Projeto de kitesurfe retira quase o dobro da meta de lixo em ambientes costeiros

A iniciativa teve início em agosto de 2023 e associou o kitesurfe a práticas de educação ambiental, promoção da cultura oceânica e limpeza de ambientes costeiros

O projeto Kite for the Ocean (K4tO) conseguiu retirar cerca de 85 toneladas de resíduos em ambientes costeiros, incluindo rios e mangues, do Ceará. O resultado é quase o dobro da meta inicial, de 44 mil toneladas. 

Os dados foram apresentados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Winds For Future, idealizador do programa, no Hub Cumbuco.

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A iniciativa teve início em agosto de 2023 e associou o kitesurfe a práticas de educação ambiental, promoção da cultura oceânica e limpeza de ambientes costeiros. Também recebeu, no final do ano, a chancela da Unesco como atividade da Década do Oceano.

Para Jorge Borrell, presidente do Instituto Winds for Future, a prática é ambientalmente correta e transforma resíduos em energia limpa, além de reduzir o lixo que poderia poluir o oceano ou gerar emissões em aterros sanitários.

Sobre metas para o projeto de 2024/2025, prevista para iniciar em agosto deste ano, o presidente explicou que ainda estão pensando qual será o número.

"Estamos calculando. A gente se comprometeu com 44 mil toneladas, chegamos a 85 e é muito difícil. Agora temos aquela pergunta: fizemos o compromisso, será que vamos além? Mas vamos fazer o máximo."

Além disso, querem expandir a a instalação de ecobarreiras ao longo do Riacho Severo e canal leste, na cidade de Fortaleza, e manter as atividades em ambientes costeiros através de mutirões e limpezas mecanizadas.

Já um dos cofundadores do Winds for Future, Rômulo Soares, explicou o surgimento do projeto. O grupo é formado por surfista e, com isso, descobriram que o kitesurf tem uma grande conexão com o meio ambiente devido a uma característica própria do esporte: o vento.

"Eles percorrem, às vezes, centenas de quilômetros pelo litoral. Então, são grandes observadores da qualidade das praias. E aí sempre vinha o desafio: nós temos muito plástico na praia, muito lixo. Como é que podemos nos engajar nisso? Então, lançamos um desafio global: vamos chamar a sociedade civil para, a cada 1 km percorrido, retirar 1 kg de lixo."

Rômulo Soares também reforçou que a adesão dos kitesurfistas foi muito maior do que esperávamos, mesmo com o desafio tecnológico de contabilizar os quilômetros por meio de um aplicativo.

"Conseguimos dar duas voltas e dobramos a meta de quilos de lixo retirados. Nos últimos oito meses, foi um esforço conjunto de muitas mãos — públicas, privadas e de ONGs — para atingir a meta de 85 toneladas. O mais desafiador foi retirar o resíduo, mas isso se mostrou importante."

Além de retirar o resíduo do ambiente costeiro e evitar que ele fosse para o mar, ele explica que o instituto garantiu que fosse para uma destinação adequada.

"Parte do lixo foi para recicladores, gerando renda, outra parte foi para processamento, substituindo outras matérias-primas. E o que não pôde ser reciclado foi para um aterro sanitário adequado."

Sobre os locais com mais lixo, Rômulo Soares ressalta que os que apresentavam maiores quantidades eram os rios, com destaque para o Rio Ceará.

"Ele é a divisa entre Fortaleza e Caucaia, e percorre regiões como Conjunto Ceará, Tabapuá e Bom Jardim, que são bairros densamente povoados e com desafios de limpeza e saneamento. Tudo acaba indo para o rio, representando um grande desafio nessa bacia hidrográfica do rio Ceará."

O projeto Kite for the Ocean utilizou três métodos principais para alcançar suas metas de limpeza: mutirões de limpeza de praia, com a coleta de 7.667 quilos de resíduos, dos quais 1.744 quilos foram destinados à reciclagem e 5.922 quilos a aterros sanitários.

Além da Limpeza Mecanizada, em parceria com a Secretaria de Turismo do Ceará (Setur-CE), em que foram realizadas limpezas mecanizadas nas praias de Caucaia, Aquiraz e Fortaleza, com o recolhimento de 73.551 quilos de lixo.

Destes, 381 quilos foram reciclados, 6.414 quilos foram coprocessados e 66.755 quilos foram destinados a aterros sanitários.

Impacto no turismo

Nesse sentido, a secretária do Turismo, Yrwana Albuquerque, reforçou que manter um ambiente limpo e saudável é parte da responsabilidade do órgão para o desenvolvimento econômico e social do turismo de forma equilibrada e direcionada.

"Agora, estamos planejando para 2024 e 2025, onde não atuaremos apenas no nosso litoral, mas também participaremos da instalação de barreiras ecológicas que são necessárias para impedir que o lixo chegue ao oceano."

As ecobarreiras, conforme mencionadas pela secretária, foi um dos métodos utilizados no projeto Kite for the Ocean e conseguiu reter aproximadamente 4.585 quilos de resíduos. 

Em parceria com a Prefeitura de Caucaia, foram desenvolvidas e implementadas no Riacho Severo, que percorre uma área densamente povoada nos municípios de Fortaleza e Caucaia. Foi a primeira barreira para conter lixo licenciada no estado do Ceará.

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