Drex: o que o real digital vai mudar, na prática, para o brasileiro

O Banco Central pretende lançar sua representação da moeda real em formato digital, o Drex, para o público; saiba o que esperar e como deve funcionar

O processo de criação do real digital do Banco Central (BC) ainda está em fase de testes, mas o nome do projeto já foi divulgado — Drex. O “primo do Pix” é emitido pelo BC como uma extensão da moeda física, expandindo suas funcionalidades.

Os potenciais benefícios expostos pela autarquia para a criação do Drex incluem serviços tradicionais, como investimentos e financiamentos, além de contratos inteligentes. Protocolos de intermediação de compra e venda e novos tipos de produtos e serviços financeiros digitais também entram na lista.

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Em março de 2023, os testes em ambiente restrito para o Piloto Drex começaram. Sem uma data estipulada para o lançamento, o Banco Central indica uma possível inclusão de testes com a população no fim de 2024.

Entenda mais sobre o funcionamento do Drex e quais países já implementaram moedas digitais.

O que é Drex?

O Drex, ou Real Digital, é definido como uma moeda digital de banco central (CBDC, de Central Bank Digital Currency, em inglês). Em uma plataforma digital, o Drex representará o real brasileiro.

De acordo com informe do Banco Central, entre as principais tecnologias utilizadas na Plataforma Drex estão:

  • Tecnologia de registro distribuído (DLT ou Distributed Ledger Technology em inglês): Permite que dados sejam armazenados e editados de forma compartilhada
  • Contratos inteligentes (smart contracts): São os chamados serviços digitais inteligentes, como entrega contra pagamento (DvP em inglês), pagamento versus pagamento (PvP em inglês) e outras ferramentas de finanças descentralizadas
  • Transações variadas com ativos digitais (tokens): São descritos pelo BC como “representações digitais de ativos ou direitos emitidos dentro de uma rede que opera com registro”.

O que é uma moeda digital oficial de banco central (CBDC)?

Uma moeda digital de banco central (CBDC, do inglês Central Bank Digital Currency) é similar a uma moeda fiduciária (dinheiro físico), embora exista apenas no mundo virtual em uma rede blockchain.

Uma das maiores experiências de CBDC está na China, por meio do e-CNY ou renminbi digital.

Qual o significado do nome Drex?

O nome Drex é desenvolvido por meio da “combinação de letras em uma palavra com som forte e moderno”, de acordo com informações do Banco Central. As letras “d” e “r” são uma referência ao Real Digital, o “e” vem de eletrônico e o “x” traz ideia de conexão, associada à tecnologia.

O conceito visual da marca remete ao mundo digital, com duas setas inseridas na letra “d” para indicar etapas de uma transação digital e simbolizando a evolução da moeda brasileira.

Drex: como vai funcionar o real digital?

As operações pelo Drex acontecerão por meio de carteiras virtuais. Nesse caso, o cliente deverá depositar em reais a quantia desejada, convertendo a moeda física em moeda digital.

“Essas carteiras serão operadas por instituições financeiras, sob a supervisão do Banco Central, a princípio. É possível que no futuro outras instituições sejam autorizadas a operar com Drex”, explica o professor de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vivaldo José Breternitz.

Drex: onde usar o real digital

“No momento, a gente não vai estar usando o Drex no varejo, no dia a dia. Isso só deve acontecer lá para 2025”, destaca o professor e pesquisador de Finanças Pessoais da Universidade Federal do Ceará, Érico Veras.

O profissional acrescenta que, inicialmente, a moeda digital brasileira será utilizada no mercado de atacado e em operações financeiras.

Após, Breternitz informa que o Drex poderá ser usado em serviços financeiros em geral, como transferências, pagamentos, compra de títulos públicos, etc.

“Creio que no dia a dia das pessoas físicas e pequenos negócios o produto não será utilizado, pelo menos a curto prazo”, informa.

Drex pode converter em cédulas?

O Banco Central destaca que o uso do Drex permitirá a conversão para “qualquer outra forma de pagamento hoje disponível”, seja em depósito bancário convencional ou em real físico.

“No que se refere à questão de conversão, um Drex vai valer um Real. Isso significa também que todo impacto de câmbio, como você tem do euro, do dólar, também vai valer”, relata o professor Érico Veras.

Drex x Pix: quais as diferenças?

O Pix é um meio de pagamento que permite transferências instantâneas, enquanto o Drex é uma moeda digital brasileira. A utilização deste também contará com um serviço de pagamento para liquidação de transações com ativos digitais, mas com a possibilidade de oferta de produtos ou serviços financeiros.

Entre os exemplos citados no portal do Banco Central para a funcionalidade do Drex, estão crédito, investimento, seguros, e serviços inteligentes, entre outras opções.

Drex x criptomoedas: é a mesma coisa?

O Drex é uma moeda digital que representa o Real brasileiro, com emissão exclusiva na plataforma operada pelo Banco Central (Plataforma Drex). No espaço, regras de garantia da segurança, privacidade e legalidade das transações serão estipuladas.

Por outro lado, as criptomoedas possuem emissão privada, sem relação com o Banco Central, e em sua maioria não são fiscalizadas pelos governos. Além disso, estão sujeitas às variações do mercado.

Moeda digital: quais países já implementaram?

Além do Brasil, outros países já apresentaram suas moedas digitais ao público, como China, Bahamas, Nigéria e Jamaica.

“Para que funcione, é preciso um sistema financeiro, inclusive o Banco Central, forte (o brasileiro é). Além disso, cada CBDC terá características próprias do país onde operará”, considera o professor Breternitz.

Bahamas: Sand Dollar

A CBDC das Bahamas, chamada de Sand Dollar, foi emitida pelo Banco Central das Bahamas por meio de instituições financeiras autorizadas (AFIs, do inglês Authorized Financial Institutions). O piloto da versão digital da moeda do país foi disponibilizado nacionalmente em outubro de 2020.

China: e-CNY

A moeda digital do país, chamada de e-CNY ou renminbi digital, foi apresentada ao mundo nas Olimpíadas de Inverno de Pequim, em 2022, e é mantida pelo Banco Popular da China. Anteriormente, o país disponibilizou uma carteira digital para facilitar as transações.

Nigéria: eNaira

A eNaira é regulada pelo Banco Central da Nigéria e oferece transferências de indivíduo para indivíduo, indivíduo para empresa/comércio, indivíduo para governo (e vice-versa) e dinheiro/conta bancária para a carteira digital.

Jamaica: Jam-Dex

Com o slogan “No Cash, No Problem” (“Sem Dinheiro, Sem Problema”, em sua tradução), o Jam-Dex pode ser usado em qualquer lugar da Jamaica em que os serviços da carteira digital estão disponíveis.

Segundo o portal do Banco Central do país, não há custo associado com a carteira de CBDC e não é preciso colocar dinheiro ao abri-la.

Drex: qual será o custo do real digital?

“Os custos de utilização do Drex serão definidos pelas instituições financeiras envolvidas na transação”, explica Breternitz. “Ainda não há maiores informações a respeito”, completa.

O Banco Central informa que, “como as operações atuais, o cliente pagará o valor cobrado pela instituição pela oferta do produto ou serviço na Plataforma Drex”.

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