Cartão de crédito: como vão funcionar os juros do rotativo?
O objetivo da medida aprovada na Câmara e que vai para Senado é evitar que os consumidores paguem taxas abusivas às instituições financeirasA Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo. Nele, estava incluso um limite para os juros do rotativo do cartão de crédito.
O objetivo dessa medida é evitar que os consumidores paguem taxas abusivas às instituições financeiras. Isso porque, em julho, os juros do rotativo estavam em 446% ao ano. Entenda mais abaixo o que são esses juros.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Com a aprovação, o limite fica em 100% do valor original da dívida. Na prática, isso significa que os bancos podem cobrar o dobro do que o consumidor pagou de início.
Leia mais
Porém, as instituições financeiras podem apresentar uma proposta de autorregulação em até 90 dias ao Banco Central ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para que estes avaliem a situação. Mas, para esse prazo começar, a regra ainda tem de ir para o Senado.
Segundo o parecer preliminar, o limite para os juros do rotativo também valerá para quem não aderir à autorregulação.
Juros do rotativo: o que é?
Os juros rotativo estão associados ao crédito rotativo, que é oferecido pelo cartão ao cliente quando ele não realiza o pagamento total da fatura.
Assim, sempre que o cliente não consegue pagar o valor total de sua fatura, a instituição que administra o cartão faz uma espécie de empréstimo para aquela pessoa.
No mês seguinte, o valor restante daquela fatura é lançado na cobrança com o acréscimo dos juros rotativos à opção do crédito rotativo.
Dessa forma, as instituições financeiras têm que apresentar outra linha de empréstimo com melhores condições para incentivar quitar a dívida e evitar o super endividamento. O parcelamento do valor é uma das opções geralmente disponibilizadas.
Por causa da aprovação, o teto do juros permitido nessa cobrança fica em 100%.
Juros do rotativo: posso fazer portabilidade para outro banco?
Além disso, o texto também apresenta regras para a portabilidade. Ou seja, a transferência da dívida de uma instituição financeira para outra que tenha oferta melhor para pagamento.
Atualmente, a portabilidade é possível apenas em outras modalidades de crédito, não no rotativo do cartão. O objetivo, conforme o relator, é estimular a competição e a redução da taxa de juros.
A regulamentação dessa portabilidade caberá ao CMN dentro de 90 dias da futura lei.
Juros do rotativo: Febraban critica decisão
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criticou o estabelecimento de um possível teto para o crédito rotativo, e afirmou que um limite poderia reduzir a oferta de crédito no País. A entidade afirmou que espera encontrar uma solução de mercado para o tema nos próximos 90 dias.
"Limites artificiais de juros impactam na oferta de crédito, pois carregam o risco de torná-lo não sustentável", diz a entidade, em nota.
"No caso do cartão de crédito, produto que responde por 40% de todo o consumo no Brasil e 21% do PIB, tetos para os juros no rotativo podem tornar uma parcela relevante dos cartões de crédito inviáveis economicamente, afetando a disponibilidade de crédito na economia", complementa.
A Febraban disse que a adoção de limites oficiais de preços preocupa, e que em produtos de crédito, podem reduzir a oferta de crédito.
"Mas reconhecemos o grande esforço do relator, Deputado Alencar Santana (PT-SP), em conceder prazo de 90 dias para que haja discussão técnica e colaborativa, envolvendo a indústria de cartões, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central."
A entidade afirmou ter confiança de que o prazo será suficiente para que se encontre uma evolução material no mercado.
"Nesse sentido, a Febraban perseguirá um caminho que dilua o risco de crédito entre os elos da cadeia e elimine os subsídios cruzados, numa transição sem rupturas do produto do cartão de crédito e de como ele se financia", finaliza a nota.
Nas discussões do rotativo, os bancos afirmam que os juros da modalidade são altos porque financiam o parcelamento de compras sem juros no cartão de crédito. Empresas de maquininhas independentes, ou seja, não ligadas a bancos, e fintechs discordam dessa tese.
*Com Agência Câmara e Agência Estado
Veja como funciona a regra de promoções novas para clientes antigos
Mais notícias de Economia
Confira os assuntos econômicos no Ceará, no Brasil e no Mundo
Acompanhe mais notícias de Economia no Linkedin do O POVO
Veja dicas rápidas sobre Educação Financeira no Dei Valor