Nordeste é a região do País com os piores índices em habilidades digitais

Em comparação com a população nacional, que 29,9% possuem conhecimentos digitais básicos, no Nordeste essa quantidade é de 19,8%

A região Nordeste apresentou os piores índices nos três níveis de habilidades digitais. Em comparação com a população nacional, que 29,9% possuem conhecimentos digitais básicos, no Nordeste essa quantidade é de 19,8%.

Ou seja, apenas 19,8% dos habitantes do Nordeste conseguem realizar atividades digitais básicas, como mover um arquivo de um computador para outros dispositivos, usar a ferramenta de copiar e colar ou simplesmente enviar emails com anexos.

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Os dados são da pesquisa realizada pela Superintendência de Relações com os Consumidores (SRC) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com informações referentes ao ano de 2023.

O estudo considera que para se ter habilidade intermediária a pessoa precisa conseguir usar uma fórmula aritmética básica em uma planilha, conectar ou instalar novos equipamentos com ou sem fio, como modem, impressora, câmera ou microfone ou, ainda,criação de apresentações eletrônicas com software de apresentação.

E a habilidade avançada consiste em criar programa de computador ou aplicativo de celular usando linguagem de programação.

Dentre as regiões, os melhores índices nos três níveis de conhecimento foram do Sudeste.

Em relação ao nível intermediário, por exemplo, a diferença entre a quantidade de pessoas no Nordeste (12%) e no Sudeste (21,5%) foi de 9,5 pontos percentuais (p.p.).

De acordo com a pesquisa, considerando que os 88% da população do Nordeste com 10 anos ou mais que não possuem habilidades digitais intermediárias equivalem a aproximadamente 44 milhões de pessoas.

"Cerca de 4,8 milhões de pessoas teriam que alcançar o nível intermediário de habilidades tão somente para que a proporção futura do Nordeste se equipare à atual proporção do Sudeste”, destaca.

Cenário brasileiro

O Brasil foi o terceiro pior País entre os 14 que possuem informações disponíveis nos três quesitos: habilidade básica, habilidade intermediária e habilidade avançada.

No País, apenas 29,9% da população consegue realizar atividades digitais consideradas básicas. Esse número representou um crescimento de 2,1 pontos percentuais (p.p.) em comparação com 2022.

Além disso, em relação a habilidades digitais intermediárias (17,9%) e avançadas (4,2%), a quantidade de pessoas foi, respectivamente, 0,5 e 0,8 p.p. maior que o registrado em 2022.

Considerando as habilidades básicas e intermediárias, a performance do Brasil é superior apenas à da África do Sul, Turquia (básicas) e Rússia (intermediárias). Já nas habilidades avançadas, o resultado do país é maior somente que o da Rússia e Turquia.

Habilidade digital, classe social e nível de renda

De acordo com o estudo, quanto maior a classe social maior é o percentual de habilidades digitais em todos os níveis, exceto para as habilidades avançadas na classe B, que é 8 p.p. maior que a da A, e na classe C, que é 1,1 p.p. superior ao registrado na classe A .

A maior variação se encontra na habilidade básica, o maior número de pessoas com esse conhecimentos estão na classe A (53,5%) e B (48,9%). Nas classes D e E, que representam maioria da população brasileira esse percentual é de apenas 12,5%

Em relação à renda, a aptidão segue a mesma tendência da classe social, em geral, as pessoas que recebem mais possuem mais conhecimentos digitais básicos e intermediários.

O grupo que possui renda de até um salário mínimo é de 16,7%. Esse montante representa uma diferença de 44,3 p.p. em relação à parcela da população que recebe mais de dez salários mínimos (57,1%).

Na habilidade intermediária essa variação é menor (33,2 p.p.). Porém, a pesquisa aponta que a baixa aptidão tecnológica entre os que recebem até três salários mínimos demonstra que é necessário direcionar esforços de alfabetização digital para essas faixas.

