Petrobras anuncia fim da paridade internacional de preços do petróleo

Medida vem em substituição à política de preços de diesel e gasolina comercializados por suas refinarias

A Petrobras aprovou uma estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina da Petrobras, na segunda-feira, 15, em substituição à política de preços de diesel e gasolina comercializados por suas refinarias, mantendo preços com referências dos mercados onde atua, sem subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação.

O anúncio encerra a subordinação obrigatória ao preço de paridade internacional, mantendo o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda.

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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, analisou que, com essa estratégia comercial, a companhia vai ser mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes.

"Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país", disse.

Ele ainda frisou que não há nenhum tipo de intervenção do governo na estatal. A declaração foi dada ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

"Não há intervenção absolutamente nenhuma", disse Prates, em entrevista a jornalistas, ressaltando que a estratégia comercial da empresa é decisão de sua diretoria executiva.

"Nós somos parte do governo brasileiro. Não há intervenção nesse sentido de dizer assim 'bote o preço assim'. Os instrumentos da Petrobras competitivos, de rentabilidade, de garantia da financiabilidade da companhia estão integralmente garantidos."

Representantes do governo já haviam sinalizado a intenção de mudar o modelo adotado até então, a paridade com o mercado internacional - também conhecido como PPI. As críticas à política de preço da Petrobras geraram, nos primeiros meses do governo, um desgaste na relação entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e a empresa.

Ao comentar a mudança, Prates ressaltou que os preços das áreas de influência variam de região e também de clientes, que são as distribuidoras. Afirmou também que a empresa continuará tendo transparência total e que os componentes da composição de preços estarão disponíveis no site da empresa.

Prates afirmou que a mudança pode parecer ser uma volta ao passado, mas, na verdade, a empresa está colocando um filtro para amortecer os preços praticados no Brasil.

"O que nós estamos garantindo aqui é menos volatilidade especulativa internacional. Vamos ter efeito da referência internacional? Vamos, mas estarão refratados numa série de possibilidades nacionais."

O presidente da estatal afirmou que ter boa parte dos custos em reais não pode se comparar com a paridade de preços de importação e que irão deixar o pior cenário para as moléculas que precisam ser importadas.

"Seremos capazes de mitigar a volatilidade internacional", disse, afirmando que a Petrobras praticava preços dos concorrentes.

Entenda abaixo como são formados os preços da gasolina e diesel

A Petrobras informou também que a precificação competitiva mantém também um patamar de preço que garante a realização de investimentos previstos no Planejamento Estratégico.

Segundo o consultor de Engenharia de Petróleo e Energias, Ricardo Pinheiro, se a política de paridade de preços internacionais realmente estivesse sendo usada o consumidor estaria se beneficiando.

Para isso, cita que somente em relação ao começo do ano o barril de petróleo caiu mais de US$ 30 no mercado internacional, indo de aproximadamente US$ 100 para US$ 70.

Além disso, complementa que outro fator de impacto na precificação, o câmbio no País, também está em queda. Para se ter ideia, o dólar comercial fechou na segunda-feira a R$ 4,88 e registrou o maior recuo do ano.

Diante destes fatores é que Ricardo defende que os valores nos postos de combustível do Brasil deveriam estar menores.

“No entanto, o que a gente vê é um sobrepreço no óleo diesel que chega próximo aos 8% em relação ao preço do mercado internacional e o da gasolina chegando 17% acima do mercado internacional”, acrescenta.

Sobre a nova política de preços da Petrobras, considerando a precificação interna do Brasil, ele diz que o ideal é que caiam os preços, que espera o impacto de uma inflação menor, e que se desonere a gasolina ante o mundo. 

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