Gerdau conversa com Elmano para fortalecer operações no Ceará

O governador recebeu a diretoria da empresa no Palácio da Abolição, sede do governo, e disse tratar do fortalecimento da empresa no Estado

A diretoria da Gerdau foi recebida pelo governador Elmano de Freitas (PT) na tarde de ontem, 11, para tratar da operação da empresa no Ceará. Nas últimas semanas, a empresa negociou uma suspensão temporária dos contratos (layoff) com sindicatos e suspendeu a atividade de 600 deles.

Da mesma forma como atuou nas crises anunciadas pela indústria de calçados Paquetá, que tem unidades em três cidades cearenses, e na saída da Guararapes de Fortaleza, o Governo do Estado chamou representantes das empresas para conversar.

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"Estive reunido com a diretoria da Gerdau, a maior multinacional brasileira produtora de aço, que conta com duas usinas instaladas em Maracanaú e em Caucaia. No encontro, conversamos sobre estratégias para fortalecer a empresa em nosso estado e garantir emprego para os cearenses", afirmou Elmano nas redes sociais, sem dar detalhes da conversa.

Entenda a questão da Gerdau no Ceará

Era 29 de junho de 2023 quando O POVO publicou com exclusividade que a multinacional brasileira produtora de aço Gerdau negociava suspensão temporária de contratos de trabalhadores das usinas de Maracanaú e Caucaia, ambas na Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará. 

No dia 3 de julho, novamente O POVO adiantou que a empresa havia fechado acordo com os sindicatos das usinas pelo período de até cinco meses. No período, o compromisso de realização de curso ou programa de qualificação profissional.

Além disso, prometeu assegurar os benefícios de farmácia, seguro de vida e plano de saúde, respeitada a escolha dos benefícios flexíveis. Além de assegurar o valor da bolsa qualificação profissional, de modo que o empregado receba 100% de seu salário nominal líquido.

A título de Programa Metas, os trabalhadores foram garantidos do valor relativo ao período em que estavam em atividade na empresa.

Da confirmação da suspensão temporária, em julho, até três meses depois, agora em outubro, surgiu o boato de que a empresa havia encerrado as operações no Ceará e demitido seus mais de 600 funcionários no Estado. Mas, na verdade, não passava do layoff já anunciado.

Diante da informação publicizada na tarde de quarta-feira, 4 de setembro, a Gerdau emitiu nota afirmando que não encerrou e não possui planos de encerrar suas operações na usina de Maracanaú e Caucaia. "Além disso, não há conversas em andamento para realizar demissões."

Complementou ainda que paralisou as atividades do laminador na unidade, implementando um programa de suspensão temporária de contratos de funcionários, que tem como objetivo principal preservar os empregos existentes.

Além disso, diz que "não há conversas em andamento para realizar demissões" e reforça que o "atendimento aos clientes permanecerá inalterado."

"Essa decisão reflete a estabilidade da demanda por aço no mercado brasileiro, que se mantém em níveis elevados, mas enfrenta desafios devido ao desequilíbrio na oferta de produtos importados, principalmente provenientes da China", frisa em nota.

Por fim, acrescentou que acredita ser fundamental adotar tarifas de importação de aço similares às praticadas nos principais mercados, a fim de garantir uma simetria de mercado e equilibrar o volume de importações, atualmente desbalanceado em favor dos players nacionais em termos de competitividade.

"Até o presente momento, este movimento, que precisa ser avaliado pelo governo, não ocorreu", cobrou.

O próprio Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará (Sindmetal-CE) fez questão de se pronunciar sobre o boato. A diretora da entidade, Elenir Ribeiro, informou que a "notícia não é verdadeira".

"O layoff suspensão temporária de contratos é real, os trabalhadores fizeram a adesão individual, livremente. O layoff não é demissão; é suspensão o contrato de trabalho por cinco meses e, nesse período, os que aderiram ao layoff ficarão recebendo treinamentos, reciclagem de conhecimentos" disse.

Ela ainda frisou que os sindicatos garantiram, em negociação com a Gerdau, os benefícios para os trabalhadores, como plano de saúde, farmácia e seguro de vida.

"A empresa vai completar a diferença do salário do trabalhador até atingir o seu salário nominal. A intenção é manter os postos de trabalho”, explicou Elenir.

Gerdau no Ceará: mais sobre a suspensão 

No Ceará, a Gerdau possui 631 postos de trabalho, segundo o Governo do Estado, mas nem todos os cargos foram atingidos. Porém, a empresa não confirmou o montante de afetados.

Sobre o período de suspensão, conforme o Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará (Sindmetal-CE), a entidade prevê que dure até dezembro, e curso profissionalizante será ministrado aos funcionários.

Uma das questões que foram negociadas com a Gerdau foi a meta de manutenção do plano de saúde dos colaboradores.

Já o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Maracanaú (Sindimetalmac), representante da outra usina, tem uma estimativa de 100 funcionários no programa. Além disso, a entidade frisa que o acordo é melhor que uma demissão.

Gerdau no Ceará: atuação da empresa

No Ceará a indústria é mais focada na construção civil. Conforme dados da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), a usina de Maracanaú tem 393 postos de trabalho, considerando o período de abril de 2023, e está enquadrada no Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Industrial (Provin) desde julho de 1997.

Pelo Provin, são assegurados às empresas incentivos pelo prazo de até 10 anos, prorrogável por igual período; diferimento de até 75% do valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido; e retorno do principal de até 25%.

Já em Caucaia, na mesma base de dados, que considera o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), são 238 trabalhadores.

O programa do Governo do Ceará para esta unidade é o de Atração de Empreendimentos Estratégicos (Proade), desde dezembro 2013, que começou o benefício ainda como Siderúrgica Latino-Americana S.A
(Silat) e em agosto de 2022 foi incorporada pela Gerdau, quando da conclusão da compra daquela por esta multinacional.

Por meio do Proade, o Estado garante incentivos concedidos pelo prazo de até 10 anos, prorrogável por igual período. Além disso, eles poderão ser de até 99% do ICMS relativo às operações de produção própria da empresa, com retorno de até 1%.

A coluna ainda procurou e aguarda retorno da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz) para saber o montante de renúncia fiscal que a empresa conseguiu do Governo ao longo dos anos, arrecadação e parcerias com o Estado.

Quem é a Gerdau

Com 122 anos de história, a Gerdau é considerada a maior empresa brasileira produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo.

No Brasil, também produz aços planos, além de minério de ferro para consumo próprio. Além disso, possui uma divisão de novos negócios, a Gerdau Next, com o objetivo de empreender em segmentos adjacentes ao aço.

A companhia está em nove países e conta com mais de 36 mil colaboradores diretos e indiretos em todas as suas operações. Maior recicladora da América Latina, a Gerdau tem na sucata uma importante matéria-prima: 71% do aço que produz é feito a partir desse material.

Todo ano, 11 milhões de toneladas de sucata são transformadas em diversos produtos de aço. A companhia também é a maior produtora de carvão vegetal do mundo, com mais de 250 mil hectares de base florestal no estado de Minas Gerais.

Como resultado de sua matriz produtiva sustentável, a Gerdau informa que possui, atualmente, uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO₂e), de 0,89 t de CO₂e por tonelada de aço, o que representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,91 t de CO₂e por tonelada de aço (worldsteel).

Para 2031, a meta da Gerdau é diminuir as emissões de carbono para 0,83 t de CO₂e por tonelada de aço. As ações da Gerdau estão listadas nas bolsas de valores de São Paulo (B3), Nova Iorque (NYSE) e Madri (Latibex).

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