Com queda nas exportações, concorrência da China preocupa setor de aço
A preocupação surge em um contexto de queda nas exportações, visto que em maio de 2024, o ferro fundido, o ferro e o aço obtiveram uma expressiva diminuição de 63,9% em relação ao igual mês do ano anteriorA concorrência predatória da China, que subsidia sua produção de aço e, portanto, vende a preços abaixo do custo de produção, tem preocupado o setor de aço. É o que afirma Cristina Yuan, diretora de assuntos institucionais no Instituto Aço Brasil.
"Essa prática desleal tem levado vários países, incluindo os EUA e a União Europeia, a adotarem medidas de defesa comercial. Recentemente, o governo brasileiro também adotou medidas para proteger o mercado doméstico, estabelecendo cotas tarifárias para 11 produtos siderúrgicos. Essas cotas foram calculadas com base na média de importações de 2020 a 2022, acrescida de 30%."
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A preocupação surge em um contexto de queda nas exportações, segundo os dados do Ceará em Comex, estudo de inteligência comercial produzido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
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Em maio de 2024, o ferro fundido, o ferro e o aço obtiveram uma expressiva diminuição de 63,9% em relação ao igual mês do ano anterior. Além disso, Cristina Yuan afirma que o crescimento de aço per capita está diretamente relacionado ao crescimento econômico de um país.
"Nos últimos anos, o país vem tendo um crescimento econômico menor, com aumento significativo das importações. A produção de aço caiu em 2023 comparado com 2022. As vendas internas também tiveram uma queda de 4,2%. Houve uma queda nas exportações, e um aumento expressivo de 50% nas importações de produtos siderúrgicos em relação ao ano anterior. Esta é uma situação preocupante para o setor."
Nesse sentido, Erick Torres, CEO da ArcelorMittal na unidade Pecém, produtora de aço mundial, acredita que a capacidade de atender tanto o mercado interno quanto o mercado externo é um diferencial competitivo para a empresa.
"Atualmente, estamos operando com cerca de 40% da nossa produção destinada ao mercado interno e 60% ao mercado externo. A localização geográfica desta planta específica nos confere uma grande vantagem, pois estamos em uma zona portuária, o que facilita a exportação e processamento."
Vale ressaltar ainda que, de acordo com os dados da produtora de aço, o volume de exportações no primeiro quadrimestre de 2024 foi de 686.610 toneladas, 31% superior ao registrado no igual período de 2023 (523.661).
"Quando falamos de exportação, é importante destacar que temos condições e competitividade para estarmos presentes nos mercados internacionais. Nossa planta produz tipos de aço que não são fabricados em nenhum outro lugar do mundo, graças à nossa capacidade tecnológica. Isso nos dá uma vantagem competitiva significativa", explica o CEO.
Porém, ele ressalta que alguns ajustes são necessários para que o setor possa ser ainda mais competitivo e garantir seus produtos no mercado de exportação.
"Não estamos buscando protecionismo, mas sim reciprocidade. Quando exportamos aço para a Europa, por exemplo, somos submetidos a taxas e critérios específicos. Da mesma forma, acreditamos que deve haver reciprocidade quando aço de outros países é importado para o Brasil."
Outro ponto destacado por ele é que a ArcelorMittal vem avançando em termos de logística, mirando o mercado interno.
"Em julho, estamos inaugurando um modal de transporte por barcaça, que viabilizará a ligação entre nossa planta em Santa Catarina e o Nordeste, transportando bobinas laminadas a frio e revestidas. A sinergia entre as unidades que está ocorrendo é receber laminados da unidade de Vega (Santa Catarina) pelo Porto do Pecém e levar placas de aço da unidade Pecém (Ceará) para a unidade de Tubarão (Espírito Santo)."