Empresário reinventa 'negócio da China' do LED e fará emissão para investir R$ 100 mi

Passado o susto da pandemia, a empresa de painéis eletrônicos The LED agora colhe os louros da virada provocada pela paralisia da crise sanitária que quase a inviabilizou. Hoje, é um negócio 30 vezes maior do que há cinco anos, com o tamanho da companhia dobrando a cada 12 meses. A receita não é revelada, mas uma dimensão pode ser dada pelo planejamento de sua expansão via mercado de capitais, com a perspectiva de uma captação de R$ 60 milhões, e a expectativa de investir R$ 100 milhões em 2024. Na carteira de clientes do negócio estão nomes como Palmeiras, Riachuelo e até o Neymar.

Criada em 2010 por Richard Albanesi, filho de uma empresária do ramo de lâmpadas, a The LED vivia de alocar painéis para grandes eventos e shows musicais. Redescobriu o segmento de varejo depois do apagão da pandemia. De lá para cá, já emitiu uma debênture de R$ 30 milhões, numa captação feita pela Veedha Investimentos, e agora tem conversas com bancos Modal e Itaú BBA para a nova captação de R$ 60 milhões, prevista para dezembro.

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O investimento de R$ 100 milhões será voltado para a aquisição de produtos - basicamente placas de LED importadas da China, para atender a demanda explosiva do setor de entretenimentos, como grandes shows, estádios de futebol e a nova frente do varejo.

A empresa já cuida da comunicação visual digital da Arena do Palmeiras, a Allianz Parque, e acaba de assinar contrato com o Santos Futebol Clube. Meses antes ganhou a concorrência para fazer toda a digitalização visual da Fonte Luminosa, arena da Ferroviária de Araraquara, e na sexta-feira, 20, inaugurou um painel com mais de 10 metros de altura no Parque Villa Lobos, na capital paulista.

Na carteira de clientes da The LED estão nomes como os aeroportos de Confins, em Minas Gerais; Congonhas, em São Paulo; JBS/Friboi, Lojas Riachuelo, Habib´s, redes de shopping centers e postos de gasolina e até a mansão do craque Neymar, em Mangaratiba, Litoral Sul do Rio de Janeiro. Com 13 anos de atuação no mercado brasileiro, mais de 9 mil projetos realizados, mais de 80 mil metros quadrados de painéis de LED instalados, a The LED é líder deste segmento, respondendo sozinha pelo "market share" de quase 40% no setor de eventos e acima deste porcentual quando se incorpora à sua carteira o varejo.

Apagão

A The LED cresceu atendendo clientes como Chitãozinho & Xororó, a cantora Cláudia Leite e outros artistas de renome. Os negócios iam bem até que em 2020 veio a pandemia e com ela isolamento social que levou ao fechamento total do segmento de entretenimento. Foi um baque para os negócios da empresa, que estava altamente estocada e sem perspectivas de assinar novos contratos com o showbiz.

"A pandemia para nós foi terrível. Tínhamos uma área de eventos muito grande e de repente tudo parou e ficamos com um enorme estoque parado. Foi um pânico, não sabíamos o que fazer. Depois de ficar por 60 dias maluco eu pensei: somos modelo de locação, vamos colocar esse estoque no varejo", contou Albanesi.

O passo seguinte foi pegar o telefone e começar a ligar para as redes de varejo, shopping centers, aeroportos e convencê-los que a hora de inovar, investir e fazer obras era aquela, enquanto estavam fechados.

"Passamos a ligar para os clientes e dizer que a hora de reformar era aquela em que estavam fechados. Shopping, você está fechado, sempre quis colocar coisas novas e não punha porque não podia fazer obra. A hora de fazer obra é agora. Aeroportos, é hora de investir em tecnologia", contou o CEO da The LED.

Para convencer empresários, principalmente do varejo, que estavam com suas atividades paradas por força de uma doença que ninguém sabia ao certo do que se tratava e por quanto tempo iria durar, Albanesi ofereceu a eles a instalação dos painéis por locação e para só começarem a pagar o aluguel quando a economia fosse reaberta. Foi o pulo do gato rumo a uma retomada expressiva do crescimento. Para o empresário não havia risco. Ele não estava comprando o equipamento e se não visse resultado nos negócios era só devolver.

O primeiro contrato foi uma loja da Riachuelo do Shopping Morumbi. O impacto visual na unidade e sobre as vendas levou outras empresas a buscarem o recurso. A iniciativa foi dando certo e a The LED foi entregando mais serviços e se tornando próxima do setor de varejo. Passou a fornecer não mais só o equipamento, mas também manutenção e conteúdo dos painéis.

"Isso nos fez crescer absurdamente nos últimos cinco anos. Temos 13 anos, mas nos últimos cinco crescemos 30 vezes. Nosso negócio era aluguel para eventos. Fazia, desmontava e ia embora. E para redes de varejo e shoppings era venda. Hoje a locação é o grande negócio da nossa empresa", emendou Albanesi.

Segundo ele, as grandes redes de supermercados, quando colocam o LED, não veem só o benefício de vender mais. Veem as contas com publicidade caírem. O fornecedor é que paga as contas. Virou um modelo de negócio porque o "retail media", que hoje está na moda e vai desde o digital ao físico, virou uma fonte de receitas aos supermercados. O LED gera impacto, comunica melhor e quem paga a conta é o fornecedor que quer aumentar seus negócios nos pontos de vendas.

"Nós somos visuais, O nosso modelo, a nossa percepção e a nossa definição do produto está no ponto de venda. Isso fez com que as marcas quisessem investir no ponto de venda, estar perto do consumidor, o que alavancou muito o nosso negócio".

O início

Albanesi não esconde a admiração que tem pela mãe - fundadora das Lâmpadas FLC e da ONG Amigos do Bem, Alcione Albanesi - a quem credita parte do seu sucesso. Foi com ela que compartilhou uma boa parte das mais de 40 viagens que fez à China. A primeira foi em 1996, quando tinha 13 anos de idade.

A inspiração para seu próprio negócio veio em 2010, quatro anos antes de sua mãe vender a FLC ao fundo de private equity Victoria Capital Partners e passar a cuidar integralmente da ONG Amigos do Bem. Em uma das dezenas de viagens à China, encantou-se com uma novidade que viu por lá: os painéis de LED. Viu naquilo a possibilidade de fazer um "negócio da China", no Brasil.

Depois de 13 anos e se preparando para a segunda emissão de debêntures, Albanesi não descarta passos mais largos, mas mantém uma boa dose de cautela. "Para emitir uma debênture tivemos que nos preparar: tem que ser uma S/A, tem que ser auditado, tem que ser listada na B3, ou seja, mudou o jogo, coisas que a gente nem imaginava", conta.

Ele diz que a experiência foi muito positiva. Ainda assim, apesar de não descartar totalmente, questiona a capacidade da empresa para a realização de um eventual IPO. "Acho que, ainda, este não é o caminho. Mas temos que pensar como empresa e qual o futuro que a gente pensa para ela. Se chegar um fundo que ache necessário investir para abrir o capital, eu não descarto", disse.

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