Onda de calor pode aumentar valor da conta de energia? Entenda

Alta demanda no sistema energético tem quebrado recordes, causando o acionamento de mais usinas termelétricas

A onda de calor que vem atingindo o Brasil nas últimas semanas tem gerado uma alta demanda no sistema energético. Essa necessidade de consumo pode impactar em um aumento nos preços pagos pelo consumidor, segundo especialistas.

As temperaturas elevadas têm intensificado o uso de ares-condicionados, ventiladores ou outras formas que ajudam a minimizar os impactos do calor, e até o comércio também tem sentido essa procura maior por esses itens.

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Segundo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na semana passada pelo IBGE, os preços dos aparelhos de ar-condicionado tiveram elevação de 6,09% em outubro. Foi a segunda maior alta entre os itens não alimentícios, atrás apenas das passagens aéreas, que subiram 20,7%.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a demanda por energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) quebrou o recorde pelo segundo dia seguido nesta terça-feira, 14, batendo 101,5 GW (gigawatts), superando os 100,9 GW, registrado na segunda-feira, 13.

A alta representa um aumento de 16,8% na demanda por energia em relação ao começo de novembro, que era na casa dos 86 GW.

Dessa forma, mais usinas termelétricas precisaram ser acionadas, elevando a demanda, que podem deixar a energia mais cara. O POVO procurou especialistas do setor energético para comentar esse impacto e quanto pode aumentar na conta de luz.

Para o presidente do conselho de consumidores da Enel distribuição do Ceará, Erildo Pontes, se houver algum efeito, ele não será de grande impacto e também não será feito de forma imediata, mas sim no período de revisão, que no caso do Ceará é realizada em abril.

"O que pode acontecer é que se perdurar muito e se continuar realmente a aumentar a carga na situação que está hoje, pode acontecer algum acionamento para sair da bandeira verde, atual, para outro patamar. Fora isso, de momento nós não teremos aumento", disse.

Já o secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra-CE), Adão Linhares, ressaltou que o clima e a natureza estão reagindo às mudanças que nós, humanos, fazemos no meio ambiente.

Ele ressalta que as repetições desses eventos climáticos estão cada vez mais frequentes, mas que são previsíveis, e que poderia ter sido feito um trabalho mais preventivo para quando esse momento chegasse.

"Tivesse feito um programa de contratação de energia offshore para cada capital que está no litoral do Norte, principalmente Nordeste, Sudeste e Sul, a gente teria hoje uma capacidade de geração praticamente de uma hidrelétrica no mar e provavelmente a gente não estaria com essa situação de buscar energia emergencial térmica mais cara", ressaltou.

Ele explicou que esse investimento, apesar de parecer mais caro em um primeiro momento, no longo prazo vai acabar sendo mais rentável, porque no emergencial cresce a demanda e os preços, por consequência.

No entanto, Adão disse que é difícil prever de quanto vai ser esse aumento que pode ser gerado na conta de energia, pois vai depender de quanto de energia vai precisar emergencialmente para poder atender esse aumento de carga.

Procurada pelo O POVO, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) explicou que o Brasil tem mais de 196,6 GW de capacidade instalada de geração, conforme dados de novembro de 2023, com fontes de geração diversificadas. Eles informaram que o País está preparado para eventuais aumentos de demanda de consumo.

"Temos disponibilidade de geração térmica para atendimento da alta demanda causada pelo calor extremo, fruto do aquecimento global. Na última terça-feira (14/11) a demanda da carga chegou a 101,4 gigawatts que foi atendida pela geração dos empreendimentos da nossa matriz", foi informado em nota.

Dados do ONS indicam que no momento em que o recorde foi atingido, a geração para atendimento da demanda por energia foi de:

  • Hidráulica: 60,2 GW
  • Solar: 19,5 GW
  • Térmica: 11,7 GW
  • Éolica: 9,6 GW
  • Importação: 0,5 GW

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