Enel troca comando no Brasil em meio a crises em São Paulo e no Ceará
O italiano Nicola Cotugno saiu da empresa de energia. Ainda nesta quinta-feira, 23, a empresa anunciou Antonio Scala como novo CEO no Brasil
16:49 | Nov. 23, 2023
O italiano Nicola Cotugno anunciou aposentadoria e saiu de seu cargo de diretor da Enel no Brasil. Ainda nesta quinta-feira, 23, Antonio Scala, executivo com 18 anos de trajetória à frente de diversas áreas na Enel, foi indicado como novo presidente da Enel Brasil.
Nicola Cotugno esteve à frente da companhia nos últimos cinco anos e agora deixa o grupo Enel para se aposentar.
"A Enel Brasil agradece a Nicola Cotugno por toda dedicação ao Grupo e seus colaboradores, além do destacado foco nos clientes e contribuição à sociedade. Sob sua gestão, a Enel se tornou uma empresa 100% renovável no País e ampliou em 76% a capacidade de geração eólica e solar. Em distribuição de energia, a empresa investiu R$ 17 bilhões de 2019 a setembro de 2023 nas áreas de concessão de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará com foco na modernização da rede elétrica", afirmou a Enel em comunicado.
Cotugno sai do comando da empresa no momento em que a Enel está no centro de uma enxurrada de críticas por conta do serviço prestado em São Paulo e no Ceará.
Atualmente, a empresa é alvo de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Assembleia Legislativa de São Paulo e do Ceará, além da Câmara Municipal de São Paulo.
O agora ex-presidente da Enel era aguardado nessa quarta-feira, 22, mas não compareceu à audiência pública na Câmara de São Paulo.
Outra ausência (na mesma data) de Cotugno aconteceu em audiência de debate na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele responderia questionamentos dos parlamentares sobre a interrupção no fornecimento de energia no estado de São Paulo.
Cotugno, no entanto, alegou outro compromisso para não comparecer. No lugar dele, a Enel enviou seu CEO da distribuidora de São Paulo, Max Xavier Lins.
Troca no comando após rever os planos para o Brasil
A mudança ocorre um dia após a matriz rever os planos para atuação no Brasil. Por meio de comunicado ao mercado, a Enel confirmou que está suspendendo temporariamente o processo de venda da sua operação de distribuição de energia no Ceará.
A empresa controladora italiana, informou no fim de 2022 que pretendia vender a operação gerida pela Enel Distribuição Ceará.
No comunicado, disponível ao mercado no site da B3 (Bolsa de Valores Brasileira), informa que "em complemento aos Fatos Relevantes divulgados em 22 de novembro de 2022 e 9 de fevereiro de 2023, comunicar que, nesta data, foi informada sobre a decisão de seus acionistas controladores de suspender temporariamente os procedimentos de análise e prospecção para possível alienação do controle acionário da Companhia".
Em comentário a jornalistas após o Capital Markets Day 2023 (realizado nesta quarta-feira, 22, em Milão), em que apresentou o planejamento estratégico do grupo Enel para 2024-2026, o CEO Flavio Cattaneo, explicou a decisão.
Segundo o executivo, a venda da Enel Ceará só deve ocorrer após a definição das regras para a renovação da concessão. A companhia, neste momento, "está em compasso de espera sobre o andamento das discussões" no Brasil.
O atual contrato da Enel Ceará para operação de distribuição de energia no Ceará vence em 13 de maio de 2028.
Currículo de Antonio Scala, novo presidente da Enel no Brasil
Antonio Scala entrou na Enel em 2009 como responsável de Gestão de Risco para Gerenciamento de Energia na Itália. Também atuou como Responsável de Desenvolvimento Industrial e de Serviços de Energia para o mercado residencial no País.
Em seguida, ocupou a função de chefe de Planejamento e Controle de Global Trading e liderou a Enel Green Power na América do Sul. Formado em Administração de Empresas em 2002 em Roma, Scala atuou como Sócio Júnior na McKinsey & Company com foco nas áreas de energia, gás e finanças corporativas.