Almoço pode ficar mais caro com portabilidade no vale-refeição, diz Abrasel

MP estabelece que o trabalhador possa trocar a prestadora dos benefícios e usar o seu cartão em qualquer maquininha

A discussão a respeito da portabilidade dos vales-refeição vem gerando debates. Uma medida provisória (MP), sancionada em setembro do ano passado, estabeleceu que o trabalhador poderia trocar a prestadora dos benefícios e usar o seu cartão em qualquer maquininha.

No entanto, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) ressalta que a portabilidade pode não ser tão benéfica assim para o trabalhador. O líder de conteúdo da associação, Eduardo Camargo, falou sobre o assunto no programa O POVO no Rádio, da Rádio O POVO CBN.

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Ele ressalta que hoje existe uma diversidade muito grande de pequenas empresas que trabalham com o cartão, e que a portabilidade abre portas para empresas grandes trabalhando neste mercado de cartões oferecerem cashback para o trabalhador, mas que apesar de parecer vantajoso, é uma armadilha.

"Esse custo vai ser repassado para os bares e restaurantes, e o bar e restaurantevai ter que passar isso para o cardápio, e aí o preço da refeição aumenta, o que traz prejuízo para o trabalhador e para o país", analisou.

O representante da associação lembrou ainda que os associados ainda estão cobrindo prejuízos da pandemia, onde foram acumuladas dívidas com os estabelecimentos fechados e com restrições, e que é impensável para o empresário não repassar esse custo para o cardápio.

"Não só o público vai pagar a mais pela refeição, como também vai gerar inflação, gerar problemas para os próprios restaurantes, porque mais gente vai deixar de pagar impostos", citou.

A portabilidade nos cartões de vale-alimentação e refeição deveria começar em maio deste ano, mas a lei ainda não foi regulamentada pelo governo atual e sua implementação acabou sendo adiada para maio do ano que vem.

Uma pesquisa realizada pela plataforma de delivery Ifood em julho do ano passado identificou que 36% dos trabalhadores está insatisfeito com as empresas emissoras de seus cartões de vale-alimentação (VA) e vale-refeição (VR) e gostariam de trocá-las.

Entre as reclamações, 38% alegam que a bandeira atual não é aceita em todos os estabelecimentos. Além disso, 18% apontam que ela não oferece serviços de qualidade. Outra reclamação apontada por 39% dos entrevistados é que a bandeira atual não oferece serviços inovadores.

O mercado de benefícios de vale-alimentação e vale-refeição movimenta aproximadamente R$ 150 bilhões por ano, informou a pesquisa realizada do Ifood. O mercado impulsionado pelo Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) beneficia cerca de 23,4 milhões de trabalhadores.

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