Conselho aprova obra do Hard Rock Cafe no entorno do Náutico, em Fortaleza
A proposta deve utilizar um espaço obsoleto do Náutico Atlético Cearense e ajudar na sustentabilidade financeira do clube, que enfrenta dificuldadesO Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural de Fortaleza (Comphic) aprovou a construção de um estande de vendas da marca Hard Rock Cafe no Náutico Atlético Cearense.
A proposta é usar um espaço obsoleto do clube, na lateral voltada para a avenida Beira Mar.
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Em reunião ocorrida em 2 de agosto último, o Comphic deliberou sobre o projeto do Hard Rock Cafe, conforme ata publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de 16 de outubro.
A intervenção deve ocorrer no muro da fachada do clube e nas quadras que estão no entorno da região tombada.
Somente a torre, onde fica o Salão Nobre, voltada para a avenida Abolição, integra a área tombada do Náutico. O fato de o projeto do Hard Rock Café estar na poligonal do entorno Se trata da área em torno do bem tombado. Também deve receber atenção e ser cuidada para preservar a visualização do elemento histórico e "dar ambiência", segundo Euler Muniz, conselheiro do Comphic. é que precisa da anuência do Conselho.
Libna Damasceno, representante do clube, afirmou na reunião que o tempo de contrato com a empresa seria de dois anos. Após o período, o muro da fachada deve ser readequado ao projeto de tombamento.
Segundo Carolina Lima, arquiteta do Hard Rock Cafe presente na reunião, a “ideia é agregar valor ao espaço com paisagismo e área de convivência que possa ser usufruída por quem estiver passando”.
O Hard Rock Cafe afirmou para a reportagem que o estande no Náutico “está no planejamento de expansão comercial da empresa e ainda não foi decidido o que será instalado no local e quando será inaugurado”.
Em nota, a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) disse que, para a aprovação do projeto, “foram realizadas alterações a partir de recomendações da Coordenação de Coordenação de Patrimônio Histórico-Cultural (CPHC) para preservar a originalidade da edificação”.
Uma das alterações foi a remoção de uma guitarra gigante, parte da identidade visual do Hard Rock Café. Na reunião do Comphic, os conselheiros questionaram a altura da sinalização e o impacto da iluminação.
A construção do stand de vendas tem uma licença prévia aprovada pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). A próxima etapa inclui os trâmites para licenciar a construção.
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Hard Rock Cafe no Náutico Atlético Cearense: clube precisa atingir “equilíbrio financeiro”
Para o presidente do Náutico, Jardson Cruz, o clube “precisa rejuvenescer na sua estrutura para [conseguir] uma manutenção adequada”. O empreendimento do Hard Rock Café fornecerá uma renda mensal ao Náutico, que hoje se mantém com sócios e aluguéis de espaços.
Jardson afirmou que o clube precisa atingir “equilíbrio financeiro” e a instalação do stand ajudaria. A maior dificuldade financeira, segundo ele, é o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que cobra R$ 380 mil mensais.
Segundo Euler Muniz, conselheiro do Comphic e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), os bens tombados “precisam ter sustentabilidade financeira para continuar existindo, e o Náutico luta há muito tempo”.
Para o arquiteto e urbanista, é necessário encontrar um projeto que forneça renda ao Nautáco, mas não impacte no tombamento ou na visualização do bem tombado. O empreendimento do Hard Rock Cafe “seria algo com escala temporal, mas que garante alguma sustentabilidade”.
“O proprietário precisa ter subsídios para manter o bem. Não dá para simplesmente tombar, tem que ter como continuar. Preservando o bem e não impactando na visibilidade, podem dar outros usos [ao local] para dar subsistência”, contou Euler ao O POVO.
O empreendimento aprovado pelo Comphic não é o primeiro a visar sustentabilidade financeira para o Náutico. Há 10 anos, em 2013, era anunciado o “Novo Náutico”, que incluía a construção de hotel, shopping center e torres empresariais. O plano foi barrado após anos de disputas judiciais com sócios.
O clube foi tombado pela Prefeitura de Fortaleza um ano antes, conforme publicação do DOM de 21 de dezembro de 2012.
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