporte da TAG foram notificados sobre a ocorrência no sistema de transporte da TAG no Rio Grande do Norte.

Porém, a TAG reforça que o atendimento a termelétricas no Ceará e Rio Grande do Norte está limitado não pela empresa, mas em função da saída do terminal de GNL de Pecém.

Veja: O porto do Pecém como a casa do Hub de Hidrogênio Verde

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