Em quatro anos, percentual de nordestinos dependentes do Bolsa Família salta para 35%, diz IBGE

De acordo com os dados da Pnad Contínua - Rendimento de todas as fontes 2023, dependência dos moradores da Região por programas sociais subiu, alcançou mais lares e é quase o dobro da média nacional. Mas, renda desse público saltou

A dependência dos moradores do Nordeste de programas sociais do governo aumentou e alcança 35% dos lares. Em 2019, esse percentual era de 29%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua - Rendimento de todas as fontes 2023.

Conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os dados revelam que os moradores do Nordeste são os que mais dependem dos benefícios, seja o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) entre outros.

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Conforme os dados, o Nordeste e o Norte puxam a média nacional para cima. Os nortistas também observaram alta na quantidade de domicílios beneficiados, saltando de 26,3% em 2019, para 31,7% em 2023.

No mesmo período, a média nacional saltou de 14,3% para 19%, entre 2019 e 2023, respectivamente.

O relatório do IBGE lembra que a série histórica mais alongada revela que a proporção de domicílios com algum beneficiários do Bolsa Família era de 16,6% em 2012 e esse percentual veio caindo nos anos seguintes.

"Com o início da pandemia de covid-19, em 2020, parte dos beneficiários do Bolsa Família passaram a receber o Auxílio Emergencial, benefício criado para fazer frente à pandemia, o que explica a redução dessa proporção para 7,2% no ano, e o aumento brusco da proporção de domicílios com recebedores de outros programas sociais de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020."

Ainda de acordo com o relatório, o fim do Auxílio Emergencial, a implementação do Auxílio Brasil e a posterior retomada do Bolsa Família culminou com um salto de demanda pelo programa social.

Valor médio obtido com trabalho sobe menos do que com Bolsa Família

Os dados da Pnad Contínua para o Nordeste apontam que entre 2019 e 2023, a renda média dos trabalhadores do Nordeste com trabalho subiu de R$ 1.887 para R$ 1.991, um avanço percentual de 5,5%.

Já o indicador "Outros rendimentos", que inclui os programas sociais como Bolsa Família e BPC - além de outras fontes de renda como aplicações financeiras, saltou de R$ 503 para R$ 785, entre 2019 e 2023, respectivamente.

Esse movimento, impulsionado especialmente pelo aumento do valor médio pago aos beneficiários do Bolsa Família, gerou um salto percentual de 56% neste tipo de rendimento mensal no Nordeste.

Rendimento médio mensal real domiciliar per capita

Os dados do IBGE também revelam um cenário desafiador para o Nordeste quando o assunto é renda domiciliar. Entre 2019 e 2023, o valor variou de R$ 1.098 para R$ 1.146, o menor avanço do País no período.

A região que observou o maior avanço foi o Centro-Oeste, saltando de R$ 1.957 para R$ 2.202.

Rendimento dos mais pobres deu um salto

O rendimento médio mensal das famílias brasileiras cresceu 11,5% entre 2022 e 2023, saltando para R$ 1.848 por mês.

Neste cenário, o que mais contribuiu para esse aumento médio foi o crescimento dos ganhos da população mais pobre.

Entre os 40% de renda mais baixa, houve um aumento de 17,6% no valor médio por mês por cada pessoa da família, para R$ 527.

Já entre os 5% mais pobres do País, o salto foi de 38,5%. Essa parcela da população representa um montante de cerca de 10 milhões de brasileiros extremamente pobres.

Apesar da alta na renda mensal dessas famílias, o valor ainda é baixo, de R$ 126 por pessoa.

No cálculo do Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, entre 2022 e 2023 houve reduções a níveis nunca antes calculados pelo IBGE na série histórica desde 2012.

No Nordeste, o impacto foi ainda mais relevante. Entre 2019 e 2023, considerando os programas sociais como Bolsa Família e transferências do governo, a queda da desigualdade de renda chegou a 8,45%.

Isso fez com que o Índice de Gini medido no Nordeste ficasse similar ao observado na região Sudeste.

Rendimento mensal médio - Por Região em 2023

  • Norte: R$ 2.255
  • Nordeste: R$ 1.885
  • Sudeste: R$ 3.308
  • Sul: R$ 3.149
  • Centro-Oestre: R$ 3.355
  • BRASIL: R$ 2.846

Rendimento mensal médio do Nordeste - detalhado por tipo de rendimento em 2023

  • Todos os trabalhos: R$ 1.991
  • Aposentadorias e pensões: R$ 1.971
  • Aluguel e arrendamento: R$ 1.381
  • Pensão alimentícia, doação e mesada de não morador: R$ 459
  • Outros rendimentos (inclui programas sociais, como o Bolsa Família e BPC, além de aplicações financeiras, bolsas de estudo, direitos autorais, exploração de patentes etc): R$ 785
  • TODAS AS FONTES: R$ 1.885

Índice Gini de desigualdade de renda - com programas sociais em 2023
(Quanto mais próximo de 1 mais desigual)

  • Região: 2022 / 2023
    Nordeste: 0,517 / 0,509
    Sudeste: 0,505 / 0,508
    Norte: 0,509 / 0,500
    Centro-Oeste: 0,493 / 0,498
    Sul: 0,458 / 0,454
    Fonte: IBGE

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