Produção de açaí no Ceará pode ser melhor do que a do Pará; entenda

Segundo Eliseu Belort, consultor técnico em fruticultura irrigada, o fruto produzido aqui recebe uma luminosidade mais alta, facilitando o cultivo.

Com um forte mercado de consumo que cresce 15% ao ano, o açaí cultivado no Ceará tem o potencial de ser melhor do que o do Pará, conforme explicou Eliseu Belort, consultor técnico em fruticultura irrigada, durante o evento da PEC Nordeste 2024

Isso porque o fruto precisa de três áreas para a escolha do local de plantio: infraestrutura, solo e clima. Neste último quesito, o Ceará se destaca em relação ao Pará, visto que a luminosidade do primeiro é de 4380 hl/ano enquanto a do segundo é de 2389 hl/ ano. "Aqui a gente tem capacidade de produzir o açaí com muito mais qualidade."

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Além disso, Eliseu Belort afirma que a segurança hídrica é fundamental para o cultivo de açaí, ou seja, é importante procurar regiões que tragam essa garantia. Há também a questão da temperatura. No Estado, existe uma plantação há mais de cinco anos em Paracuru, na Fazenda Agropar. 

"A temperatura é um fator limitante para o cultivo do açaí. No Ceará, as condições são favoráveis, com temperaturas que raramente caem abaixo de 15 graus. A suplementação hídrica é crucial, pois o açaí não tolera bem o excesso de água e pode travar seu crescimento", ressalta. 

Antes de iniciar o plantio, é necessário fazer um preparo adequado do solo, análise e correção, sendo que a tecnologia de aumento de fertilidade é essencial para maximizar a produção.

"A correção do solo, especialmente em relação ao pH, é vital. Um pH adequado melhora a disponibilidade de nutrientes e reduz a toxicidade de elementos como o alumínio, que pode ser prejudicial às plantas."

Portanto, o consultor técnico em fruticultura irrigada reforça que o foco deve estar em garantir a segurança hídrica, qualidade do solo e genética das plantas, além de um bom entendimento do mercado e das competências profissionais necessárias.

Pensando nisso, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do Ceará quer estimular a plantação de açaí no Estado, segundo o secretário-executivo do agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro.

"O açaí é uma cultura que eu acredito que tem um grande potencial e pode dar grande salto na produção no Estado. Tem demonstrado isso em algumas regiões, principalmente no Paracuru. É uma cultura que tem uma demanda gigante no Brasil", afirmou. 

Além do açaí, existem outros projetos de estímulo a culturas como o cacau, mirtilo, caju, café e a acerola orgânica. Esta, especificamente, o secretário afirmou que muita gente quer comprar, porém, não tem o suficiente.

Já o café é uma grande aposta da SDE. Isso porque, segundo Sílvio Carlos Ribeiro, está sendo incentivada a produção de café de boa qualidade, orgânico e regionalizado, agregando valor e rentabilidade ao agricultor.

Governo quer atrair novos investidores para o agronegócio

O secretário-executivo do agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro, também destacou que agora o foco das ações é promover e atrair novos investidores, criando para as empresas poderem produzir.

A Serra da Ibiapaba, por exemplo, é a região com o maior valor bruto de produção, destacando-se em hortaliças e flores, com o tomate como principal produto.

"Estamos buscando investidores, destacando áreas como a da divisa com o Rio Grande do Norte, que é livre de mosca das frutas, propícia para melão e melancia. Muitos investidores de outras regiões do Brasil e do exterior estão interessados."

De acordo com Sílvio Carlos Ribeiro as empresas que o governo está em contato são da Espanha, Chile e Peru, que é o maior exportador de frutas da América do Sul, para potencializar nossas exportações para Europa, Estados Unidos, Oriente Médio e Ásia.

"Temos buscado tecnologias e novas atividades para transformar o nosso agro. O Ceará tem uma área muito boa para produzir frutas e determinadas espécies de frutas, além de uma localização estratégica no Atlântico e infraestrutura portuária, o que facilita a exportação."

Um deles é o de culturas de alto valor agregado, em que visa propiciar ao agricultor a produção de culturas com maior valor de venda. Além do programa Cientista Chefe da Agricultura e da Pecuária, que desenvolve novas variedades adaptadas ao clima e região do Ceará.

"Nos últimos anos, o grande desafio da agricultura irrigada tem sido a disponibilidade de recursos hídricos. Com a mesma quantidade de água, podemos produzir mais em termos de valor bruto. Precisamos trazer tecnologia, sensibilizar o agricultor e fazer a interlocução com o setor de recursos hídricos."

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