Retomada das negociações com Reino Unido pode impulsionar exportações cearenses

Segundo os dados do Ceará em Comex, em 2023, o setor de pescados já movimentou US$ 51,48 milhões em exportações

15:29 | Nov. 06, 2023

Por: Fabiana Melo
Antes de ser interrompido, o comércio com Reino Unido movimentava cargas de mais de 200 toneladas produzidas no Brasil e rendia US$ 1,6 milhão aos pescadores e aquicultores brasileiros (foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)

O Ceará pode ampliar o mercado de exportações de pescados com a reabertura das negociações com o Reino Unido pelo governo federal. É o que afirma Felipe Matias, cientista-chefe de aquicultura e pesca artesanal.

Esse é um mercado que foi fechado cinco anos atrás porque o Brasil perdeu acesso às compras da União Europeia, bloco econômico ao qual o Reino Unido estava vinculado à época. Entre as causas alegadas, uma era sobre as condições higiênico-sanitárias da produção brasileira.

Com a retomada das negociações bilaterais, cresce a expectativa dos estados exportadores. Até setembro de 2023, o Ceará já exportou mais de US$ 51,48 milhões em pescados, segundo dados do estudo Ceará em Comex, do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). 

"Quando se trata de comércio exterior, o Ceará é o maior exportador de pescado do País. Então é ótimo que a gente consiga ter mercados [...] Hoje a gente exporta praticamente para os Estados Unidos."

No entanto, o cientista-chefe acredita que as negociações ainda devem levar um tempo até serem concluídas. Porém, a partir disso, é preciso ter um planejamento interno das empresas para exportar uma parte do que produz e a outra ser consumo interno.

"O ideal sempre é ter uma carteira dividida: atender o mercado interno e ter a possibilidade de exportar. Isso seria o melhor dos mundos."

Atualmente, Felipe Matias explica que da parte da aquicultura, nós temos como exportar o camarão e, por parte da pesca, a lagosta, o peixe vermelho e o atum.

Neste caso, a maior ampliação seria para o camarão que, de acordo com o cientista chefe, é utilizado em torno de 98% a 99% para o mercado interno e apenas 1% ou 2% para exportação. 

Entenda as negociações do Brasil com o Reino Unido

A retomada das negociações com o Reino Unido é considerada estratégica para o Brasil. Antes de ser interrompido, o comércio com o país europeu movimentava cargas de mais de 200 toneladas produzidas no Brasil e rendia US$ 1,6 milhão aos pescadores e aquicultores brasileiros.

Para Felipe Matias, cientista chefe de aquicultura e pesca artesanal, a decisão de parar com as exportações foi equivocada.

"Se você tinha problema nos barcos de pesca, você deveria proibir aquilo ali e não outros barcos de pesca que fossem bons, não outras espécies que fossem boas. E muito menos da aquicultura, que não tinha nada a ver com isso."

A possibilidade de reabertura do mercado também é vista de forma positiva pela gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Karina Frota, que também é colunista do OP+. 

"Retornar as exportações para o Reino Unido seria um passo relevante para reiniciar a negociação com a União Europeia. Hoje, a produção de pescado do Ceará e do Brasil que tem como foco o mercado internacional, está em plena sintonia com as normas e exigências globais."

Ela reforça que, atualmente, no que se refere às exigências relacionadas ao pescado, o Brasil já superou essa lacuna. 

"A reabertura do mercado para o Reino Unido seria o pontapé inicial para reconquistar o mercado da União Europeia. Estamos falando de 28 nações, e por está razão, o impacto seria bastante expressivo para o Brasil e especialmente para o Ceará", afirma.

Secretaria e Funcap estão desenvolvendo projetos para reunir dados do mercado de pescados

Outro ponto que Felipe Matias traz é que a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (Aquicultura e Pesca Artesanal), juntamente com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), está desenvolvendo projetos para reunir dados do mercado de pescados.

Um deles é para medir o consumo do mercado interno em 14 regiões do Ceará, com previsão de, até dezembro, ser finalizado o da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Neste, eles irão saber:

  • O quanto cada cearense consome de pescado
  • Que tipo de pescado cada cearense consome
  • De onde vem o pescado
  • Em que local o pescado é consumido 

"Isso vai dar uma base porque, quando se conhece o setor que está trabalhando, você pode elaborar por políticas públicas mais direcionadas", explica Felipe Matias.

Já o segundo projeto quer mensurar a contribuição da pesca e da aquicultura para o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. Além de informar quanto isso representa de geração de empregos e tributos.

* Colaborou Samuel Pimentel

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