Ceará tem 5⁰ maior percentual de jovens que não estudam e nem trabalham no País

O percentual desses indivíduos, em 2022, chegou a 27,5% e é maior do que o nacional, de 20%

O Ceará tem a quinta maior taxa do Brasil quando se leva em consideração os jovens entre 15 e 29 anos que nem trabalham e nem estudam, os conhecidos como "nem-nem". O percentual desses indivíduos, em 2022, chegou a 27,5% e é maior do que o nacional, de 20%. 

Os números são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Para Vladyson Viana, secretário do Trabalho do Ceará, esse é um desafio para os gestores públicos e merece ser tratado com cuidado.

"Mesmo com a redução na taxa de desemprego, tem-se um aumento desse quadro, que é complexo. É preciso entender as causas, o contexto para buscar medidas e resolver este problema."

Ele também argumenta que o Estado oferta qualificações profissionais, ensino médio integral, que podem ajudar na questão. Porém, não é somente isso que resolve.

"Nós precisamos pensar outras alternativas que abarquem o contexto de cada uma das dificuldades que esses indivíduos sofrem. Um exemplo é mostrar um modelo de educação básica que demonstre que a educação faz parte de um projeto de vida e não somente uma obrigação", explica.

Além disso, o Brasil apresentou uma diminuição de 2,4 pontos percentuais em relação ao ano de 2019. Porém, o Ceará e mais três estados ampliaram o número de indivíduos, na faixa etária utilizada, que não estudam e nem trabalham durante esse período. Foram eles: Rio Grande do Norte, Amapá e Paraíba.

O ano de 2019 foi o último em que a pesquisa foi divulgada, pois em 2020 e 2021 os dados desse setor foram suspensos devido ao distanciamento social necessário durante a pandemia de coronavírus.

Nesse quesito, o Ceará fica em terceiro do ranking nacional, com um aumento de 0,9 pontos percentuais. Assim, o Estado fica na frente da Paraíba, com 0,7, e atrás apenas de Rio Grande do Norte, com 1,5, e Amapá, com 1,2. 

Políticas públicas como alternativa

De acordo com Alessandra Araujo, coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da Universidade Federal no Ceará (UFC) em Sobral, esse cenário ocorre por ser muito difícil conseguir trabalho nessa faixa etária, especialmente porque, para muitos, é o primeiro emprego.

"Mesmo que hoje esteja diminuindo a taxa de desemprego, muitos que tem essa idade não conseguem emprego porque, como alguns trabalham e não estudam, acabam não tendo a qualificação profissional necessária. E isso cria um desalento na população. Muitos nem procuram mais emprego."

Para reverter esse cenário, Alessandra Araujo afirma que é indispensável que o poder público exerça efetivamente as políticas educacionais. 

"Na minha concepção, essa educação precisa ser pensada de duas formas: em um regime de sistema integral, para que os alunos passem mais tempo nas escolas, e com a implementação de uma bolsa escolar."

A coordenadora do LEP, em Sobral, também reforça que é preciso pensar em uma base educacional qualificada para prender os estudantes.

"Não pode deixar fazer qualquer coisa. É preciso ter um caminho pedagógico claro para motivar e qualificar essas pessoas. Não adianta atrair essas pessoas para uma escola que não tem qualidade", argumentou.

Outro ponto que ela explicou foi em relação aos "nem-nem" que possuem uma idade mais avançada. Segundo a própria, esses indivíduos tiveram uma base estrutural prejudicada e estão desalentados. 

"Não só no Ceará, mas em outros estados e países, o número de desemprego dessa parcela é sempre muito alto. Por isso, é importante estimular a geração de oportunidades e oferecer cursos profissionalizantes para eles."

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