PIB do Ceará cresceu 2,42% em 2023

O setor de serviços puxou a alta da economia cearense no ano passado, enquanto no Brasil foi a agropecuária

14:34 | Mar. 21, 2024

Por: Ana Luiza Serrão
Economia do Ceará cresceu um pouco abaixo da média nacional (foto: FERNANDA BARROS)

Importante fator para avaliar a saúde econômica de uma localidade, o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará avançou 2,42% no fechamento de 2023, na comparação anual. Foi abaixo da média nacional de 2,9%. 

Já na avaliação apenas do quarto trimestre de 2023 com igual período anterior, a economia cearense teve crescimento maior, de 5,14%, ultrapassando o resultado do País de 2,1%.

Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) nesta quinta-feira, 21.

O órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Estado analisou, especialmente, que um desenvolvimento positivo no setor de serviços impactou os resultados, diferentemente do Brasil, que teve como destaque a agropecuária.

Mas, na comparação trimestral quem cresceu mais foi a indústria cearense, com 8,97%. Enquanto neste período a agropecuária caiu 4,74% e serviços subiram 4,78%.

Neste caso, a indústria no Estado teve um avanço maior até que o setor como um todo nacionalmente, que apresentou 2,9% de elevação.

O PIB calcula os resultados de três setores no Ceará: agropecuária, indústria e serviços, bem como desagregados por suas atividades econômicas, revelando tendências de desempenho econômico no curto prazo, segundo o Ipece.

Na análise de Nicolino Trompieri Neto, coordenador de Contas Regionais do Ipece, os efeitos da pandemia se dissiparam de sua fase mais intensa. "O Ceará se recuperou de forma mais intensa no segundo semestre de 2023", acrescenta.

Já Cristina Lima, assessora técnica do Ipece, detalha os motivos para não haver boas notícias para a agropecuária do Estado.

"O ano de 2023 começou com uma boa expectativa para o setor agropecuário. Começamos o ano com chuvas muito boas, porém o período da quadra chuvosa, para nós aqui em fevereiro até maio, ela foi bastante irregular. Então a expectativa do começo do ano não foi atingida, digamos assim, ela não foi esperada", diz.

A explicação é porque as culturas no Ceará têm bastante influência da chuva, principalmente a parte sequeira. "Toda a agropecuária tem uma relação muito forte com a parte climatológica", frisa.

Para 2024, a expectativa da pasta é que o PIB avance 2,31%, acima da média nacional prevista em 1,78%. As informações são preliminares e sujeitas a retificações “quando forem calculadas as Contas Regionais definitivas”, informou em nota.

Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo também são estados que realizam cálculos do PIB além do Ceará, pois fazem uso da “mesma ponderação das Contas Regionais”, conforme o Ipece.

No cenário nacional, o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, vê que a composição do crescimento da economia brasileira não é sustentável no longo prazo se for baseada no aumento do consumo das famílias, do governo e das exportações.

“Sem aumento da capacidade produtiva, o crescimento via aumento do consumo acaba esbarrando na falta de capital físico e gerando inflação”, acrescentou o especialista, que vê a taxa de investimento preocupar, referindo-se à formação bruta de capital fixo.

Já o economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Hugo Garbe, destacou que o fato de o PIB do Brasil ter crescido 2,9% em 2023 demonstra a “capacidade da economia de se adaptar e prosperar diante de variados desafios”.

“A agropecuária e o setor de serviços desempenharam papéis fundamentais nesse processo, apoiados por políticas públicas eficazes que estimularam o consumo e o investimento. Olhando para o futuro, a manutenção desse equilíbrio será essencial” na visão de Garbe.

O País deve, então, “investir em pesquisa e desenvolvimento para que haja a manutenção da alta produtividade com a busca de novos caminhos para o desenvolvimento sustentável”, tendo em vista as mudanças climáticas – que impactam especialmente o agronegócio –, conforme o diretor-presidente da MAV Capital, André Ito.

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