Impacto dos alimentos no salário é o maior em 17 anos no Ceará; veja histórico

Pesquisa mensal da Cesta Básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que, no fechamento de 2022, comprometimento do salário mínimo foi recorde

No fechamento de 2022, o comprometimento do salário mínimo com a alimentação básica chegou a quase 60% (58,33%) na Grande Fortaleza, região de referência para os dados do Ceará.

Esse é o maior impacto para comprar comida em 17 anos da Pesquisa mensal da Cesta Básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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O percentual destinado pelas famílias para adquirir os produtos essenciais vem numa escalada desde 2017, segundo os dados do Dieese e atingiram os patamares mais elevados (acima de 50% do salário mínimo) desde 2020.

O menor comprometimento foi observado em 2006. Os cálculos já contabilizam o desconto para previdência antes de fazer a equivalência do valor dos alimentos.

Impacto dos alimentos no salário desde 2005 em Fortaleza

  • 2005 - 48,02%
  • 2006 - 41,12%
  • 2007 - 45,12%
  • 2008 - 51,68%
  • 2009 - 41,37%
  • 2010 - 43,83%
  • 2011 - 42,92%
  • 2012 - 44,17%
  • 2013 - 43,84%
  • 2014 - 42,10%
  • 2015 - 46,29%
  • 2016 - 48,69%
  • 2017 - 42,63%
  • 2018 - 45,27%
  • 2019 - 47,23%
  • 2020 - 55,34%
  • 2021 - 56,91%
  • 2022 - 58,33%

Cesta básica 3,70% mais cara

Na prática, os moradores da Região Metropolitana de Fortaleza tiveram que desembolsar R$ 653,99 na compra dos 12 produtos que compõem a cesta básica. O valor representou uma inflação de 3,70% a partir da alta nos preços de 11 desses itens.

"Considerando o valor e tomando como base o salário mínimo vigente no país de R$ 1.212 (valor correspondente a uma jornada mensal de trabalho de 220 horas até o fim de 2022), pode-se dizer que o trabalhador teve que desprender 118h e 93 minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade", diz o relatório do Dieese-CE.

O texto ainda atesta que "o gasto com alimentação de uma família padrão (2 adultos e 2 crianças) foi de R$ 1.961,97", o que supera em mais de R$ 700 o salário mínimo vigente para dezembro do ano passado. No ano passado, apenas um dos itens teve redução do preço. No total, a cesta básica na Grande Fortaleza ficou 12,94% mais cara.

Confira a variação dos alimentos em 2022:

  • Carne (4,5kg): 4,96%
  • Leite (6L): 32,03%
  • Feijão (4,5kg): 23,94%
  • Arroz (3,6kg): 8,13%
  • Farinha (3kg): 51,17%
  • Tomate (12kg): -5,11%
  • Pão (6kg): 25,31%
  • Café (300g): 11,09%
  • Banana (7,5 dz): 29,25%
  • Açúcar (3kg): 5,26%
  • Óleo (900ml): 4,47%
  • Manteiga (750g): 16,96%

Fortaleza lidera preços no Nordeste

O levantamento do Dieese ainda atesta que Fortaleza teve a cesta básica mais cara do Nordeste entre as pesquisadas em dezembro, com R$ 653,99. No comparativo nacional, a capital cearense é 11ª com os alimentos mais caros.

A pesquisa apresentou São Paulo (SP) como a mais cara do País, seguida por Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Já a cidade que apresentou o valor mais baixo foi Aracaju (SE), com João Pessoa (PB) e Recife (PE) acima. Veja os números:

  • São Paulo: R$ 791,29
  • Florianópolis: R$ 769,19
  • Porto Alegre: R$ 765,63
  • Rio de Janeiro: R$ 752,74
  • Campo Grande: R$ 744,21
  • Brasília: R$ 728,78
  • Vitória: R$ 728,78
  • Goiânia: R$ 704,63
  • Curitiba: R$ 698,66
  • Belo Horizonte: R$ 696,32
  • Fortaleza: R$ 653,99
  • Belém: R$ 639,44
  • Natal: R$ 584,36
  • Salvador: R$ 570,70
  • Recife: R$ 565,09
  • João Pessoa: R$ 561,84
  • Aracaju: R$ 521,05

Fortaleza em números:

Valor da cesta: R$ 653,99.

Variação mensal: 3,70%.

Variação em 6 meses: -0,46%.

Variação em 12 meses: 12,94%.

Jornada necessária para comprar a cesta básica: 118 horas e 43 minutos.

Produtos com altas em relação ao mês anterior: tomate (24,40%), farinha (7,72%),

arroz (5,95%), óleo (3,23%), feijão (1,91%), banana (1,63%), carne (0,94%), pão (0,73%), café (0,29%), açúcar (0,24%) e manteiga (0,18%).

Produtos com reduções em relação ao mês anterior: leite (-2,73%).

Produtos com alta de preços durante o ano de 2022: farinha (51,17%), leite (32,03%), banana (29,25%), pão (25,31%), feijão (23,94%), manteiga (16,96%), café (11,09%), arroz (8,13%), açúcar (5,26%), carne (4,96%) e óleo (4,47%).

Produtos com redução de preços durante o ano de 2022: tomate (-5,11%).

Percentual do salário mínimo líquido (R$ 1.121,10) para compra dos produtos da cesta básica na capital: 58,33%.

R$ 6.647,63 é o salário mínimo necessário para uma família com 4 pessoas, o que corresponde a 5,48 vezes o mínimo vigente, de R$ 1.212,00.

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