Ainda há um caminho longo a percorrer para ancoragem e retorno da inflação à meta, diz ata
A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 19, apontou que embora tenha havido um progresso desinflacionário "relevante", ainda há um longo caminho para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta.
"Houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo Comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária. Além disso, a incerteza, em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela na condução da política monetária", diz o texto.
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O colegiado relembrou ainda que a incorporação de cenários e variáveis exógenas, como a dinâmica fiscal ou o cenário externo, ocorre pela avaliação dos impactos na dinâmica prospectiva de inflação, sem relação mecânica com a determinação da taxa de juros.
No cenário doméstico, a avaliação é de que houve um encaminhamento em linha com o que era esperado, com prosseguimento da trajetória desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços, o que reforça uma dinâmica benigna recente da inflação. O colegiado também pontuou que dados recentes sugerem moderação da atividade econômica.
"A desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos se manteve desde a última reunião do Copom. Por fim, as projeções de inflação no horizonte relevante não se alteraram significativamente, mantendo-se acima da meta", diz o documento.
Ciclo
A ata do Copom também mostrou que houve um debate sobre a extensão do ciclo de ajustes na política monetária, e que o colegiado acha necessário que ela permaneça em território contracionista pelo horizonte relevante para garantir a consolidação da convergência da inflação à meta e a ancoragem das expectativas.
Segundo o documento, foi enfatizado, novamente, que a extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, considerando especialmente os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, sobretudo de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. "O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central", reitera o documento.
A ata pondera que o Copom analisou diversos cenários prospectivos, com diferentes trajetórias nos ambientes doméstico e internacional. "Optou-se por manter a comunicação recente, que já embute a condicionalidade apropriada em um ambiente incerto, especificando o curso de ação caso se confirme o cenário esperado", diz o documento.
A ata reiterou que os membros do Comitê concordaram, unanimemente, com a expectativa de cortes de 0,50 ponto porcentual na Selic nas próximas reuniões, e que este é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. "Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência", pontua o documento.
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