“Considerando-se a soma das pessoas sem renda, com renda de até 1 salário mínimo, com renda entre 1 e 2 salários mínimos e com renda entre 2 e 3 salários mínimos, a população total resultaria em cerca de 122 milhões de indivíduos com mais de 10 anos, sendo que 12,5%, aproximadamente 15,3 milhões, teriam habilidades intermediárias. Ou seja, haveria uma lacuna de cerca de 107 milhões de pessoas sem esse nível de habilidade, apenas entre a população de menor nível de renda”, destaca.

Habilidade digital e gênero

De acordo com a pesquisa, homens possuem mais habilidades digitais do que mulheres em todos os níveis de conhecimento. A diferença é de:

  • Nível básico: 5,1 p.p.
  • Nível intermediário: 6,5 p.p.
  • Nível avançado: 3,6 p.p.

Segundo a nota, “embora não seja uma diferença tão grande quanto as verificadas em outros recortes (tais como nível de renda e região), ainda assim se está tratando, em âmbito nacional, de aproximadamente 5 milhões de meninas e mulheres que precisariam adquirir habilidades digitais de nível intermediário para que se possa alcançar a paridade de gênero, considerando-se uma improvável estabilidade na proporção de meninos e homens com o mesmo nível de habilidades”, ressalta.

Habilidade digital e grau de instrução

Já no que concerne ao grau de instrução, pessoas com nível superior possuem índices de habilidades digitais muito mais elevados do que o resto da população. Nas habilidades básicas, a diferença entre a população com ensino fundamental (13,6%) e superior (53,3%) é de 39,7 p.p.

Já em habilidades intermediárias, a diferença é de 23,8 p.p. entre ensino superior (32,8%) e fundamental (9,0%).

Os piores percentuais foram observados na parcela da população que não possui grau de instrução ou está no ensino infantil. Desse público apenas 4,5% possuem habilidades digitais básicas.

Habilidade digital e idade

Em relação à faixa etária, as pessoas com 25 a 34 anos possuem os melhores resultados nos três níveis de conhecimentos. Em contrapartida, os indivíduos com mais de 60 anos apresentaram os piores índices.

A diferença entre as duas faixas de idade em cada nível de conhecimento digital é de:

  • Nível básico: 40,2 p.p.
  • Nível intermediário: 27 p.p.
  • Nível avançado: 5 p.p.

Habilidade digital e cor

A população declarada como branca teve os melhores resultados em todos os níveis de habilidades digitais. Em comparação com as pessoas indígenas, que obtiveram os piores resultados nas habilidades básicas, a diferença foi de 19 p.p.

Já em relação ao nível intermediário, o pior índice foi o de indivíduos declarados como amarelos (13,2%)

A população preta foi a segunda com maior proporção de pessoas com habilidades digitais básicas e intermediárias, com 28,8% e 19%, respectivamente.

Habilidade digital e área

A população que mora em áreas urbanas possuem mais conhecimento digital do que a parcela que se encontra em áreas rurais.

Em 2023, a distância entre os grupos foi maior nas habilidades básicas, com diferença de 12,1 p.p., sendo que 31,3% da população urbana possuía habilidades digitais básicas, enquanto esse número na rural era de apenas 19,2%. Quanto às habilidades intermediárias, a diferença da área urbana para a rural é de 7,5 p.p.

Além disso, na comparação entre 2022 e 2023 os dois níveis de habilidades tiveram resultados melhores, tanto na área urbana quanto na rural.

Plano Estratégico da Anatel 2023-2027

O Plano estratégico da Anatel 2023-2027 encabeçado pela SRC, possui o objetivo de impulsionar a alfabetização digital no Brasil.

O plano estabelece meta de elevar em 30% a proporção de pessoas com habilidades digitais intermediárias até 2027. Dessa forma, o objetivo é que em 2027 30% da população brasileira tenha aptidão digital intermediária, ou seja, 12,1 p.p. a mais do que o registrado em 2023.

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