Extrema pobreza cai, mas 1 milhão de cearenses ainda vivem com menos de R$ 202 ao mês

Estudo do IBGE mostra ainda que um em cada dois residentes no Estado viveram em 2022 com menos de R$ 644 por mês

O número de pessoas que vive na extrema pobreza caiu no Ceará. Se em 2022 esse percentual era de 9,5%, no ano anterior, era de 15,41%. Queda de 5,91 pontos percentuais. Ainda assim, são cerca de 1 milhão de pessoas que sobreviveram com uma renda per capita de menos de R$ 202 por mês.

Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais divulgada nesta quarta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O levantamento mostra ainda que no Estado um em cada dois residentes no Estado, ou mais de 4,7 milhões de pessoas, viviam em situação de pobreza, com menos de R$ 644 por mês.

No Nordeste, o Ceará figura com o quarto maior indicador de extrema pobreza e o terceiro em proporção de pessoas em situação de pobreza.

Entenda a diferença entre pobreza e extrema pobreza

O Instituto utilizou nessa análise os parâmetros do Banco Mundial de US$ 2,15 para extrema pobreza e US$ 6,85 para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra a preços internacionais de 2017, dentre outras linhas de pobreza utilizadas para diferentes propósitos no país.

Essas são as linhas utilizadas para o monitoramento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 (ODS1: Erradicação da Pobreza), e foram atualizadas pelo Banco Mundial em 2022, sendo, até então, utilizados os valores de US$1,90 PPC 2011/dia para extrema pobreza e US$ 5,50 PPC 2011/dia para pobreza.

“Na linha de extrema pobreza não há uma diferença significativa entre os valores da linha antiga e da linha atualizada ao longo da série, pois ela é basicamente de consumo para subsistência e sua atualização se dá principalmente por uma questão de preços. Já a linha de pobreza mostra uma diferença maior, ligada a dinâmica do rendimento e padrões de consumo mais heterogêneos de países de renda-média alta”, destaca André Simões, analista da pesquisa.

A pesquisa quando aborda o tema pobreza, no entanto, refere-se apenas à pobreza monetária. Ou seja, a questão da insuficiência de renda, sem considerar outras dimensões, como acesso à educação, saúde e moradia adequada.

No Ceará, o índice de Gini, indicador que mede a desigualdade na distribuição de renda, ficou em 0,518 em 2022, registrando queda de 5,6% em relação a 2021 (0,549). Sem os programas sociais, no entanto, o índice de Gini de 2022 seria de 0,588, com queda menor de 2,2% em relação a 2021 (0,601).

Sem programas sociais, extrema pobreza seria duas vezes maior 

O estudo também traz luz sobre o impacto dos programas de transferência de renda à população mais pobre. Em 2022, na hipótese de não existirem os referidos programas no Ceará, a extrema pobreza teria sido cerca de duas vezes maior do que com a existência desses programas, levando o percentual de 10,9% para 22,2%.

Com relação à pobreza, os impactos da ausência dos benefícios de programas sociais governamentais teriam sido menores, com uma proporção de pobres 11,0% maior do que o efetivamente registrado, passando de 50,7% para 56,3%, em 2022.

“Isso evidencia, de fato, que os benefícios de programas sociais servem de colchão de amortecimento para os impactos mais severos sobre a população mais vulnerável”, informou o IBGE.

Brasil

A extrema pobreza também arrefeceu no Brasil. O indicador caiu para 5,9% em 2022, após alcançar 9,0% em 2021. Já a proporção de pessoas em situação de pobreza, que viviam com até R$ 637,00 por mês, caiu de 36,7% em 2021 para 31,6% em 2022.

Em termos de contingente, em 2022, havia 12,7 milhões de pessoas na extrema pobreza e 67,8 milhões na pobreza, com queda de cerca de 6,5 e 10,2 milhões de pessoas, respectivamente, nessas situações de um ano para o outro. 

Entre 2021 e 2022, a pobreza e a extrema pobreza recuaram em todas as regiões, com destaque para o Norte (-7,2 p.p. e -5,9 p.p., respectivamente) e o Nordeste (-6,2 p.p. e -5,8 p.p.).

“Essas regiões concentram o maior volume de pessoas nessas situações e também são as regiões onde há um impacto maior dos programas sociais de transferência de renda”, contextualiza Simões.

Destaca-se, ainda, o Centro-Oeste, que apresentou a maior queda na pobreza (-7,3 p.p.), relacionada, principalmente, ao dinamismo no mercado de trabalho da região em 2022.

A região Nordeste, em 2022, detinha 27% da população total do Brasil, mas concentrava 43,5% da população na pobreza e 54,6% da população em extrema pobreza.

Já o Norte, que reunia 8,7% da população total, detinha 12,8% das pessoas em situação de pobreza e 11,9% das pessoas em extrema pobreza. 


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