Juros: Taxas caem com inflação nos EUA e queda do setor de serviços no Brasil
Os juros futuros terminaram a sessão em queda firme, influenciados pela leitura benigna do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos em outubro e seu impacto no mercado de Treasuries, além do dado mostrando fraqueza do setor de serviços em setembro. As taxas fecharam a sessão nos menores níveis em dois meses, com a precificação de Selic no fim do ciclo voltando a furar o nível "psicológico" de dois dígitos.
As principais taxas encerraram nos pisos desde meados de setembro. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,555%, de 10,722% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,49% para 10,28%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,41% (10,62% ontem) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,82% (10,98% ontem).
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A dinâmica da curva se estabeleceu logo pela manhã. Na abertura, a inesperada queda do volume de serviços em setembro, de 0,3%, já colocava as taxas para baixo, mas o movimento maior viria depois das 10h30, quando saiu o CPI. Tanto o índice cheio, que ficou estável, quanto o núcleo, com alta de 0,2%, vieram abaixo do esperado (0,1% e 0,3%). Em 12 meses, o CPI subiu 3,2%, desacelerando ante o aumento de 3,7% de setembro, enquanto o núcleo arrefeceu a 4% no mês passado, 4,1% em setembro.
"Os resultados vieram ligeiramente abaixo do esperado e com composição benigna, reforçando a ideia de que o Fed encerrou o ciclo de alta de juros e animando apostas na antecipação do ciclo de cortes", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Nesse contexto, os retornos dos Treasuries tiveram expressiva redução, com a taxa da T-Note de dez anos já voltando a rodar abaixo de 4,50%. Vale lembrar que o ambiente externo, em especial o aumento do juro longo nos Estados Unidos, foi destaque entre os fatores negativos no balanço de risco do Copom no comunicado da reunião de novembro, e também nos discursos recentes dos dirigentes.
De acordo com Rostagno, nesta tarde, a curva projetava integralmente corte de 50 pontos-base para a Selic nas reuniões de dezembro e janeiro, mas para março a precificação de -45 pontos ainda indicava alguma chance de desaceleração no ritmo para 25 pontos. De todo modo, a projeção de Selic ao fim de 2024 (9,94%) voltou a ficar tecnicamente abaixo de dois dígitos, após rodar nas últimas semanas no patamar de 10,50%.
Ainda no exterior, o petróleo zerou no meio da tarde a alta inicial pós-CPI, diante das expectativas de que a guerra do Oriente Médio não seja tão duradoura quanto o esperado no início do conflito.
Internamente, a percepção de desaceleração da atividade, reforçada hoje pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), é vista como fator de conforto ao Banco Central na sequência do alívio da Selic. A queda de 0,3% no volume em setembro ficou perto do piso das estimativas (-0,4%), cuja mediana apontava alta de 0,4%.
"A maior parte das atividades de varejo pesquisadas tiveram desempenho negativo, o que indica que o fôlego do setor está bem curto. Portanto, os dados de setembro acendem o sinal de alerta e aumentam a probabilidade de um desempenho negativo no PIB do 3º trimestre de 2023", avaliam os economistas do Banco Inter, em relatório.
Com o CPI e a PMS favorecendo posições aplicadas, o mercado deixou hoje em segundo plano a cautela com o risco de mudança da meta fiscal em 2024. O presidente Lula até se reuniu com a equipe econômica para tratar do tema, mas de acordo com a apuração do Broadcast Político, o encontro foi inconclusivo.
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