Postos de Russas vendem gasolina mais barata do Ceará após pressão de mercado

O movimento foi culminado após um novo posto começar a negociar com valores abaixo do mercado na cidade

A maioria dos postos de combustíveis de Russas, a 166 quilômetros de Fortaleza, passou a vender a gasolina comum mais barata do Ceará, a R$ 4,98. O movimento foi culminado após um novo posto começar a negociar com valores abaixo do mercado na cidade. O dono do estabelecimento disse estar sofrendo ameaças de um suposto cartel desde então.

O POVO questionou o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) sobre eventuais investigações sobre a prática de cartel no Estado, mas não obteve informações até a publicação desta matéria. O Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) se dispôs a passar dados sobre o tema na terça-feira, 23.

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O último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontou que o Ceará negociava a gasolina comum a uma média de R$ 5,79 entre os dias 7 e 13 de janeiro deste ano. Na pesquisa, o preço mais alto do Estado chegou a R$ 6,24 no município de Itapipoca.

Uma moradora de Russas consultada pelo O POVO declarou que o preço do combustível custava R$ 5,99 na maior parte dos postos da cidade antes. Com a chegada da concorrência, os valores foram diminuindo. “O pessoal aqui já tinha reclamado até Câmara dos Vereadores que a gasolina baixava em todo canto menos aqui”.

Proprietário do novo posto em Russas, Yuri Guerra contou que adota a estratégia de comprar o combustível à vista no intuito de garantir preços mais baratos para repassar aos consumidores, além de ter poucos funcionários. “(Temos) despesa baixa, margem baixa e volume alto, o que no final dá certo”, explicou.

Dono de posto denuncia cartel e ameaças

O dono do posto de combustível, Yuri Guerra, não enviou ao O POVO os conteúdos intimidadores que alegou ter recebido, mas relatou que seus amigos o alertaram sobre uma ameaça de morte por um suposto cartel de postos de gasolina. “Se eu não subir (os preços), eu morro”.

Apesar de citar riscos de vida, o empresário optou por não realizar um Boletim de Ocorrência (BO) por medo de represálias. “B.O. não resolve, a mídia resolve”, afirmou em entrevista a este jornal. “Essa situação quanto mais mexe fica pior. Vou deixar a poeira baixar. Estou escondido para me resguardar”, acrescentou.

“Agora eu estou com segurança, tentando me resguardar, tentando não dizer onde é que eu estou, tentando não andar nos cantos que eu andava. Mas o que é que eu vou fazer, né? Que Deus me dê sabedoria, porque realmente eu não sei o que eu faço”, detalhou Yuri.

Questionado se irá subir os preços da gasolina, Guerra disse, a priori, que iria manter os valores, mas, depois, detalhou que a situação era complicada. “Se eu não subir (o preço), podem tirar minha vida. Se eu subir, a população pode ficar chateada. Vou ver como é que eu vou fazer, é difícil”.

O dono do posto, em meio ao resguardo, publicou um vídeo para mais de 40 mil seguidores em suas redes sociais comentando sobre a situação e agradecendo o apoio depois de repercutir o tema na imprensa cearense. Já nas publicações seguintes deu detalhes sobre a inauguração do novo empreendimento que será sócio na cidade, o Kangalha.

Além disso, o empresário, que já exerceu um cargo de ex-deputado estadual suplente entre 2018 e 2019, descartou concorrer nas eleições municipais de 2024. Mesmo com a situação atual, o intuito dele é seguir focado em suas empresas.

Cartel em postos de Fortaleza

Em dezembro do ano passado, uma ação de monitoramento dos preços da gasolina comum em Fortaleza feita pelo MPCE divulgou a possível prática de cartel em postos da capital.

“Ao todo, foram fiscalizados 100 estabelecimentos da capital, dos quais apenas cinco estavam vendendo a gasolina comum por um valor diferente ao de R$ 5,99”, disse o órgão.

O MPCE encaminhou este relatório para apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), e disponibilizou o número de WhatsApp (85) 98685-6748 e o e-mail procon-ce@mpce.mp.br para receber outras denúncias da população.

 

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