Sem dados atualizados, Indústria de Eventos luta por reestruturação

Últimos dados que estão disponíveis são de 2013; Depois disso, uma pandemia assolou o setor, que passa por retomada e quer estar incluído na reforma tributária

18:42 | Set. 12, 2023

Por: Paloma Vargas
Evento sobre setor de eventos, realizado no Ceará, tem como temas principais a falta de dados do setor e a exclusão da reforma tributária (foto: Celso Tomaz/ Divulgação Abeoc Ceará)

O setor de eventos está às cegas. Os últimos dados que estão sendo trabalhados, com relação aos números de empregos e movimentação da economia no Brasil, são de 2013.

A afirmação foi dada na terceira edição do Summit Eventos Brasil, seminário realizado durante três dias pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil) e sua associada Abeoc Ceará, em parceria com a Academia Brasileira de Eventos e Turismo.

Na época, a indústria de eventos movimentou R$ 209,2 bilhões em 2013, o que representa uma participação do setor de 4,32% do PIB do Brasil. "Atualmente, o que temos são achismos e o que conseguimos avaliar pela movimentação que acompanhamos", disse a vice-presidente da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Anita Pires.

No Ceará, a presidente da Abeoc local, Enid Câmara, afirma que o termômetro de eventos tem sido a ocupação do Centro de Eventos do Ceará, localizado em Fortaleza. "Nem todos os locais, como os hotéis, por exemplo, temos acesso aos calendários de eventos, mas o do Centro de Eventos, sim, então, em 2019, realizamos aproximadamente 100 eventos neste local e, agora em 2023, já batemos essa marca."

Assim, ela reforça que em número de ações o setor já superou o que se tinha antes da pandemia (que dizimou essa indústria). "A questão que a gente fala que não tem números é do dimensionamento econômico, são os impactos desses eventos."

Parceria no Estado busca unir dados

Esse dimensionamento, segundo ela, está sendo realizado atualmente pelo Convention & Visitors Bureau, junto com a Fecomércio e a Unifor. "Porém, a gente precisa ampliar para todos os tipos de eventos, os corporativos, de entretenimento, social, e nós não temos algo que dê um diagnóstico da cadeia como um todo. Só com a ajuda dos institutos governamentais, vamos conseguir esse diagnóstico mais completo."

Enid ainda comenta que no Estado, há um diálogo com o governo para juntar todos os institutos de pesquisa e já existe um grupo de trabalho, na Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), para se ter um diagnóstico mais profundo do setor. "Os nossos números são gigantescos. A gente é tão grande que não sabemos o nosso real tamanho."

Questionada sobre a representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, a presidente da Abeoc comenta que o setor trabalha com um percentual entre 9 e 12%. "Só que a gente quer parar de estar cada entidade divulgando um número. Precisamos de número real, e isso só com a união de todos os institutos, chancelado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) para dizer, quanto do turismo é de evento, é de negócios, é de lazer e de entretenimento."

Setor se diz de fora da reforma tributária

Ela ainda completa que o trabalho é complexo, já que muitos Cnaes (Classificação Nacional das Atividades Econômicas) do setor, muitas vezes se confundem com o setor do comércio, da cultura, que também tem evento.

"Esse diagnóstico para dizer o tamanho da cadeia produtiva é vital para conseguir se posicionar ainda mais e construir mais políticas públicas, e sermos reconhecidos, como no caso da reforma tributária, que estamos de fora."

Sobre a pauta do setor de eventos para a reforma, Enid é taxativa ao reafirmar que o setor não é contemplado. "Por isso, neste evento, discutimos que precisamos fazer parte da reforma (tributária). Do jeito que está aí vamos pagar 25%, 30% e vai ser uma quebradeira só."

Por conta disso, a presidente relata que a união de esforços do setor vai produzir um relatório que será entregue aos parlamentares, incluindo a senadora cearense Augusta Brito (PT), que se dispôs a receber e analisar as reivindicações do setor.

O III Summit Eventos Brasil vai até esta quarta-feira, 13, no Senac Aldeota, em Fortaleza.

 

Mais notícias de Economia