Mulheres dedicam quase o dobro de horas em afazeres domésticos que homens no Ceará

No Estado, mulheres dedicam 24,4 horas semanais aos trabalhos domésticos e cuidados de pessoas; os homens, 12,6 horas

10:00 | Mar. 08, 2024

Por: Ana Luiza Serrão
Os dados são da 3ª edição do estudo Estatísticas de gênero (foto: FERNANDA BARROS)

As mulheres dedicam quase o dobro de horas para o trabalho doméstico e cuidados de pessoas em comparação a homens no Ceará. O grupo feminino a partir de 14 anos de idade concede, em média, 24,4 horas semanais a esses afazeres. O masculino, 12,6 horas.

Os dados são da terceira edição do estudo "Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil", divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira, 7, referentes ao ano de 2022.

O indicativo é ainda pior entre mulheres cearenses pretas ou pardas, as quais dedicam 25 horas aos serviços mencionados, ao passo que os homens pretos ou pardos dispõem de 12,8 horas. Já as mulheres brancas fornecem 23 horas. Os homens brancos, 12,2 horas.

Os dados gerais do Ceará são um pouco piores do que a média nacional, mas em todos os Estados e regiões a questão ocorre. No Brasil, são dedicadas 21,3 horas pelas mulheres e 11,7 horas pelos homens aos trabalhos em casa e cuidados de pessoas.

Segundo o supervisor de disseminação das informações do IBGE, Helder Rocha, os números indicam uma questão cultural que acontece no Brasil. “Há um abismo que sobrecarrega as mulheres nos afazeres domésticos”, afirmou.

Entretanto, para entender melhor o contexto, Rocha detalhou que nos arranjos familiares de novas gerações, entre pessoas mais novas, essa discrepância diminui. “A gente observa muito isso por faixa etária”, disse.

“As faixas etárias menores dos arranjos familiares têm uma participação maior do sexo masculino nos afazeres domésticos”, comentou. “É algo que demanda tempo para mudar, mas já há essa tendência acontecendo.”

Na faixa etária de 14 a 29 no Ceará, as mulheres dispunham de 20,8 horas aos trabalhos domésticos e cuidados de pessoas e os homens, 11,3 horas. Entre a população de 60 anos ou mais no Estado, o grupo feminino fornecia 24,2 horas e os homens, 14 horas.

Renda mensal de mulheres é 21% menor que a dos homens no Brasil

A renda mensal das mulheres é 21,1% menor que a dos homens no Brasil. Enquanto o grupo masculino ganhava R$ 2.920 em média, o feminino recebia R$ 2.303. Isso significa que as mulheres ganhavam 78,9% do total de rendimento dos homens.

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As mulheres pretas ou pardas (R$ 1.781) recebiam 79,9% da renda de homens pretos ou pardos (R$ 2.230). As brancas (R$ 2.858), 75,4% dos brancos (R$ 3.793). Apesar desta diferença de gênero entre as pessoas pretas ou pardas ser menor, a renda média da população branca foi maior.

Rendimento médio por regiões do Brasil

No Nordeste, a diferença percentual foi melhor que a média nacional. As mulheres recebiam 86,4% da renda dos homens, nos valores de R$ 1.656 e R$ 1.918 respectivamente.

A região com maior discrepância foi o Centro-Oeste, com o grupo feminino (R$ 2.491) recebendo 72,7% do masculino (R$ 3.427).

Já a região Norte demonstrou a menor variação de rendimentos. As mulheres recebiam 87,5% da renda dos homens, com R$ 1.908 e R$ 2.179, nesta ordem.

As rendas femininas do Sul (R$ 2.482) e Sudeste (R$ 2.562) registraram 74,6% e 76,6%, respectivamente, do valor dado aos homens, de R$ 3.326 e R$ 3.345.

Diferença de renda entre grupos profissionais

A diferença mais acentuada entre os gêneros ocorre entre os profissionais da ciência e intelectuais, com a renda das mulheres (R$ 4.600) sendo 36,7% menor que a dos homens (R$ 7.268), ou seja, 63,3% do rendimento do grupo masculino.

O único segmento pesquisado que a renda das mulheres superou a dos homens foi entre membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares. O gênero feminino registrou R$ 6.516 e o masculino, R$ 5.976.

Já no grupo de diretores e gerentes, que recebe a maior renda média do País, os homens detinham R$ 7.948 mensais, ao passo que as mulheres somavam R$ 5.870 ou 73,9% do rendimento masculino.

“O senso comum indica que, por serem cargos executivos, as pessoas não teriam um diferencial tão expressivo no (salário por) sexo. O fato é que existe, sim. Os homens, mesmo com cargos executivos, acabam ganhando mais que mulheres”, conforme o supervisor de disseminação do IBGE, Helder Rocha.

Taxa de desocupação e nível de ocupação

A taxa de desocupação entre pessoas acima de 14 anos no Ceará, de 9,4%, ficou ligeiramente abaixo do Brasil, com 9,6%. De forma detalhada, as mulheres cearenses ficaram com 10,1% e os homens cearenses com 8,9%.

Já o nível de ocupação no Estado, de 62,9%, também ficou abaixo do registrado no País, de 73,7%. No grupo feminino, o percentual cearense foi de 53,3% e, no masculino, 73,3%. Os valores indicam o nível semanal entre pessoas de 25 a 54 anos de idade.

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