Transportes puxam alta nos gastos familiares no ano; alimentação segue em queda

Segundo o IPGF, realizado pelo FGV, a alta foi de 0,03% em agosto e de 2,78% nos últimos 12 meses

15:00 | Set. 19, 2023

Por: Lennon Costa
Alta nos combustíveis puxaram o índice do IPGF para cima (foto: FÁBIO LIMA)

O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) teve uma variação de 0,03% em agosto e de 2,78% nos últimos 12 meses. A alta tem sido puxada, principalmente, pelo grupo de transportes, em especial pelo reajuste nos combustíveis. A alimentação, no entanto, segue mantendo baixas.

Os resultados apontam para uma sutil reaceleração da inflação interanual, levando em conta as quedas dos preços coletados de julho a setembro do ano passado. Os números, no entanto, seguem menores do que os registrados em outros índices de inflação.

O estudo é realizado pela FGV Ibre e se difere do IPCA (IBGE) ou o IPC (FGV IBRE) por trabalhar com pesos da cesta de consumo. Assim, em casos de substituição de itens da cesta básica pelas famílias, as alterações nas preferências do consumidor são captadas com mais agilidade na pesquisa.

Veja abaixo o impacto dos itens.

Combustíveis puxaram alta

O impacto dos transportes aconteceu porque ele foi o que teve maior oscilação para cima. Em julho, havia uma deflação de 4,17% em 12 meses, enquanto em agosto foi acumulada uma alta de 1,44%.

Dentro do grupo, os itens que mais contribuíram para essa aceleração foram a “gasolina” (de -9,28% para 3,94%); “óleo diesel” (de -31,56% para -22,81%) e “etanol” (de -12,01% para -7,76%).

Outros dois grupos também apresentaram aceleração: habitação (de 3,24% para 4,04%) e educação (de 8,13% para 8,35%). O grupo comunicação se manteve estável, acumulando queda de 7,10%.

Preços dos alimentos seguem caindo

O grupo de alimentação é o que segue com maior taxa de baixa nos preços nos últimos 12 meses. Na taxa interanual de julho pra agosto, esse índice foi de -2,92% para -4,07%.

Outros grupos também tiveram baixas, como os artigos de residência (de -3,69% para -4,05%), vestuário (de 5,60% para 4,23%), saúde e cuidados pessoais (de 11,39% para 10,73%), despesas pessoais (de 11,07% para 10,61%) e serviços prestados às famílias e atividades pessoais (de 5,64% para 5,43%).

Índice de difusão

O índice de difusão, que realiza uma média aproximada dos itens que apresentam alta e baixa no mês, identificou uma passagem de 41,3% em julho para 47,8% em agosto, ou seja, aproximadamente cinco em cada 10 itens apresentaram aumento de preço no período.

No entanto, a difusão ainda é menor que o identificado em dezembro de 2022, data em que foi coletado o estudo pela primeira vez, quando estava em 73,9%.

Pesos dos grupos no estudo

O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comentou que o IPGF costuma ter valores menores do que os índices de inflação devido a construção dos pesos, possibilitados a percepção do chamado "efeito substituição" de cada item.

"Quando, por exemplo, o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a comprometer menos o custo de vida e vice-versa", explicou Peçanha.

Nesse sentido, ele acrescentou que “apesar de o custo dos transportes ter subido bastante, o IPGF ficou em torno da estabilidade porque a alimentação segurou. Ou seja, mesmo com essas subidas de preço da gasolina a gente vê o peso desses quesitos no índice reduzindo. Talvez, até porque as pessoas estão deixando de usar o carro para utilizar transporte público”. (Colaborou Adriano Queiroz)

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