Selic só deve baixar no segundo semestre, diz CEO do Itaú Unibanco

Milton Maluhy Filho evitou entrar na polêmica entre o Governo Federal e o Banco Central, mas projeta a Selic em 12,5% ao término de 2023

11:52 | Fev. 08, 2023

Por: Armando de Oliveira Lima
Banco fez projeções sobre indicadores nacionais e próprios (foto: Divulgação)

Motivo de conflito entre o Governo Federal e o Banco Central (BC), a taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 13,75% na reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) e só deve ter algum movimento para baixo na segunda metade do ano, como avalia o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho.

Sem entrar na disputa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o executivo afirmou que não observa nenhum elemento que faça os juros retrocederem nesta primeira metade de 2023.

"A nossa expectativa, olhando o hoje, é que quando acontecer um corte (na taxa) será no segundo semestre do ano", declarou o CEO.

O tema é encarado de forma diferente pelos dois líderes. Enquanto Lula quer uma baixa e até chegou a convocar a iniciativa privada a pedir a redução dos juros básicos, Campos Neto mantém a taxa alta como forma de combater a escalada da inflação no País.

2023 com Selic a 12,5%

A projeção divulgada pelo Itaú Unibanco na manhã desta quarta-feira, 8, em coletiva de apresentação dos resultados de 2022, indica que a Selic encerre 2023 em 12,5% - ainda na casa dos dois dígitos.

Como justificativa, Maluhy Filho apontou a necessidade de analisar o cenário macroeconômico como um todo. Disse enxergar "muitas incertezas" e afirmou que precisa "aguardar as definições que venham a ser feitas", referindo-se às tomadas de decisão do Governo Federal para a economia.

"Na medida que temos fatos novos e relevantes, o banco fará a revisão. Nas calls trimestrais, quando entendemos que tem alguma linha descolando, é nosso dever rever e atualizar o mercado", observou, garantindo uma revisão na projeção em caso de mudança da interpretação dos fatos.

Conversas positivas com Haddad

Mesmo com as incertezas geradas pelas tomadas de decisão ou não do Governo Federal, o CEO do Itaú Unibanco contou que teve "bastante contato com o ministro (da Fazenda Fernando) Haddad e a equipe dele, e essas conversas foram positivas."

A promessa de uma apresentação do projeto de arcabouço fiscal que deve substituir o teto de gastos para abril deste ano pareceu animar o executivo, o qual considera o assunto alvo de muita atenção dos agentes do mercado.

"É fundamental e tem uma discussão relevante que é a discussão de metas de inflação. Quanto antes for tomada uma decisão, melhor. É natural o debate. É do jogo. É normal que existam visões diferentes. Mas o que temos de informação até agora são sinalizações positivas do ministro haddad no sentido correto", afirmou.

Ter o projeto de reforma tributária na primeira metade de 2023 foi outra expectativa lançada por Maluhy Filho ao falar dos encontros com Haddad. "Ainda não sabemos o desenho, mas simplificação tributária é fundamental para o Brasil construir uma agenda de desenvolvimento."

Outras projeções

Alexsandro Broedel, CFO do Itaú Unibanco, apontou ainda quais as expectativas da instituição para outros indicadores da economia brasileira. Confira as projeções:

  • PIB: +0,9%
  • Selic: 12,5%
  • Inflação: 5,8%
  • Desemprego (PNAD): 8,2%
  • Dólar: R$ 5,50

“Isso leva a gente a construir o resultado do próprio banco em 2023”, afirmou, ao demonstrar números próprios do banco:

  • Crédito: entre +6% e +9%
  • Margem financeira com o mercado: entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões
  • Custo do crédito: entre R$ 36,5 bilhões e R$ 40,5 bilhões
  • Receita de prestação de serviços e resultado de seguradora: entre 7,5% e 10,5%
  • Alíquota efetiva de IR/Cs: entre 28,5% e 31,5%

*O jornalista viajou a São Paulo a convite do Itaú Unibanco

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