Apenas um em cada 100 km de rodovias está em ótimo estado de conservação no Ceará

Pesquisa CNT Rodovias revela ainda que seriam necessários R$ 2,82 bilhões em investimentos para recuperar malha viária cearense

No Ceará, apenas um em cada 100 km percorridos no modal rodoviário está em ótimo estado de conservação. É o que aponta a Pesquisa CNT de Rodovias 2023 divulgada na manhã desta quarta-feira, 29.

O estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) inclui tanto as rodovias federais (BRs) que atravessam o território cearense quanto as rodovias estaduais (CEs), totalizando 3.758 km, dos quais apenas 33 km foram considerados como de ótima qualidade, ou cerca de 0,9%.

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Outros 764 km (20,3%) foram avaliados com em bom estado de conservação.

O índice de trechos de estradas em bom ou ótimo nível (21,2%) de avaliação no Ceará é menor que as médias da Região Nordeste (25,1%) e do Brasil (32,5%).

Por outro lado, o Estado tem menor percentual de trechos rodoviários em situação ruim ou péssima (18,7%) que os verificados regional (26,8%) ou nacionalmente (26,1%).

A maior parte da malha viária cearense é classificada como em estado regular de conservação, totalizando 2.260 km (60,1%) nessas condições, ante 563 km (15%) em situação ruim e 138 km (3,7%) em situação péssima.

Para recuperar esses trechos seriam necessários, conforme levantamento da CNT, investir R$ 2,82 bilhões em obras de reconstrução, restauração ou manutenção nas rodovias do Ceará. Nesse sentido, a pesquisa encontrou 215 pontos críticos em estradas no Estado.

Considerando os três principais pilares que embasam a avaliação das rodovias, a chamada geometria da via (ou traçado) é a que apresenta maior percentual de trechos com problemas, ou cerca de 73,1% da malha viária estadual, que apresentam falhas tais como falta de acostamento ou curvas perigosas.

Já os problemas com pavimentação comprometem 63,1% das estradas cearenses e os com sinalização atingem 59,9% das rodovias no Estado.

Essas questões não comprometem apenas a estrutura rodoviária, mas também trazem impactos econômicos, sanitários e ambientais que foram mensurados no estudo.

No caso do custo com acidentes, por exemplo, o prejuízo financeiro estimado, sem contar a perda de vidas humanas, foi de R$ 317,83 milhões em 2022.

Já o prejuízo com o uso desnecessário ou excessivo de diesel (cerca de 42,6 milhões de litros), por conta da situação insatisfatória da maior parte das rodovias cearenses é estimado em R$ 280,47 milhões, o que também se reflete em uma maior emissão de gases de efeito estufa.

Por fim, a CNT calcula que o custo operacional para o transporte no Ceará é de 36,3%, impactando no preço dos produtos ao consumidor final.

O que diz o Ministério dos Transportes e a SOP

No Brasil, o índice de rodovias consideradas regulares, ruins e péssimas apresentou uma piora. Em 2022, era de 66% e em julho deste ano, quando o levantamento foi realizado, chegou a 67,5%.

Os números, porém, diferem dos indicadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que apontam que os mais de 61 mil quilômetros que compõem a malha federal pavimentada atingiram o melhor índice de qualidade dos últimos cinco anos. O Índice de Condição de Manutenção (ICM) de outubro mostra que 65% das rodovias federais estão em bom estado. A atual gestão assumiu com 52%.

“A malha rodoviária brasileira vinha piorando ao longo dos últimos anos e isso aumenta o custo logístico do país, além de reduzir nossa competitividade internacional. Hoje a gente observa uma interrupção na piora de nossas rodovias e no ano que vem vamos ter a melhor qualidade dos últimos oito anos”, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho.

Em razão da diferença de indicadores, ele defendeu uma unificação de dados. “Nós vamos usar alguns indicadores da CNT na metodologia do DNIT, como esse dos pontos críticos, por exemplo. Precisamos unificar os dados e somar esforços para garantir rodovias melhores”, disse Renan Filho, após participar da apresentação da Pesquisa CNT de Rodovias.

Sobre a situação das rodovias estaduais, a Superintendência de Obras Públicas do Ceará (SOP) explica que os critérios da pesquisa são referenciados pelos parâmetros de rodovias Classe I, do Manual de Projeto Geométrico do DNIT, que são aquelas que têm finalidade de atender o alto volume de tráfego e de veículos de carga pesada, função que é prioritariamente das rodovias federais. E que é um padrão diferente daqueles empregados nas rodovias estaduais.

"Pela projeção de uso e pelo propósito de serem complementos à rede federal, as rodovias estaduais são projetadas, em maioria, nos padrões Classe III e Classe IV, o que torna vulnerável alguns critérios avaliativos da pesquisa", informou em nota. 

A SOP reforça que, do total do percurso analisado em território cearense, 40% é de rodovias estaduais,
sendo o restante composto por trechos de rodovias federais - essas últimas sendo competência do DNIT. Os 1.525 km de CEs monitorados correspondem a apenas 16,72% da extensão total de rodovias estaduais pavimentadas (9.117 km), de forma que o recorte é desproporcional à integralidade da malha viária.

Outro fator verificado na pesquisa foi que apenas 2% dos segmentos rodoviários sob jurisdição
do Estado do Ceará foram classificados no conceito "Ruim". Por outro lado, mais de 97% das rodovias administradas pelo ente estão em situação "Regular”.

"Ainda é importante ressaltar que, anualmente, a SOP realiza em toda sua malha pavimentada o Levantamento Visual Contínuo (LVC), com metodologia especificada pelo DNIT, o qual fornece, a partir da avaliação dos defeitos de superfície levantados em campo, o indicador da qualidade da malha estadual. Este indicador, em 2023, constatou que o pavimento das rodovias estaduais encontra-se com
81,72% em qualidade boa".

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